Confira como o documento do BC muda a expectativa do mercado

Ata do Copom

A Ata do Copom sinalizou uma preocupação extra do BC com a política fiscal do país, que poderia impactar a inflação.  Além disso, surpreendeu os analistas com a ausência de sinalização da magnitude dos próximos ajustes.

 

Repórter: Eduardo Vargas 

O documento apontou para o descumprimento da meta de inflação em 2022, precificando o IPCA deste ano em 5,4%.

"O Copom alerta para o risco de se adotarem políticas fiscais que tenham como objetivo conter a inflação de curto prazo, mas que no médio e longo prazos podem ter o efeito oposto", observa Leandro Vasconcellos,  sócio da BRA.

Veja os principais pontos do documento do BC: 1. O aperto monetário nos EUA cria condições mais difíceis para emergentes 2. Ligeira da atividade brasileira no final de 2021; 3. Persistência da inflação no Brasil segue alta; 4. Um risco baixista para a inflação é uma queda nos preços das commodities em reais;

Veja os principais pontos do documento do BC: 5. Os riscos de alta são as atuais políticas fiscais, que podem dar impulsos adicionais à demanda agregada e deteriorar a trajetória fiscal. 6. O aperto monetário deve avançar significativamente em território contracionista; 7. Sinalização de desaceleração do ritmo de alta é 'adequada', mas pode ser ajustada para garantir a convergência da inflação para a meta

"O tom mais hawkish da ata do Copom pesou sobre os negócios no mercado acionário e forçou para cima os juros futuros. Isto, por sua vez, trouxe impacto sobre ações mais sensíveis aos juros, como as empresas de tecnologia", analisa o economista Alexsandro Nishimura.

"O documento foi ainda mais incisivo ao dizer que possíveis intervenções fiscais que reduzam o IPCA no curto prazo podem aumentar o prêmio de risco do país, o que atua como fator de pressão altista para a condução da Selic", comenta.

Essa comunicação 'rígida' da autoridade deve afetar novas projeções para a Selic, ainda em ciclo altista - que deve se estender até o fim do ano, segundo o consenso do mercado.

Com a mudança de tom do BC, o Bank of America (BofA) vê uma comunicação mais "intensa" e que o caminho para ancorar mais uma vez as expectativas de inflação deve ocasionar uma alta de juros para o patamar de 12,2% em maio.

"Dados os sinais de hoje, esperamos agora que o BC suba a Selic mais duas vezes, mas desacelerando o ritmo. Em março, deve subir 100bps, seguido por uma alta final de 50bps em maio. Mantemos nossa projeção para o ano de 2023 em 9,5%", projeta o BofA.

Com a Ata do Copom em mãos, os economistas afirmam ainda não terem clareza do que será o "processo mais apertado" citado pela autoridade monetária 

Isso poderia levar a uma taxa Selic mais alta, seguida de cortes, ou ao mesmo nível final previsto com um ciclo de flexibilização adiado do cenário de referência.