No início da tarde dessa segunda-feira (4), os aplicativos do Facebook (FBOK34), que incluem o Instagram, Messenger e WhatsApp, saíram do ar e ainda não voltaram. O motivo da queda ainda não foi divulgado oficialmente. O Instagram e o Facebook relatam usuários, estariam retornando mas ainda apresentam instabilidade, após quase sete horas fora do ar.
A instabilidade também está afetando plataformas e serviços que usam o login do Facebook, como games. De acordo com reportagem do jornal New York Times, dois membros da equipe de segurança da companhia, que preferiram não se identificar, descartaram a possibilidade da queda do WhatsApp e dos outros aplicativos ter sido causada por um ataque cibernético. Segundo eles é improvável, já que seria difícil um hack afetar tantos aplicativos de uma vez.
Contudo, os especialistas de segurança da companhia continuam buscando a causa da queda do Instagram e dos outros aplicativos do Facebook, mas acreditam que o motivo foi uma configuração incorreta dos computadores servidores da companhia, de acordo com o jornal.
O porta-voz do Facebook, Andy Stone, usou a rede social concorrente, o Twitter, para explicar: “Estamos cientes de que algumas pessoas estão tendo problemas para acessar nossos aplicativos e produtos. Estamos trabalhando para que as coisas voltem ao normal o mais rápido possível e pedimos desculpas por qualquer inconveniente.”
Pouco antes das 17h, Mike Schroepfer, oficial-chefe de tecnologia do Facebook, também publicou um pedido de desculpas para os usuários impactados pelo que classificou como “erros de rede”.
A falha generalizada no acesso mostra para os usuários uma mensagem de erro no domain name system (DNS) – a tecnologia que liga o endereço usado para se chegar aos sites internet protocols (IPs) dos servidores correspondentes que hospedam o conteúdo das páginas. Esta não é a primeira vez que o grupo de serviços administrados pelo Facebook apresenta problemas. Em junho deste ano, uma interrupção semelhante aconteceu.
Na prática, é como se os números de telefone dos serviços do Facebook tivessem sido apagados da gigantesca agenda da internet. O gestor do DNS do Facebook e dos demais serviços é o próprio Facebook, o que pode significar que uma atualização malsucedida ou um erro grave nos principais servidores das redes sociais possa ter acontecido.
Possível causa
Para o professor de Ciência da Computação, Rodrigo Izidoro Tinini, do Centro Universitário FEI, o possível problema no DNS pode justificar a queda. Como um tradutor, o DNS (Domain Name System) transforma o endereço do site que buscamos em um código de busca na internet, relacionado ao seu domínio.
“O protocolo DNS associa nomes de domínio a endereços IPs. Se o serviço de DNS estiver indisponível e não for possível traduzir nomes de domínio para endereços IPs, não será possível endereçar nossas solicitações pela internet, o que nos impede de acessar sites e serviços. Em cenários em que vários serviços estão integrados em uma mesma plataforma, problemas nessa plataforma irão afetar todos os serviços integrados a ela”.
A possibilidade de um ataque hacker foi descartada por ora. “É difícil criminosos terem sucesso invadindo uma empresa como o Facebook, que está na vanguarda da tecnologia e não brinca com segurança digital”, diz Vivaldo José Breternitz, professor da faculdade de computação e informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Segundo duas fontes ouvidas pelo The New York Times, o Workplace, sistema de trabalho interno dos funcionários do Facebook, também está com problemas para acessar suas plataformas. Alguns funcionários estariam com dificuldades, inclusive, de acessar o prédio do Facebook, por não terem seus crachás reconhecidos.
Facebook: investigação
No momento da pane nos aplicativos da empresa, Antigone Davis, chefe de segurança do Facebook, estava em uma entrevista ao vivo para o canal americano CNBC. A executiva estava participando de um programa para falar sobre as pesquisas internas da companhia, que foram vazadas ao longo das últimas semanas, e defender os algoritmos que regiam as plataformas.
