Z1: fintech investe em educação financeira e contas digitais voltadas para jovens

Educação financeira para jovens de até 18 anos — esse é foco da Z1. A fintech permite que adolescentes ou até mais novos, com a autorização dos responsáveis, criem uma conta digital e recebam um cartão de crédito para ter mais autonomia sobre suas finanças.

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Os sócios fundadores, João Pedro Thompson e Thiago Achatz, perceberam que o assunto não é abordado nas escolas, e nem em casa, porque os pais dessa geração também não tiveram educação financeira. “É uma lacuna importante para ser abordada”, conta Sophie Secaf, também fundadora da startup.

“A geração de jovens de hoje, chamada Z — daí o nome da empresa –, é autodidata, pragmática e busca independência financeira. Mas é uma ironia: a única geração que cresceu em mundo digital, com o celular como extensão do braço, não é muito familiarizada à economia digital. Muitos já trabalham, fazem alguns bicos. Não faz sentido que esses jovens já ativos financeiramente ainda mexam com o dinheiro em espécie”, conta Sophie.

“Então a gente quis resolver esse problema não só da educação financeira, mas também da inclusão, para facilitar um pouco a vida desse pessoal, e começar a aprender desde cedo sobre como controlar a grana”, acrescenta.

“Uma conta digital para adolescentes 100% gratuita e conectada a um cartão”, avisa o site da empresa. “Você, adolescente, no comando da sua vida financeira”, é o lema.

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A companhia também se inspirou em benchmarks que já existiam no mercado, especialmente no exterior. Apesar do modelo de negócios ter sido inspirado, a Z1, em si, não foi. Sophie explica que a fintech foi uma ideia estratégica dos sócios fundadores: “É um grande diferencial: a gente quer oferecer autonomia para esse adolescente.”

Ela completa: “Tudo que a gente faz é focado em falar com esse adolescente. A gente não se comunica com os pais: o jovem começa o processo de se inscrever no aplicativo e daí ele que tem que chamar os pais.”

Sophie diz ainda que a estratégia da Z1, diferente de outros players no mercado, é falar diretamente com o adolescente e não com seus responsáveis. “A gente também quer tratar os adolescentes como adultos. Afinal, eles já trabalham, podem ter suas economias. Buscam autonomia e independência. Nas nossas comunicações, nem falamos diretamente com os pais. É aí que está nosso grande diferencial e não nos inspiramos em ninguém.”

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Atualmente, a startup busca usar seus meios de comunicação para falar não apenas como marca: usa também influenciadores e criadores de conteúdo da geração Z, para falar com a própria geração Z.

Hoje, o cliente mais jovem da Z1 tem 8 anos. Apesar de as inscrições no aplicativo só serem permitidas para quem tem até 18, quando o cliente completa a maioridade, pode continuar usando a conta normalmente. A ideia da Z1 é que o jovem se torne um cliente para a vida toda. “As pessoas raramente mudam de banco e a gente quer melhorar cada vez mais nosso produto e acompanhar o crescimento desse adolescente também na vida adulta. A nossa ideia é adquirir esse cliente dez anos antes e ficar com ele pro resto da vida”, conta Sophie.

Segundo ela, por enquanto existe esse limite de idade porque a fintech acredita que é importante “focar muito pra fazer um produto excelente.”

Educação financeira e a Z1

Em relação ao papel da companhia na formação da educação financeira dos jovens, Sophie destaca que a Z1 já tem planos para levar para o aplicativo cada vez mais mecanismos que ensinam sobre finanças. A fintech tem trabalhado isso nas redes sociais.

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Sophie destaca ainda que a Z1 acredita na autonomia e na responsabilidade do adolescente para sua formação financeira. Pais e responsáveis não podem controlar a conta do filho, de modo a bloqueá-la ou saber onde o filho está gastando aquele dinheiro. “Se for para ensinar educação financeira, é preciso dar um voto de confiança para o jovem. Faz parte do aprendizado de como lidar com o dinheiro”, explica.

Os responsáveis têm um aplicativo em que conseguem ver o extrato da conta do adolescente. Mas não é possível que eles saibam onde aquele dinheiro está sendo gasto, ou que tenham algum controle sobre aquele montante. “Isso também faz parte da nossa estratégia de dar autonomia total para o adolescente e falar de igual pra igual com essa geração. É uma demanda forte deles”, ressalta Sophie.

