Wirecard: Novo administrador demite dois diretores e 730 funcionários
O novo administrador da Wirecard anunciou nesta terça-feira (25) o cancelamento dos contratos do CEO e dois outros diretores da empresa, ao mesmo tempo que demite 730 funcionários na sede da fintech alemã, na Bavaria.
As medidas tomadas seguem a decisão formal de um tribunal de Munique, na Alemanha, de dar início ao processo de insolvência de sete subsidiárias da Wirecard e transferir oficialmente os poderes de decisão dos diretores e executivos da empresa para o novo administrador.
A Wirecard, que valia até € 24 bilhões (cerca de R$ 156,50 bilhões) em seu auge, entrou em colapso em junho após a revelação de uma das maiores fraudes contábeis da Alemanha, incluindo a descoberta de que cerca de € 1,9 bilhão em dinheiro estava faltando em suas contas.
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O advogado Michael Jaffé, baseado em Munique, foi nomeado administrador interino no início de julho e, desde então, está trabalhando na preparação da empresa para ser vendida.
“A situação econômica da Wirecard era e é extremamente difícil dada a falta de liquidez e das conhecidas circunstâncias escandalosas”, disse Jaffé em um comunicado na terça-feira.
“As medidas usuais de reestruturação e ajuste de custos não são, portanto, suficientes, uma vez que uma situação de perda massiva não é viável a custo total no processo de insolvência”.
Centenas de funcionários da Wirecard em sua base em Aschheim, perto de Munique, no sul da Alemanha, foram informados por e-mail na noite de segunda-feira (24) que seriam “irrevogavelmente liberados” de seus contratos na terça-feira.
O administrador disse que “cortes abrangentes” são necessários para “tornar possível qualquer tipo de continuação”. Ele planeja reduzir o número de funcionários em seu escritório de Aschheim de 1.300 para 570, dos quais 220 estarão em sua subsidiária Wirecard Bank, que não faz parte da insolvência.
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Jaffé afirmou: “Paralelamente aos processos de liquidação, também estão sendo investigados os acontecimentos que levaram à insolvência. No entanto, tendo em vista o enorme volume de dados e transações de pagamento a serem verificados, a análise de qualquer processo resultante de ações fraudulentas levará algum tempo”.
A queda da Wirecard
Há um mês era a melhor entre as melhores 30 empresas cotadas na Alemanha. Mas hoje seu nome é ligado a destruição de um valor acionário entre 16 e 20 bilhões de euros (cerca de R$ 96 – 120 bilhões). É o escândalo Wirecard, o caso da maior fintech alemã, que abalou a confiança dos mercados europeus e provocou um terremoto econômico mundial.
Seu modelo de negócios, em resumo, parecia simples: garantir pagamentos online coletando um prêmio sobre os riscos. Mas, na verdade, a empresa acabou se envolvendo em uma série de crimes corporativos que levou a empresa a quebrar de forma repentina.
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Com a agravante que a Bundesanstalt für Finanzdienstleistungsaufsicht (Autoridade Federal de Supervisão Financeira, mais conhecida por sua abreviação BaFin), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) da Alemanha, demorou anos para perceber as irregularidades da Wirecard. Gerando uma série de dúvidas sobre sua capacidade de atuar na regulamentação do mercado de capitais alemão, e até acusações de incapacidade, omissão ou até cumplicidade com esses crimes.