A venda da Innomotics, parte da Siemens do segmento de acionamentos e motores de média tensão, pode ser uma oportunidade de expansão para a Weg (WEGE3), avaliam analistas do BTG Pactual.
Nesta semana, a Reuters publicou a notícia da venda da Siemens da divisão para a KPS Capital Partners por 3 bilhões de euros. O acordo deverá ser anunciado até esta quinta-feira (16), coincidindo com a divulgação dos resultados financeiros da Siemens.
Enquanto aumenta sua presença em segmentos de alta tecnologia, a Siemens vem dando sinais desde 2022 sobre reduzir sua exposição no segmento de baixa tensão e acionamentos, segundo o BTG Pactual.
“Para a WEGE3, a redução da presença da Siemens representa uma oportunidade para expandir sua participação de mercado”, comentam analistas do banco.
Em resposta, a Siemens contrapõe que a venda da Innomotics não representa a saída da companhia do segmento de acionamentos e motores. “A empresa segue operando soluções de acionamento e motores para baixa tensão, segmento no qual vem ganhando cada vez mais espaço e relevância no mercado,” afirmou a assessoria ao Suno Notícias.
Segundo a companhia, “a Siemens segue inovando em seu portfólio de drives para atender as necessidades de todas as aplicações da indústria”.
A avaliação da WEGE3 no BTG, portanto, permanece neutra por enquanto, com preço-alvo a R$ 50,00. Atualmente as ações são negociadas na casa dos R$ 39,00.
*Nota: o comentário da Siemens foi adicionado em 23 de maio, dois dias após a publicação original da matéria (21/05), que se baseou exclusivamente no relatório do BTG Pactual.
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Quem ganha com a saída da Siemens nos acionamentos de média tensão?
Desde o anúncio da separação da Innomotics, concluída em novembro de 2023, os investidores têm especulado sobre potenciais compradores, como os grandes players de motores ABB, Weg, Nidec e Wolong.
“A ABB seria uma opção adequada de alta qualidade, embora o acordo possa enfrentar escrutínio antitruste em várias regiões”, escrevem Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcelo Arazi, analistas do BTG.
Para a Weg, a Innomotics proporcionaria exposição aos mercados da EMEA e APAC, onde a posição da empresa é relativamente mais fraca.
No entanto, a recente negociação da Weg com a Regal representa desafios de execução ao gerenciar duas grandes aquisições simultaneamente.
“Vemos a estratégia de fabricação da Weg como fundamentalmente diferente da estratégia da Siemens, com a empresa brasileira buscando ativamente oportunidades de verticalização. Essa estratégia permitiu à Weg ganhar participação de mercado quando os concorrentes enfrentaram problemas na cadeia de suprimentos durante a pandemia”, afirma relatório do BTG.
Por isso, os analistas consideram que esse ganho de participação de mercado é estrutural, com a oportunidade da Weg preencher o espaço deixado por players como a Siemens.
“Entre os principais concorrentes da Weg, vemos a empresa chinesa Wolong como o principal, pois ela espelha os pontos fortes da empresa brasileira na verticalização de fabricação pesada e na competitividade de produtos”, completam os analistas.