A XP Investimentos divulgou nesta terça-feira (9) que retirou da sua carteira de ações recomendadas para o mês de fevereiro a Via Varejo (VVAR3) para incluir a Lojas Americanas (LAME4). Ontem, no final da noite, a corretora divulgou relatórios com perspectivas para as principais empresas do setor varejista no Brasil.
Segundo os analistas da XP, a mudança na carteira se dá por uma atualização na visão sobre o área de e-commerce. “Apesar de ainda vermos potencial de valorização para as ações da VVAR3, entendemos que a companhia pode enfrentar obstáculos em seu processo de reestruturação decorrente de um ambiente competitivo mais acirrado em 2021”, afirmam.
Já a Lojas Americanas estaria mais bem posicionada para se consolidar na área, além de estar negociando em um valuation atrativo, com a relação entre o valor de mercado e o volume bruto de mercadorias (GMV) de uma vez em 2021 e 0,7 vez em 2022. A Via Varejo negocia, sobre esse mesmo dado, a 0,7 vez neste ano e a o,6 vez no próximo.
O Magazine Luiza estaria com seu preço atual e o seu valuation adequados, já precificando as recentes aquisições da empresa.
Para as companhias do varejo, a XP Investimentos estabeleceu a recomendação de compra para a Lojas Americanas, com preço-alvo em R$ 36 (antes R$ 44), e recomendação neutra para Magazine Luiza e Via Varejo, com os preços-alvo, respectivamente, em R$ 27 (de R$ 20 antes) e R$ 20 (de R$ 28 antes).
Via Varejo pode sofrer com ambiente mais competitivo
Para Danniela Eiger, Marco Nardini, Thiago Suedt e Marcella Ungaretti, a Via Varejo ainda está nos estágios iniciais de sua transformação digital. Apesar dos investimentos consideráveis feitos recentemente, como as aquisições do ASAPlog e banQi, e da tentativa de emplacar a mudança, a companhia deve sofrer com um cenário de mais competição.
“Já é difícil entregar um processo de reestruturação bem-sucedido, mas fazê-lo em um ambiente mais competitivo será ainda mais desafiador”, afirmam. As empresas do setor de varejo estariam investindo fortemente na oferta de serviços e, ainda por cima, diminuindo custos e lucros. Tudo isso dificultaria a execução dos planos.
A Lojas Americanas, por outro lado, tem uma maior capilaridade física, com 1,7 mil lojas em 754 cidades, e uma presença online mais consolidada. Há a perspectiva ainda, de acordo com os analistas da XP, de a Americanas incorporar a B2W (BTOW3), sua controlada, e expandir seus pontos de vendas presenciais para até 2,1 mil cidades.
A Americanas não estaria suscetível a tantos riscos em relação a competição com outras empresas do setor de varejo. Para ela, a XP vê como principal ameaça as restrições impostas para conter a covid-19, que podem manter os negócios fechados, e a inércia quanto a novas aquisições e fusões, algo que é esperado pelo mercado, e que já foi implementado nos preços das ações, após o follow on realizado no fim de 2020.
Magazine Luiza já tem avanços no setor digital precificados
Para os analistas da XP Investimentos, a Magazine Luiza (MGLU3) está no caminho certo para se tornar um ecossistema completo no e-commerce e que possui ainda espaço para crescer. A concorrência, entretanto, deve reduzir as margens e até mesmo desacelerar o meio digital.
Sobre as projeções, as vendas totais da Magazine Luzia, entretanto, devem avançar até 25% na base anual, impulsionado, principalmente, pelo crescimento inorgânico. Em 2020 foram nove aquisições, como, por exemplo, a da AiqFome e do Entrega Rápida. Além disso, houve o desenvolvimento da plataforma que permite que vendedores terceirizados negociem no marketplace da empresa.
Apesar disso, os analistas da XP veem a empresas com os preços atuais já refletindo as iniciativas do último ano, a 3,1 vez a relação do valor da empresa e o volume bruto de mercadorias. Para 2021 e 2022, a XP vê essa relação, sucessivamente, em 3,2 vezes e 2,5 vezes.
As 10h30, as ações preferenciais da Lojas Americanas caiam 0,94%, negociadas a R$ 24,29, os papéis ordinários da Via Varejo recuavam 0,26%, a R$ 15,18, e as da Magazine Luiza operavam neutras, a R$ 26,28. O ICON, principal índice da bolsa de empresas do setor de consumo, incluindo varejo, caia 0,47%.