Quem nunca pensou em ganhar na loteria e viver apenas dos juros, sem ter preocupações com trabalho, salário, etc., que atire a primeira pedra. Ter uma renda passiva com a qual, nós, meros mortais possamos ganhar dinheiro sem necessariamente trabalhar faz a cabeça de muita gente, certo? O que pouca gente sabe, no entanto, é que apostando em ativos geradores de renda por meio de uma estratégia de longo prazo, a opção por viver de dividendos pode ser real.
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Essa possibilidade de viver de dividendos passa por alguns caminhos que o SUNO Notícias irá mostrar. De forma resumida, ela pode ser uma estratégia para aumentar a renda passiva por meio de ações ou fundos imobiliários que paguem proventos, principalmente dividendos e Juros sobre Capital Próprio.
Como nem todo sonho é fácil de se conseguir, tal estratégia requer um plano de investimentos em renda variável e, também, paciência, de acordo com especialistas.
“Faz sentido investir pensando nos proventos até como forma de você ter uma aposentadoria ou uma renda extra”, disse Gabriel Ribeiro, analista da Necton. Por isso, segundo Ribeiro, é essencial a escolha de empresas certas. “A tendência da maioria das empresas é que, conforme ela cresce e ganha mercado, pague mais dividendos distribuindo o lucro para os acionistas”, afirmou.
Para o especialista em renda variável da SUNO Research, Felipe Tadewald, os proventos distribuídos por tais empresas podem ser utilizados como forma de gerar uma renda adicional ao trabalhador ou aposentado.
“O investimento em ações e fundos imobiliários (FIIs) surge como uma ótima opção para quem busca acumular patrimônio e amealhar uma renda passiva na aposentadoria”, completou Tadewald.
Foi o que pensou o engenheiro Jefferson Cunha, 32. Mesmo com um salário de cerca de R$ 15 mil mensais, ele se sentia inseguro no emprego em uma grande multinacional, onde os cortes eram constantes.
Cunha percebeu que, por mais que fizesse um bom trabalho, era política da empresa não contar com os serviços de profissionais por um longo tempo. Por isso, decidiu por seguir uma estratégia de investimentos focada em criar uma renda passiva a fim de não necessitar tanto de um emprego.
“A empresa vivia cortando. Como eu ganhava bem e conseguia guardar boa parte, vi que precisava formar uma renda passiva para que, mesmo que eu fosse demitido, conseguisse pagar minhas contas. E foi isso que eu fiz”, contou.
O engenheiro passou a investir na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) e optou por comprar ações de empresas que notoriamente distribuem grande parte dos lucros aos acionistas e, também, FIIs.
“Hoje já consigo ganhar cerca de R$ 1.000 por mês com meus dividendos. Quando fui mandado embora, esse dinheiro me ajudou até encontrar outro trabalho. Mas, continuo comprando para aumentar essa renda extra até chegar a um ponto que eu me sinta confortável”, disse.
É possível viver de dividendos?
A resposta de especialistas a essa pergunta é sim. É possível obter uma renda passiva satisfatória a ponto de o investidor poder abrir mão de trabalhar, mas isso depende de alguns fatores.
Dentre os chamados “fatores pessoais”, a necessidade de capital para cobrir os gastos mensais, obviamente, vai variar. Além disso, o montante investido também fará diferença nos dividendos recebidos, pois, como o dinheiro é remunerado, quanto maior o montante, mais o investidor irá receber.
Mas, mesmo com as diferenças, é possível traçar uma estratégia com riscos menores, para investir de olho em uma agenda de dividendos recebidos, segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias.
“A estratégia de obter rendimento de dividendos é uma forma de aliar boa rentabilidade, com menor volatilidade e geração de renda. Na prática, empresas que pagam dividendos consistentes tendem a demonstrar menor volatilidade e normalmente são empresas num estágio de maior maturidade, reduzindo surpresas negativas para o investidor”, disse Felipe Tadewald.
Um estudo produzido pela SUNO Research, em parceria com a Set Investimentos, mostrou que investir nas empresas com maiores dividendos trimestralmente de 2000 a 2018 gerou resultados extremamente satisfatórios, com rentabilidades que chegaram a superar os 20% ao ano.
Vantagens de investir em empresas pagadoras de dividendos
Além disso, de acordo com os especialistas, outras vantagens de buscar os dividendos na hora da alocação, são:
- (i) menor volatilidade;
- (ii) flexibilidade, através do fluxo de caixa recorrente caindo na conta do investidor;
- (iii) alta rentabilidade no longo prazo; maior exposição a empresas saudáveis e
- (iv) isenção tributária nas distribuições
“Aqui no Brasil, o dividendo não paga imposto, então você tem uma renda que não paga imposto, chega limpa no bolso do investidor, que pode reinvestir o montante”, disse Pedro Paulo, economista-chefe da Nova Futura.
Com tal vantagem, ao reinvestir os dividendos, o resultado pode ser positivo. Para o especialista da SUNO Research, mesmo o investimento em fundos imobiliários pode trazer um excelente crescimento de patrimônio.
