Com a vitória quase irreversível do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais dos EUA uma incógnita financeira está preocupando gigantes como Apple (NASDAQ: AAPL) ou Amazon (NASDAQ: AMZN): haverá um aumentos dos impostos corporativos?
A questão que está assolando Wall Street é se as Big Techs (Amazon, Apple, Google, Facebook, Netflix, Twitter, etc…) vão acabar tendo uma piora de seus balanços por causa das promessas eleitorais de mudanças do sistema tributário feitas pelo novo inquilino da Casa Branca.
Um aumento da carga tributária pesaria sobre os lucros corporativos, o que se traduziria em uma redução dos dividendos, abalando o tradicional pilar do mercado de capitais dos EUA.
De acordo com a última previsão do Bank of America, um possível aumento na carga tributária sobre os lucros retidos pelas empresas de tecnologia no exterior (caso típico da Apple), corroeriam os lucros esperados pelas empresas cotadas no S&P 500 em 9,2%.
Segundo o Bank of America metade do aumento de 23% nos lucros das empresas do S&P 500 em 2018 foi gerado graças aos cortes de impostos levados adiante por Donald Trump e pelo partido Republicano desde o começo do mandato presidencial.
Por sua vez, o programa de Biden prevê um aumento da alíquota dos impostos corporativos de 21% para 28%. Um incremento considerável, embora ainda menos do 35% da carga tributária que vigorava antes da reforma republicana.
Haveria também um imposto mínimo para as empresas e um imposto sobre os lucros obtidos no exterior.
As empresas do setor tecnológico, como Amazon ou Apple, que faturam apenas 43% de sua receita total do mercado doméstico em comparação com 60% de todas as empresas do S&P 500, seriam particularmente afetadas com um aumento dos impostos sobre seus lucros obtidos fora das fronteiras dos EUA.
Segundo Goldman Sachs, caso Biden realize esse programa de aumento da carga tributária poderia ocorrer uma queda de talvez 15% no lucro por ação das gigantes listadas nos EUA.
Os maiores impactos seriam percebidos nos setores de tecnologia, telecomunicações e varejo. Ou seja, diretamente sobre as empresas que se tornaram protagonistas da alta da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
E isso ocorreria justamente no momento da retomada dos lucros após o terremoto do novo coronavírus (covid-19), já que a recuperação que se espera para 2021 é de 26%.
Política de Biden poderia ser mais moderada
Entretanto, essas medidas não devem ser analisadas isoladamente, fora do contexto das estratégias econômicas e políticas que poderiam, pelo contrário, mitigar ou mesmo reverter tais preocupações.
Por exemplo, para o estrategista da campanha de Biden, David Kostin, uma contribuição modesta sobre os lucros poderia se transformar em um amplo sucesso político dos democratas, pelo menos no médio prazo. E, ao mesmo tempo, financiaria gastos sociais significativos, bem como investimentos em infraestrutura e luta contra as mudanças climáticas.
Essa política fiscal expansionista, financiada em parte pelos novos impostos, daria um impulso à expansão e compensaria as pressões sobre os lucros provocadas pela carga tributária maior.
Isso especialmente se as políticas sociais beneficiarão as famílias, aumentando os consumos, que hoje representam o motor da economia americana, igual a dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA.
Além disso, muito da reforma tributária dependerá, em primeiro lugar, das mudanças concretas que serão tiradas do papel por Biden e por seu governo.
Muitos analistas apostam que o presidente poderá moderá-las em relação ao seu programa eleitoral.
Isso pois elas deverão passar de qualquer forma pelo Congresso, onde o partido Democrata não tem a maioria das duas câmaras.
Por isso, JP Morgan já fez previsões de um impacto neutro ou ligeiramente positivo de uma presidência de Joe Biden. E isso poderia acabar beneficiando as Big Techs, como Apple, Amazon ou Google.
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