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Wirecard faz Alemanha reforçar regulamentação financeira

O presidente global da EY demonstrou a clientes por meio de uma carta seu "pesar" sobre as fraudes na fintech Wirecard.

O presidente global da EY demonstrou a clientes por meio de uma carta seu "pesar" sobre as fraudes na fintech Wirecard.

Pressionada pelo fracasso no policiamento das contas da Wirecard, o Ministério das Finanças da Alemanha anunciou, nesta sexta-feira (24), uma reforma da regulamentação financeira no país. O caso da fintech levantou questionamentos sobre a efetividade do órgão governamental em mitigar esse tipo de escândalo.

Segundo o ministério, o BaFin, regulador financeiro, deve estar equipado com “poderes soberanos” para intervir “direta e imediatamente” em empresas públicas, de acordo com os termos da reforma proposta. No caso da Wirecard, no entanto, o BaFin teria avisado o ministro de finanças alemão, Olaf Scholz, da manipulação de mercado praticada pela empresa.

“O BaFin deve ter o direito de realizar auditorias especiais em todas as empresas orientadas para o mercado de capitais, incluindo o direito de acessar informações de terceiros, a capacidade de realizar investigações forenses e o direito de informar o público sobre sua auditoria dos balanços anteriormente do que atualmente é o caso ”, disse o ministério.

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De acordo com o novo plano de ação, a APAS, órgão que supervisiona as empresas de auditoria do país, terá autonomia em impor sanções mais duras a infratores. Além disso, as empresas do país passariam a ter de trocar de auditoria a cada década.

Ademais, a reforma também propõe que o órgão de supervisão financeira da União Europeia (UE) se torne uma “Comissão de Valores Mobiliários da Europa”. A autarquia seria modelada com base na U.S. Securities and Exchange Comission (SEC) dos Estados Unidos, que possui poderes mais amplos para exigir informações das companhias de capital aberto.

Em junho, a Wirecard foi forçada a pedir insolvência após admitir que quase 2 bilhões de euros (cerca de R$ 12,10 bilhões), que a empresa dizia manter em caixa — provenientes de lucros auferidos — em dois bancos da Filipinas, provavelmente “não existiam”.

Com o escândalo, o então CEO da empresa, Markus Braun, foi preso pela polícia de Munique, acusado de “inflar o volume de vendas da Wirecard com recursos falsos”. A companhia, que chegou a ser avaliada em cerca de US$ 20 bilhões, atualmente tem as ações cotadas a menos de € 2.

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O caso levou a UE a investigar o BaFin pela não interceptação da fraude contábil, mesmo em meio à diversos relatórios de mídia especializada e analistas sobre suspeitas acerca dos números da fintech.

O caso da Wirecard também deve agitar os bastidores políticos da Alemanha. Olaf Scholz, acusado de ter conhecimento sobre os problemas com os balanços da empresa, é aliado da chanceler Angela Merkel — a qual teria feito lobby em nome da Wirecard junto a autoridades chinesas em setembro de 2019, segundo o jornal britânico “Financial Times”.

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