“É interessante notar que a volatilidade deles é em média 1/3 aquela das ações, e, apesar disso, foram ativos que apresentaram historicamente uma melhor rentabilidade, considerando dividendos e valorização”, afirmou.
Juros compostos + reinvestimento + tempo
Portanto, há uma tríade chave para o sucesso de quem deseja investir a fim de viver de dividendos. Esses três fatores são o reinvestimento de dividendos, o tempo e os juros compostos.
De acordo com os especialistas, como os juros compostos são apropriados sobre o montante acumulado, e não apenas sobre o principal, quanto mais o investidor reinvestir e quanto maior o tempo, o bolo cresce de forma exponencial.
Portanto, mesmo com relativamente pouco capital, é possível investir de modo a viver de dividendos, sim, graças ao chamado “efeito bola de neve”.
“Quanto mais cedo o investidor começar, melhor, já que os juros compostos terão um maior tempo para exercer seus efeitos na acumulação de capital e rentabilidade, permitindo que o investidor possa atingir seus objetivos com aportes menores”, disse Tadewald.
Não à toa, alguns investidores famosos, como Luiz Barsi e Warren Buffett são conhecidos por seguir estratégias semelhantes. A célebre frase de Barsi “Compre ações de boas empresas. Ações a bons preços e que paguem bons dividendos”, parece nunca sair de moda.
Tempo é vantagem, mas não limitador
Como citado, o tempo é fator crucial. Mas, apesar da vantagem de quem começa o quanto antes, não há impeditivos para visar os dividendos após certa idade.
O advogado e jornalista aposentado Vanio Coelho, 80, passou a apostar nos dividendos de FIIs após os 60 anos como forma de obter uma renda extra. Depois de experimentar aportes em ouro, ações, entre outros, viu nos fundos imobiliários a chance de ter um dinheiro a mais todo mês. E não se arrepende.
“Investir em FIIs é bem simples do que ações, por exemplo, você confia no administrador e acompanha. Se o fundo não te dá o retorno esperado, você vende rapidamente”, disse.
De acordo com Vanio, após ganhar um bom montante com uma vitória penal, ele optou por comprar FIIs com o dinheiro e até hoje possui uma renda graças a esse aporte.
“Comprei cotas do fundo imobiliário para a minha família depois de ver meus dividendos. Desde então, minha mulher nunca mais me pediu dinheiro. A renda mensal cai na conta dela e ela não me pede mais dinheiro”, disse, aos risos.
Para quem, assim como Vanio, está de olho nos dividendos, as melhores pagadoras de dividendos em 2021, segundo a SUNO Research, levando em consideração o histórico de distribuição de dividendos e a análise dos fundamentos das empresas, serão:
Já para quem deseja ter uma renda como a de Jefferson Cunha, o SUNO Notícias fez as contas, a partir de uma carteira de FIIs.
Com um dividend yield, ou seja, quanto um ativo pagou em proventos nos últimos 12 meses, de 6% ao ano, é necessário um patrimônio investido de cerca de R$ 200 mil.
Confira:
- Para R$ 100 por mês:
R$ 20 mil de patrimônio - Para R$ 1.000 por mês:
R$ 200 mil de patrimônio - Para R$ 10 mil por mês:
R$ 2 milhões de patrimônio
Mas, afinal, como conseguir os dividendos?
Para quem deseja ter uma renda passiva, há alguns fatores que o investidor deve observar antes de escolher qual ação ou fundo comprar. Atualmente, existem basicamente quatro tipos de proventos dentro do mercado brasileiro:
- Dividendos;
- Juros sobre capital próprio;
- Bonificação;
- Rendimentos de FIIs
Dividendos
Os dividendos são uma fatia dos lucros de uma empresa que ela pretende distribuir aos acionistas do negócio. Os dividendos de ações não são mensais. Por isso, é importante que o investidor se planeje para receber o montante.
As companhias que fazem esse tipo de pagamento dificilmente distribuem a totalidade dos lucros. Isso ocorre pois a outra fatia é reinvestida no próprio negócio para que as operações possam crescer. A repartição desses proventos é feita de forma proporcional ao número de ações possuídas por cada investidor.
Juros sobre capital próprio (JCP)
Os Juros sobre capital próprio (JCP) são pagos em dinheiro e cai diretamente na conta-corrente do investidor em ações. Diferentemente dos dividendos, há uma tributação de 15% sobre o JCP.
Bonificação
Já a bonificação é um tipo de provento que, geralmente, não é pago em dinheiro e, sim, em ações. Os casos de bonificações existem quando uma empresa decide incorporar parte do lucro em reservas no seu capital social e para isso ela emite uma quantidade de ações proporcionais.
Rendimentos de FIIs
Os rendimentos de FIIs, por sua vez, soam como um aluguel mensal e caem todo mês diretamente na conta da corretora do investidor.
Como, por lei, um fundo imobiliário é obrigado a distribuir 95% dos lucros, o FII acaba repassando mensalmente um valor aos cotistas, que podem viver de dividendos dessa forma.
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