Um estudo da XP Investimentos sobre a remuneração dos principais executivos de companhias imobiliárias mostrou um forte alinhamento de interesses entre a diretoria e os acionistas dessas empresas nos últimos anos.
De acordo com o levantamento feito nas empresas cobertas pela XP, o retorno médio dos acionistas prevaleceu sobre o crescimento da remuneração dos executivos.
A corretora destaca que, com base nos dados, o conselho de administração e os acionistas foram capazes de manter o compromisso dos executivos com a saúde da companhia no longo prazo.
“Embora as companhias possuam abordagens diferentes para seus planos de retenção e incentivos, em alguns casos com distribuição entre variável, fixo e baseado em ações, vemos a governança geral das companhias como positiva, reforçando nossa visão otimista para o setor imobiliário nos próximos anos”, diz em relatório assinado pelos analistas da XP Renan Manda e Lucas Hoon.
Equilíbrio entre acionistas e executivos
Para alinhar os interesses entre os acionistas e a alta administração, a pesquisa da XP comparou o retorno médio total para o acionista (desempenho das ações + dividendos) com o crescimento médio anual da remuneração individual média dos executivos. O período analisado foi de quatro anos.
De acordo com o gráfico, os destaques de maior desempenho de ações quando comparado aos aumentos salariais dos executivos ficaram com Trisul (TRIS3) e Even (EVEN3). Na outra ponta – de pior alinhamento – estão Multiplan (MULT3) e MRV (MRVE3).
“Em nossa opinião, um plano de remuneração bem elaborado deve criar um alinhamento de interesses de longo prazo, compartilhando não só o ônus em tempos desafiadores, mas também o bônus em períodos positivos”, pontuam os analistas em relatório da XP.
A corretora também ressalta que os resultados positivos são indicativos de que os acionistas e o conselho de administração estão atentos a potenciais conflitos de interesse e podem tomar medidas, se necessário, de modo a prevenir algum impacto na companhia e no seu valor.
Quanto vale x quanto eu pago
A pesquisa da XP também fez um recorte de quanto custa a remuneração total dos executivos de cada companhia comparado ao seu respectivo valor de mercado, como uma aproximação do “custo de gestão”.
Nesse ponto, a corretora faz duas observações importantes:
- Observamos que o “custo de gestão” da JHSF em 2018 foi excepcionalmente alto, não devido às altas remunerações, mas ao preço subvalorizado das ações.O preço de suas ações subiu mais de 300% em 2019, fechando parcialmente a diferença de avaliação (valuation) e atingindo níveis mais próximos dos preços atuais. Isso levou a uma diluição do custo de gerenciamento nos anos seguintes, aproximando-o à média dos pares.
- O mesmo ocorreu com a Tenda em 2018. Após a cisão da empresa com a Gafisa em meados de 2017 pelo seu valor contábil, as ações começaram a diminuir gradativamente a diferença de valuation com seus pares ao longo dos meses seguintes (incluindo 2018), o que levou a uma diluição significativa de seu custo de gestão nos anos seguintes.
Conclusão da XP
Ao concluir, os analistas da XP pontuam duas questões como de maior relevância após o balanço da pesquisa: i) um plano de remuneração equilibrado é fundamental para a governança positiva; e ii) definir as metas certas de desempenho é essencial para orientar os esforços dos executivos.
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