Ícone do site Suno Notícias

Volta de Lula ao governo coloca em xeque projetos de privatizações em andamento

Lula poderá revogar Lei das Estatais, diz consultoria

Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Ricardo Stuckert

Uma das promessas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha foi o fim das privatizações. Com essa decisão, seis processos de desestatização que vinham sendo tocados pelo PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) estão em xeque.

Segundo um levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo, os projetos que encontram-se nesta sinuca de bico atualmente são:

De acordo com os economistas ouvidos pela reportagem, o fim das privatizações pode ter impacto na situação fiscal do país. Além disso, as estatais dependentes, aquelas que precisam de recursos públicos para sobreviver, consumiram R$ 21 bilhões do orçamento do ano passado.

A privatização da Emgea, responsável pela recuperação de créditos da União, é a mais avançada entre as companhias citadas e aguarda acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU).

As privatizações dos Correios e do porto de Santos já cumpriram a etapa de consultas públicas, e essas iniciativas são as mais relevantes do pacote.

Contudo, uma das promessas de Lula é a suspensão da privatização da empresa nacional de entregas. Paulo Bernardo, ex-ministro das Comunicações e membro da equipe de transição, sugeriu que esse projeto seja encerrado “logo na saída”.

No caso do maior porto do país, uma das ideias do governo petista é autorizar somente a privatização do acesso ao canal, e não de toda a infraestrutura, que engloba o porto em si e o canal.

Especialistas opinam sobre fim das privatizações

Na visão de Henrique Meirelles, ex-ministro de Fazenda, as privatizações deveriam respeitar critérios pragmáticos. “O Estado não tem recurso, na medida em que está em déficit e tem dívida elevada, para financiar todas as estatais e as obras de infraestrutura”, argumentou o ex-presidente do Banco Central.

Além disso, o ministro explicou que a necessidade de eventuais aportes ou gastos adicionais nessas companhias pode pressionar ainda mais as taxas de juros, tendo em vista que essa movimentação aumenta a necessidade de financiamento do Tesouro.

Elena Landau, uma das responsáveis pelos programas de privatizações dos governos dos presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, questionou a ausência de planos para as empresas estatais dependentes.

“É ruim a possibilidade de manter empresas que não têm viabilidade, que são dependentes do Tesouro, concorrem no orçamento primário e não devolvem serviço à sociedade como a Valec ou a Telebrás”, comentou a economista.

Para ela, “tem um grupo de empresas que o governo deveria ou vender ou fundir, porque não cumprem papel nenhum”. Atualmente, existem 18 empresas deste tipo, que poderiam ser alvo das privatizações ou de fusões, na visão da economista.

Sair da versão mobile