WeWork: FII RCRB11 vai entrar com ação de despejo em SP
WeWork deve três meses de aluguel e propôs redução de valor, proposta recusada pela Rio Bravo, gestora do fundo RCRB11.
O fundo imobiliário RCRB11 vai entrar com ação de despejo contra a WeWork, empresa de gestão de espaços de coworking, que está com três meses de inadimplência nos espaços ocupados no edifício Girassol 555, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
Em fato relevante divulgado na noite de quarta-feira (21), o RCRB11, que detém 34,81% da propriedade do prédio, informou que realizou uma reunião no começo de agosto para chegar a um acordo com a empresa, sem sucesso, e que havia dado prazo até terça-feira, dia 20, para a regularização dos valores em atraso, o que não aconteceu.
Além da ação de despejo, com pedido liminar para desocupação imediata, visando a rápida liberação do Imóvel, o FII RCRB11 e os demais proprietários vão entrar com um pedido de Execução de Título Extrajudicial, a fim de receber os aluguéis em atraso da WeWork, com multa e juros, referentes aos meses de maio, junho e julho, com vencimento no dia 15 do mês seguinte.
A proposta da WeWork, segundo a Rio Bravo, gestora do RCRB11, foi rejeitada por ser “muito aquém da qualidade do ativo”. A empresa, que ocupa todo o edifício, sugeria desmembrar o contrato entre os blocos do edifício, com a entrega de um deles sem pagamento de multa; redução dos valores de aluguel; e projetar a mudança do contrato de locação para um dos blocos, alterando de aluguel tradicional para revenue share, ou seja, participação no seu faturamento líquido.
FII vê boas condições para o imóvel
A gestora do fundo imobiliário RCRB11 acredita que o imóvel Girassol 555 tem bom potencial, pois está localizado em uma das áreas mais valorizadas de São Paulo. “Nosso foco é proteger os cotistas do fundo, agindo rapidamente para minimizar os impactos financeiros”, ressalta Anita Scal, sócia-diretora da Rio Bravo.
Ela destaca que há interesse de grandes empresas tecnológicas pela região, o que facilita a recolocação do imóvel no mercado. Por ora, a inadimplência da WeWork vem impactando o guidance de dividendos do RCRB11, que era de R$ 0,99 por cota para o segundo semestre e ficou em R$ 0,91 em agosto.
Com patrimônio líquido de R$ 756 milhões, o equivalente a R$ 204,86 por cota, o RCRB11 conseguiu reduzir sua vacância geral de 34,4% para 1,4% em 30 meses, com 100% de ocupação do seu principal ativo, o edifício Bravo Paulista, com a implementação da estratégia Plug and Play, que oferece espaços de escritório sob medida e mobiliados, facilitando a instalação imediata dos locatários do fundo imobiliário.
WeWork tem outras dívidas com FIIs e empresas
Além do RCRB11, pelo menos outros cinco fundos imobiliários já relataram inadimplência da WeWork: VINO11, SARE11, TRNT11, VVMR11 e VGRI11. Em nota enviada à reportagem no começo da semana, a empresa informou que os atrasos tinham a intenção de “acelerar as conversas para chegar a resoluções mutuamente benéficas e que estejam mais bem alinhadas com as condições atuais do mercado”.
A assessoria de imprensa da gestora de coworkings foi procurada novamente na manhã desta quinta-feira (22) para comentar a possível ação de despejo, mas ainda não se posicionou. Na semana passada, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a aquisição de 49,9% de participação na WeWork brasileira pela norte-americana SLA WW, que pertence ao SoftBank Group, do Japão.