O governo lançou nesta semana um plano para a indústria brasileira que prevê R$ 300 bilhões em financiamentos e subsídios ao setor até 2026. Para a XP Investimentos, a Weg (WEGE3) deve ser a grande beneficiada pelo programa.
“Vemos o plano do governo para a indústria seguindo tendências do setor, como digitalização, descarbonização e mobilidade limpa, com objetivos específicos de promover conteúdo nacional em cadeias produtivas, como ônibus elétricos e energias renováveis”, diz a XP.
Com isso, os analistas afirmam que a WEG (WEGE3) deve ser a mais impactada, se beneficiando de várias iniciativas (ônibus elétricos, automação industrial, energia limpa).
A XP destaca as metas do governo em aumentar em +25p.p. a participação da indústria brasileira na cadeia de ônibus elétricos; o objetivo de transformar digitalmente 90% das empresas industriais brasileiras, bem como os recursos “não reembolsáveis” para geração de energia renovável.
“Notamos implicações positivas (diretas ou indiretas) para as empresas da nossa coberturas. Para a Weg, vemos a empresa potencialmente se beneficiando de múltiplas iniciativas (ônibus elétricos, automação industrial, energia limpa)”, observa o relatório.
Fora a Weg, a corretora ainda aponta que empresas de Autopeças como Marcopolo (POMO3), Randon (RAPT4) e Tupy (TUPY3) e Aeris (AERI3) também devem ser favorecidas.
Plano para a indústria: R$ 300 bi acentuam receio com fiscal
O governo lançou nesta segunda-feira, 22, um plano para a indústria brasileira, marcado pela defesa e incentivo, por parte da ala mais desenvolvimentista, do poder de indução do Estado na economia – sobretudo em áreas estratégicas, como a agenda verde.
Batizado de Nova Indústria Brasil, o pacote reedita políticas de antigas gestões petistas ao prever R$ 300 bilhões em financiamentos e subsídios ao setor até 2026, além de uma política de obras e compras públicas com incentivo ao conteúdo local (exigência de compra de fornecedores brasileiros).
Economistas são críticos ao formato do plano, e apontam para a volta da política de estímulo à industrialização iniciado no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que priorizou empresas de setores específicos na chamada política de “campeãs nacionais”. O anúncio teve também impacto no mercado, contribuindo para a queda de 0,81% do Ibovespa, principal índice da Bolsa, e a alta de 1,23% do dólar (a R$ 4,98). Analistas falaram em risco de agravamento do quadro fiscal, no momento em que a meta da equipe econômica de fechar as contas deste ano com déficit zero já é vista com desconfiança.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, rebateu as críticas e defendeu a volta do investimento estatal, alegando que outros países também estão nessa trilha, enquanto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, citou uma “criminalização” ao apoio do governo para o desenvolvimento industrial. “Qual nação desenvolvida não está fazendo isso hoje em dia?”, questionou.
Duas ausências chamaram quase tanta atenção quanto as cifras bilionárias: Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento. Os dois ministros, de perfil mais fiscalista, ficaram debruçados sobre os números do Orçamento de 2024 – sancionado por Lula ontem, no último dia do prazo. Uma reunião com o ministra do Planejamento fez com que Lula e Costa chegassem quase uma hora atrasados ao evento. Ao fim, o presidente afirmou que eles tiveram “uma discussão ruim sobre coisas boas”. Lula afirmou que os R$ 300 bilhões são um “alento” para a indústria “dar um salto de qualidade”. “O nosso problema era dinheiro. Se dinheiro não é problema, então, nós temos de resolver as coisas com muito mais facilidade”, disse Lula, ao cobrar os ministros para que apresentem resultados.
Como é o plano que prevê R$ 300 bi em financiamento e subsídios à indústria
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta segunda-feira, 22, um plano de estímulo à indústria brasileira, que enfrenta um quadro crônico de estagnação e perda de competitividade. Batizado de Nova Indústria Brasil, o pacote reedita políticas de antigas gestões petistas ao prever R$ 300 bilhões em financiamentos e subsídios ao setor, até 2026, além de uma política de obras e compras públicas, com incentivo ao conteúdo local (exigência de compra de fornecedores brasileiros).
