Vivara (VIVA3): ações têm dois dias seguidos de forte queda e empresa perde R$ 1,4 bi em valor de mercado. O que houve?
As ações da Vivara (VIVA3) enfrentam, pelo segundo dia consecutivo, uma turbulência no mercado, posicionando-se entre as maiores quedas nesta terça-feira (19). Após registrar perdas expressivas na segunda-feira (18) e hoje, com uma desvalorização de 14,03% e 4,13%, o papel – cotado a R$ 25,13 – acumula uma queda de mais de 21%, refletindo a desconfiança em relação à recente troca de comando na empresa.
Cotação VIVA3
Com essa pressão sobre o ativo, a Vivara perdeu cerca de R$ 1,4 bilhão em valor de mercado em menos de dois pregões, ficando abaixo dos R$ 6 bilhões pela primeira vez desde outubro do ano passado.
Os papéis da Vivara continuam reagindo à saída de Paulo Kruglensky e ao retorno do fundador Nelson Kaufman ao cargo de diretor-presidente. A decisão, anunciada na sexta-feira passada (15), surpreendeu tanto o mercado quanto os analistas, levantando questões sobre a continuidade na estratégia da companhia.
Em relatório, a XP Investimentos diz estar surpresa com o anúncio sobre a troca no comando da Vivara e destacou que embora haja incerteza sobre os próximos passos da empresa, a dinâmica dos resultados deve permanecer sólida, dada a experiência de Kaufman no negócio.
Vivara: “Mudanças estratégicas, mas sem perturbações à vista”
“Devemos esperar mudanças estratégicas, mas sem perturbações à vista, uma vez que os riscos serão cuidadosamente levados em conta”, , escrevem os analistas.
“Não se prevê qualquer alteração na alocação de capital a curto prazo, sendo que quaisquer potenciais novos movimentos estão limitados a um risco de até 5% do Ebitda [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]”, acrescenta.
O banco afirma que mantém recomendação de compra das ações da Vivara.
Já o Safra ressalta preocupações adicionais sobre a expansão internacional da Vivara e a possível falta de apoio dos investidores a essa iniciativa. Segundo o banco, a empresa pode enfrentar desafios significativos nesse aspecto, especialmente sem os três pilares fundamentais que a sustentaram no mercado brasileiro: uma marca conhecida e desejada, produção local e verticalizada, e um amplo canal de distribuição com lojas em quase todos os estados do país.
O Safra diz que mantém a classificação neutra sobre as ações da rede de joalherias.
Por outro lado, o Bradesco BBI mantém uma visão mais otimista, mantendo a recomendação de outperform (quando a ação possui um desempenho superior ao de um índice de referência) para as ações da Vivara.
No entanto, diz que a empresa precisa abordar de forma mais clara questões de governança e estratégia, além de demonstrar disciplina de capital e qualidade dos resultados para reconquistar a confiança dos investidores.
Para os três bancos, o desafio agora da Vivara é reconquistar a confiança do mercado, demonstrando clareza em sua estratégia e capacidade de execução sob a liderança de Kaufman.