Pouco mais de um mês após paralisar a produção por dez dias, a Volkswagen volta a suspender atividades na fábrica de São José dos Pinhais (PR) a partir do dia 10 de abril. A fabricante havia retornado as atividades no dia 7 de março e agora fará uma nova para, desta vez de 20 dias, pela falta de componentes para o T-Cross, único modelo feito na unidade.
Esta é quinta vez que a marca alemã anuncia paralisações e coloca trabalhadores da linha de produção em férias coletivas num período de dois meses. O grupo Volkswagen já havia anunciado no fim de fevereiro e início de março paradas nas fábricas de São Bernardo do Campo, São Carlos e Taubaté, todas em São Paulo, e do Paraná, que terá as operações suspensas mais uma vez.
“Os dias de parada já estavam programados desde o ano passado e fazem parte da estratégia da montadora de flexibilização nos processos produtivos devido à oscilação no fornecimento de componentes”, justificou a Volkswagen em nota.
Ontem, o novo presidente da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, havia dito que não havia paradas previstas para o curto prazo.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região informou que o maior problema é a falta de peças, “mas também teve uma baixa na produção”. Segundo a entidade, entrarão em férias coletivas cerca de 2 mil dos 2,2 mil trabalhadores da fábrica.
Outras montadoras
Outras montadoras de automóveis anunciaram paradas neste mês, mas em razão da queda de demanda — problema que chegou também ao setor de caminhões. A Mercedes-Benz afirmou que está adotando férias coletivas de um mês em algumas áreas das fábricas de São Bernardo e de Juiz de Fora (MG), sem detalhar números. Eles ficarão em casa por um mês a partir de 3 de abril.
A empresa alegou necessidade de ajuste no programa de produção para da adequação dos volumes de vendas do mercado de veículos comerciais. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, estão envolvidos 300 funcionários na fábrica do ABC paulista. Ao todo, trabalham na unidade 8 mil funcionários, sendo 6 mil na área produtiva.
O diretor-executivo da entidade, Aroaldo da Silva, disse que houve antecipação de compras em 2022 em razão da mudança da tecnologia dos caminhões para adaptá-los à regulamentação de emissões chamada de Euro 6, que encareceu os preços dos veículos.
“Tivemos também complicadores macroeconômicas de forma geral, mas principalmente para o financiamento dos caminhões, porque é preciso aprimorar a linha de crédito para o Euro 6, além dos juros altos”, afirmou Silva.
No caso da Scania, não foram divulgados números de contratos suspensos. Em nota, a Scania informou apenas que “fará uso do seu Acordo de Flexibilidade com o Sistema Único de Representação (SUR) dos colaboradores para ajustes no volume de produção e não renovará parte dos contratos de trabalho vigentes até o mês de abril de 2023”.
O vice-presidente do sindicato, Carlos Caramelo, avaliou que os desligamentos são reflexos da falta de financiamentos, agravada pela falta de peças e das altas taxas de juros que reduzem o consumo e, em consequência, a produção.
Com informações de Estadão Conteúdo