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lidera a iniciativa, mobilizando R$ 250 bilhões dos R$ 300 bilhões previstos em créditos ao setor produtivo. Desse total, R$ 77,5 bilhões já foram aprovados em 2023, sendo R$ 67 bilhões do banco de fomento e R$ 10,5 bilhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que administra o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Uma das linhas já disponíveis é o Programa Mais Inovação, que concede crédito cobrando a variação da Taxa Referencial mais um adicional de 2%. Segundo o Palácio do Planalto, trata-se dos “menores juros já aplicados para financiamento à inovação no País”. Outros R$ 20 bilhões serão concedidos exclusivamente pelo Finep, por meio de recursos não-reembolsáveis, ou seja, que não precisam ser devolvidos e que serão distribuídos via chamadas públicas e editais.
No evento, Lula afirmou que os R$ 300 bilhões são um “alento” para a indústria “dar um salto de qualidade”. “É muito importante para o Brasil que a gente volte a ter uma política industrial inovadora, totalmente digitalizada, como o mundo exige hoje, e que a gente possa superar de uma vez por todas esse problema de o Brasil nunca ser um país definitivamente grande e desenvolvido”, afirmou o presidente.
“O nosso problema era dinheiro. Se dinheiro não é problema, então nós temos que resolver as coisas com muito mais facilidade”, disse Lula, ao cobrar os ministros para que apresentem resultados pelo novo programa. A fala do presidente chama a atenção num contexto de grande incerteza em relação ao cumprimento da meta de déficit zero neste ano, com a equipe econômica debruçada sobre o Orçamento, que precisa ser sancionado até esta segunda-feira, 22.
“Muitas vezes, para que o Brasil se torne competitivo, tem que financiar algumas das coisas que ele quer exportar. A gente não pode agir como a gente sempre agiu, achando que todo mundo é obrigado a gostar do Brasil e que todo mundo vai comprar no Brasil sem que a gente cumpra com as nossas obrigações. O debate a nível de mercado internacional é muito competitivo, é uma guerra”, disse Lula.
“Muita gente fala em livre mercado quando é para vender, mas, quando é para comprar, protege o seu mercado como ninguém”, complementou o presidente.
Economistas, porém, são críticos ao formato do novo plano e veem um “vale a pena ver de novo”. Em entrevista ao Estadão, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, afirmou que a política é uma “velha roupagem de coisas que a gente já conhece: uma velha política industrial baseada em usar recursos” públicos.
Vale se refere à política de estímulo à industrialização iniciado no segundo mandato de Lula, que elegeu empresas de setores específicos na chamada política de campeãs nacionais. Além disso, concedeu crédito subsidiado, via BNDES, para compra de máquinas e caminhões e exigiu conteúdo local nas contratações feitas pela Petrobras (PETR4).
Weg está sendo negociada com prêmio de 60%
Em novo relatório sobre a Weg (WEGE3), analistas do Itaú BBA destacaram que, no valuation atual, a companhia está sendo negociada em um patamar de preço substancialmente menor do que seus pares globais.
Os especialistas destacam que desde meados de outubro de 2023, as ações da Weg só ficam à frente da Nidec, ao passo que outros pares globais como ABB e Siemens possuem uma disparidade relevante.
“A queda das taxas no mercado externo desencadearam o desempenho positivo para Weg, ABB e Siemens a partir do final de outubro”, diz o BBA.
“Enquanto isso, o consenso final de 2024 para a Weg não mudou no último mês (continua 11% acima da nossa estimativa), apesar dos sinais de desaceleração do crescimento futuro acompanhado de margens em queda, taxas de imposto mais elevadas e a consolidação da Regal Rexnord que ocorrerá no 2T24”, completa.
Com isso, as ações WEGE3 negociam com um prêmio substancial de 60% em relação aos pares globais e 50% em relação aos “nomes locais de alta qualidade”, ressaltam os analistas.
Desempenho anual das ações da WEG
Cotação WEGE3