Desde que o jornal americano Wall Street Journal revelou apresentações de pesquisas do Facebook sobre saúde mental de adolescentes – e como a empresa tinha conhecimento de que seus algoritmos ajudavam em fatores como depressão e ansiedade – a companhia de Zuckerberg tem estado na linha de frente de um escândalo.
No último dia 30, Antigone foi até o senado prestar depoimento em uma investigação sobre a proteção de crianças nas redes sociais. Na próxima terça-feira, 5, quem vai comparecer à corte é Francis Hauger, ex-funcionária responsável pelo vazamento das pesquisas.
“Problemas técnicos prejudicam a imagem do Facebook, que está especialmente desgastada nessas últimas semanas. Essa queda é um arranhão na imagem do Facebook de superpoderoso da tecnologia, mas não creio que isso vá fazer os produtos do Facebook perderem força. No caso do WhatsApp, por exemplo, as pessoas já usam amplamente o aplicativo no Brasil, até para assuntos de trabalho, e não devem abandoná-lo tão rápido por outra plataforma. Até porque esse problemas similares de instabilidade acontecem com plataformas de todos os tipos, inclusive apps de bancos”, diz Breternitz.
Integração de plataformas
Em junho passado, houve uma queda de 10 minutos no WhatsApp e no Instagram. Antes, em março, os dois serviços e o Facebook, também ficaram fora do ar por cerca de 50 minutos. No ano passado, as últimas instabilidades foram reportadas em julho e setembro de 2020. Antes disso, em maio, uma falha centralizada na América Latina impossibilitou a execução de funções básicas como envio de mensagens, comentários e realização de publicações nos três serviços. Em março daquele ano, as redes sociais do grupo chegaram a ficar fora do ar por quase 24 horas depois de mudanças nas configurações dos servidores da companhia.
Com a maior integração entre as três plataformas, é comum que todos os serviços da empresa passem por instabilidade de maneira conjunta.
Entre especialistas, corre a especulação de que parte dos problemas frequentes tem sido causados pelo plano de integração entre WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger, que foi anunciado em janeiro de 2019 e que teve início em 30 de setembro de 2020 com a integração do Facebook Messenger e Instagram. O recurso irá permitir que as pessoas se comuniquem de um mensageiro para o outro, sem trocar de aplicativo.
O Instagram também busca estar mais integrado ao WhatsApp. O aplicativo já testa um botão que levará o usuário diretamente a uma conversa no WhatsApp. Antes, o Instagram permitia que os usuários conversassem apenas dentro do próprio app, por mensagem direta. Anúncios do Instagram também terão integração com o WhatsApp.
Além do porta-voz da companhia, os usuários dos aplicativos foram até o Twitter comentar sobre o ocorrido.
jogador de whatsApp: eliminado
jogador de instagram: eliminado
jogador de facebook: eliminado
jogador de twitter telegram passou de rodada pic.twitter.com/XDJBOH6I0V— Nanda Vieira (@Fe_nananda) October 4, 2021
Enquanto o motivo da queda do WhatsApp estava sendo investigado, a queda das ações do Facebook (Nasdaq: FB) era de 4,89%, valendo US$ 326,23. Fecharam com queda de 7%.
Segundo os números da Nasdaq – a bolsa de valores do mercado de tecnologia -, o Facebook perdeu cerca de 5,34% de valor de mercado até o momento com a falha. Isso equivale a cerca de US$ 50 bilhões – o valor total estimado da rede social Twitter. As ações do Facebook estão cotadas no momento a US$ 326,23.
Zuckerberg perde bilhões com queda do WhatsApp
Ainda nesta segunda-feira, Mark Zuckerberg chegou a perder cerca de US$ 6 bilhões e agora ocupa a sexta posição entre as pessoas mais ricas do mundo, de acordo com o ranking de bilionários em tempo real da revista Forbes.
A fortuna de Zuckerberg agora está avaliada em US$ 116,8 bilhões, de acordo com a revista. A queda da fortuna ocorre em meio a queda das ações do Facebook com o WhatsApp, Instagram e outros aplicativos da companhia fora do ar.
(Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo)