Mercado FInanceiro

Suno Notícias

18 de abril, 2023

Os bancos brasileiros vão sofrer com a crise internacional?

Nas últimas semanas, problemas financeiros dos bancos foram suficientes para ‘tirar o sono’ do mercado financeiro com a crise de alguns bancos importantes no exterior. 

No geral, tivemos uma crise severa de credibilidade após a falência do Silicon Valley Bank (SVB) nos EUA e da derrocada do Credit Suisse.

Essa crise dos bancos vai afetar o setor no Brasil? De acordo com os especialistas consultados pelo Suno Notícias, o setor bancário brasileiro não vai "sangrar". 

Apesar da inadimplência estar em patamares relativamente altos no Brasil, os especialistas destacam que o teor de concentração e o caráter regulatório do setor bancário do país devem ser suficientes para frear uma crise de crédito.

Matheus Guimarães, analista do setor financeiro da XP disse: “É óbvio que todo esse caos lá fora traz mais preocupação, mas, quando olhamos para a operação dos bancos [brasileiros], vemos um cenário saudável; achamos que está bem adequado em termos de alocação de títulos”. 

Já o Welliam Wang, head de renda variável da AZ Quest e gestor do AZ Quest Top Long Biased, disse que está cauteloso em relação ao setor de crédito bancário.

O gestor da AZ Quest disse que na parte de corporate, ele vê muitas empresas alavancadas e com um custo de dívida que só sobe. No varejo, por exemplo, "você sofre duplamente, porque além da dívida mais cara o ciclo de consumo piora com juros nesse patamar”, comenta o especialista. 

Os patamares de inadimplência, citados pelos especialistas, mostram um cenário relativamente alto de endividamento das famílias. A maioria dos gestores, aliás, só espera um recuo na inadimplência durante o segundo semestre deste ano.

Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), em março a proporção de famílias brasileiras endividadas cresceu 0,3 ponto porcentual (p.p.) em fevereiro ante janeiro, para 78,3%, após dois meses de estabilidade.

Esse cenário foi suficiente para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) cortar a projeção das carteiras de crédito de 8,3% para 7,9%.

Neste caso, a questão da crise internacional incomada menos que o próprio cenário de juros elevados no país.