Conhecida empresa brasileira de fundos imobiliários e de crédito, com cerca de R$ 7,5 bilhões sob gestão, a Vinci Partners busca agora explorar as oportunidades que o agronegócio brasileiro oferece e quer que o investidor seja um aliado nesta nova empreitada.
Em parceria com a Chrimata, boutique de investimentos especializada no setor de agronegócio, a gestora deve lançar um produto que ofereça ao produtor rural condições para a compra de novas terras e a expansão da produção sem visar períodos específicos, como os de safra, por exemplo.
“O crédito agrícola ainda é muito dependente das linhas subsidiadas e para uma safra específica. Não existem linhas de acesso ao capital de longo prazo e muito menos produtos desenhados para atender uma demanda específica para aquisição de novas terras. É um território totalmente inexplorado”, disse Marcello Almeida, sócio da Vinci Partners e head da área de crédito.
De acordo com os gestores, o agro vem demonstrando ser resiliente, em meio às crises que o Brasil passa, mas ainda é pouco atendido do ponto de vista dos financiamentos de longo prazo.
“Mais recentemente tivemos duas crises, a que começa em 2014, e a pandemia, e o setor continuou a crescer, sendo resiliente. O setor tem um tamanho e uma escala gigantesca e, na nossa visão, é atendido de forma incompleta do ponto de vista de estrutura de funding”, afirma Leandro Bousquet, sócio da Vinci Partners e responsável pela área de real estate.
Segundo a Vinci, as duas companhias já têm identificado um pipeline de 12 transações, localizadas nas principais regiões agrícolas do País e que somam mais de 70 mil hectares de área de plantio, totalizando mais de R$ 1 bilhão em investimentos. O foco está na região centro-oeste, principalmente em produtores de médio e grande porte.
A Vinci deve captar o montante para essa nova linha de crédito no mercado de capitais brasileiro. Para o investidor, embora ainda não haja um fundo constituído ou uma oferta em andamento, será ofertada a parceria para ele possa entrar ao lado da Vinci como parceiro desta nova empreitada.
“Esse produto nasce para oferecermos esse acesso indireto ao mercado de capitais, através de algum produto, para trazer esse acesso de capital de longo prazo e fechar esse gap do Brasil”, disse Bousquet.
Além disso, o lastro do novo produto será as terras agrícolas dos produtores, o que, segundo a Vinci, irá permitir esse acesso ao capital de longo prazo pelo setor.
“No final do dia, estamos suprindo a carência de capital de longo prazo no setor do agro, trazendo soluções financeiras customizadas para cada situação a um custo competitivo a um produtor rural que vai usar isso com uma melhor estrutura de capital de longo prazo visando uma expansão”, afirmou Marcello Almeida.
Para estruturar esse novo produto, a Vinci foi buscar a Chrimata para complementar a expertise necessária deste segmento. “Eles vão agregar o pé no barro, nas fazendas, analisando a produtividade, a localização, acesso às terras. Achamos que é imprescindível para identificar e construir oportunidades de investimentos nesse segmento”, disse Almeida.
Apesar de não detalhar ainda como o novo produto da gestora poderá ser oferecido ao investidor da Bolsa, o lucro distribuído ao cotista será oriundo da diferença entre a captação do montante e a entrega do produto pago pelo produtor.
“Será um produto interessante por todas as características do setor. Na medida que vamos desenhar a estratégia de ocupar e fechar esse gap, o principal objetivo é identificar arbitragem nesse segmento”, disse Bousquet, da Vinci.