A XP Investimentos, em relatório divulgado nesta segunda-feira (8), rebaixou sua recomendação para as ações ordinárias e preferencias da Petrobras (PETR4) de compra para neutra e os preços-alvo para R$ 32. Anteriormente, a projeção para os próximos 12 meses era que as ações ficariam em R$ 35.
Segundo os analistas da XP Investimentos Gabriel Francisco e Maira Maldonado, as alterações refletem, essencialmente, os riscos cada vez maiores à atual política de preços da Petrobras, em que os valores dos combustíveis produzidos pela estatal seguem o que é cobrado no mercado internacional.
Na sexta-feira (5), a Petrobras anunciou, em fato relevante, que alterou sua política de preços, com o prazo para cálculo do prêmio deixando de ser calculado trimestralmente para se tornar anual. A mudança teria acontecido no primeiro semestre de 2020 e o comunicado foi feito apenas após a agência de notícias Reuters divulgar informações sobre o tema.
A Petrobras afirma que a a não altera no fato de a companhia continuar adotando preços de acordo com aquilo que é cobrado no mercado internacional. Segundo a empresa, a decisão foi tomada apenas por conta da alta volatilidade do mercado internacional do petróleo e do câmbio. A estatal defende ainda que, após a alteração, já aplicou diversos reajustes.
A XP pontua que a Petrobras realmente não alterou sua frequência de reajustes, mas que a mudança é negativa em um cenário de maior volatilidade.
Petrobras não ter anunciado mudança levanta dúvidas
O fato da companhia ter escondido a mudança por tanto tempo do mercado, entretanto, foi visto com maus olhos. O entendido foi que a Petrobras se movimentou para evitar repassar a queda do valor do barril para o mercado interno brasileiro no segundo trimestre de 2020.
Além disso, o novo prazo de 12 meses implementado pela Petrobras foi visto como longo demais. A XP aponta que o preço cobrado pela estatal pelos combustíveis já poder estar atrás daquilo que é ofertado no mercado internacional.
“O problema é ainda mais preocupante quando se leva em conta que a Petrobras já deveria realizar reajustes significativos de preços de combustíveis para retornar à paridade de importação, sendo 20% para o diesel e 12% para a gasolina, e muito mais para manter as importações em níveis de paridade por uma janela de 12 meses.”, afirmam os analistas.
A XP vê ainda a Petrobras diminuindo suas margens de refino e tendo prejuízos para cobrir a demanda interna, principalmente no caso do diesel, o que deve ter impacto nos resultados e na geração de caixa. Além disso, a insegurança muda a tese de investimentos da companhia, uma vez que os resultados, e as ações, não devem mais acompanhar inteiramente as cotações do preço do petróleo.
Apesar da fala do presidente Jair Bolsonaro de que o governo nunca interferirá na companhia, os analistas veem poucas soluções para o curto prazo.
Com uma possível greve dos caminhoneiros em vista, se o governo diminuir impostos sobre os combustíveis para evitar o aumento dos preços, agradando, desta forma, a classe, o desconto seria o suficiente, apenas, para a Petrobras equiparar seus preços com aquilo que é cobrado no mercado externo.
Às 11h50, as ações preferenciais da Petrobras recuavam 0,50% na B3 (B3SA3), negociadas a R$ 28,88.