Weg (WEGE3): analistas veem boa gestão, mas papel esticado reforça precaução
Um das empresas mais cobiçadas da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), a Weg (WEGE3) é tema de debate entre agentes do mercado financeiro. Afinal, comprar ou não comprar as ações de uma empresa exemplar, mas que, atualmente, é negociada a patamares elevados?
Só nos últimos doze meses, as ações da Weg subiram 158%. A alta, que demonstra o otimismo dos agentes do mercado financeiro para com o papel, também expõe alguns dilemas.
De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, apesar de a empresa ser considerada exemplar, o valuation da WEG no atual preço das ações faz com que ela deixe de ser atrativa.
Enquanto a GTI Investimentos mantém uma posição vendida (esperando a queda do preço das ações para lucrar), a Equitas prefere ficar de fora. O motivo é o mesmo: o valuation atual.
“Não justifica uma empresa industrial negociar a 71 x lucro ou 52x Ev/Ebitda”, disse Rodrigo Glatt, gestor da GTI Investimentos.
Segundo o gestor, apenas uma disrupção a lá Tesla, que vem negociando em patamares elevados, justificaria um valor de mercado deste tamanho da WEG neste momento.
“Não há nada q justifique esse valuation. Apenas o mercado considerar a empresa uma derivada da Tesla”, completou.
WEG como posição vendida? Não pra tanto
Se a GTI permanece vendida em WEG, a Equitas não vai ao extremo. Apesar de a gestora achar a WEG um case de sucesso na Bolsa, os gestores optaram por não alocar recurso algum na empresa de Santa Catarina graças ao preço atual.
“A empresa é muito boa, nós gostamos muito. Mas nos preços atuais, está embutido uma aceleração forte do crescimento histórico que é algo que a gente ainda tem dúvidas”, afirmou Sérgio Omati, analista da Equitas.
Segundo a análise de Omati, a crise causada pelo novo coronavírus (covid-19) deve começar a afetar a geração de lucro no chamado ciclo longo da empresa, que conseguiu passar incólume até agora.
O ciclo longo das operações da Weg refere-se a projetos para indústrias relevantes como mineração, papel e celulose, água e saneamento e óleo e gás, assim como área de transmissão e distribuição
“Mais para frente, alguns segmentos que desaceleraram, com mineração, óleo e gás, petróleo, e isso já se refletiu em uma entrada de pedidos de ciclo longo. A empresa é forte em conseguir se adaptar, ela consegue compensar. Então é bem possível que ela consiga, mesmo com a desaceleração, manter um crescimento de razoável de receita”, disse.
“O problema é que nos múltiplos atuais eles preveem um crescimento a mais do que o histórico e esse é o nosso desconforto com o case“, afirmou o gestor.
Além disso, com o atual valuation, o mercado espera alguma disrupção da empresa que, apesar de estar exposta a segmentos de mercado capazes, como indústria 4.0 e energias renováveis, é difícil de projetar que irá realmente ocorrer.
“A gente acha que o valuation está esticado, está alto e precificando alguma disrupção que ela pode conseguir. O problema é que é difícil entender se isso realmente pode ocorrer”, completou Sérgio Omati sobre a Weg.