Além disso, ela reforça que a fintech está competindo com o dinheiro em espécie. Quando os pais dão dinheiro em cédula para os filhos, na forma de uma mesada ou com contribuições eventuais, eles também não têm controle sobre como e onde aquele dinheiro é gasto. “Não queríamos criar nenhum mecanismo no âmbito digital que criasse um meio de controle que o dinheiro já não oferece”, afirma a cofundadora.

Assim, a fintech disponibiliza para os clientes um cartão apelidado carinhosamente de “crébito”, um pré-pago que pode ser usado como crédito – ou seja, só é possível gastar o dinheiro que está na conta. A ideia dessa função não é criar linha de crédito para um público que está começando a entender sobre dinheiro, mas tornar possível que eles comprem online, algo bem comum nessa geração.

Esse cartão tem a bandeira Mastercard e é aceito em diversos estabelecimentos, diz Sophie.

Há ainda o cartão virtual, que tem um número diferente do cartão físico, para gerar mais segurança e conforto aos usuários. Pelo aplicativo, também é possível colocar dinheiro na conta por meiol de Pix ou boleto.

Z1 chamou a atenção da Kaszek e recebeu aporte milionário

A Z1 cresce 30% a cada mês desde que começou a operar, em março de 2020, de acordo com Sophie. Para 2022, a previsão é de ser dez vezes maior do que é hoje.

A startup costumava cobrar uma taxa de R$ 10 por mês em que o cliente fazia alguma movimentação na sua conta. Mas, atendendo ao pedidos dos clientes e buscando fazer um produto cada vez mais democrático, todas as modalidades que existem na conta da Z1 são totalmente gratuitas, o que pode ajudar a companhia a crescer ainda mais de 30% por mês.

Essa mudança foi possível, principalmente pelo aporte da R$ 55 milhões da Kaszek, que receberam recentemente. Isso, porque essa taxa era a principal fonte de receita da Z1, mas eles continuam com a receita advinda da taxa interchange.

Sophie conta que esse aporte Série A da Kaszek, aconteceu em um momento em que a Z1 não estava buscando levantar dinheiro, mas a Kaszek achou o projeto interessante e foi atrás deles. “a gente tinha  planos de levantar no início do ano que vem e eles nos procuraram e nos convenceram a antecipar rodada”, detalha.

Além do aporte da Kaszek, a fintech já recebeu outros dois aportes: R$ 3,6 milhões em março de 2020, do fundo Maya Capital e; R$ 14 milhões em abril desse ano, em uma rodada liderada pelo fundo Homebrew, dos Estados Unidos.

Inclusão e diversidade na Z1

Além de educação financeira, a Z1 diz que também leva muito a sério a inclusão e a diversidade. É uma das metas de pioneirismo da empresa, além de ser a maior conta digital para a Geração Z.

Hoje, a companhia conta com mais de 20% de pessoas trans em seu quadro de funcionários, mais de 60% de pessoas negras e a proporção de mulheres é maior que a de homens. Sophie acrescenta que “a gente também olha pra esses cargos nas lideranças, porque não adianta nada só trabalhar a base.”

O processo seletivo da Z1, segundo ela, “não tem exigências que não condizem com essas injustiças estruturais da sociedade.  Não adianta nada, por exemplo, ter um processo seletivo focado em diversidade e inclusão, mas ter a obrigatoriedade de falar inglês. Estatisticamente, algumas pessoas não tiveram as mesmas oportunidades que outras.”

A Z1 tem hoje 70 funcionários: assim como pretende expandir a empresa, quer aumentar seu time. Por isso está com vagas abertas exclusivamente para pessoas menorizadas. O modelo da startup é 100% remoto, e por isso existem funcionários espalhados por todo o país.

Além dessa iniciativa, a Z1 tem um projeto de embaixadores, para o qual foram escolhidos cinco jovens ativistas da geração Z. Cada um deles representa uma causa. A fintech investe ainda em um projeto próprio de cada um desses ativistas. A ideia não é que eles façam propaganda da marca, mas que ocupe, essa lacuna de fomento à cultura.

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Laura Moutinho

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