O BB Investimentos reiterou recomendação de compra para as ações da Vibra (VBBR3), elevando seu preço-alvo. Para os analistas do BB, parte da avaliação se deve aos bons resultados apresentados nos últimos anos, com redução estrutural das despesas e a recente retomada na margem Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) no segmento de varejo.
Segundo o BB, a companhia passa por um momento de desalavancagem, após ter atingido uma dívida líquida/Ebitda de 2,6x. “Nossa projeção é de que o indicador chegue a 1,4x em 2024, abrindo espaço para eventuais novos investimentos e aumento do pagamento de dividendos.”
Os analistas ainda enxergam o setor em condições difíceis, com margens comprimidas e volume limitado. Neste contexto, a estratégia da Vibra tem sido não entrar em uma disputa de preços, mas garantir margens saudáveis, ainda que em detrimento de menores volumes.
“Vemos as grandes companhias fazendo uso de sua infraestrutura mais robusta para promover importações que complementem a cota de fornecimento da Petrobras (PETR4), o que pode trazer uma combinação de manutenção dos patamares mais elevados de margem, mas com melhor competitividade”, explica o BB.
A partir disso, a casa de investimento recomenda a compra das ações da Vibra e estabelece preço-alvo de R$ 27,50 (antes era R$ 27). Os papéis da empresa estão cotados a R$ 19,20.
Vibra: BB projeta queda anual na receita líquida
O BB Investimento estima que a Vibra tenha uma receita líquida de R$ 161 bilhões no 3T23, redução de 11% ante 2022, devido aos menores preços de petróleo e, consequentemente, dos derivados.
No entanto, há perspectivas de ganhos nas margens de comercialização dos estoques por causa da alta dos preços de derivados da Petrobras, o que deve levar o Ebitda da companhia a R$ 4,8 bilhões, alta de 7% na base anual, enquanto o lucro líquido deve atingir R$ 1,9 bilhão, crescimento de 23% ante 2022.
“A Vibra está sendo negociada a 7,2x EV/Ebitda, ante 6,2x da média dos pares (Ultrapar e Raízen), um prêmio de 15%, e a um múltiplo de 11,1x preço/lucro, ante 12,6x do pares, um desconto de 12%”, afirma o BB.
Diante disso, os analistas do BB consideram a Vibra como a melhor relação risco-retorno do setor. “A Comerc, por exemplo, respondeu por 6% do Ebitda do 2T23, e esperamos que nos próximos dois anos esse percentual fique mais próximo dos 20-25%.”
Lucro líquido caiu 81% no 2T23
A Vibra reportou um lucro líquido de R$ 133 milhões no segundo trimestre de 2023, valor 81,2% abaixo do aferido no mesmo período do ano passado, pressionado pela queda no valor do petróleo no mercado internacional e diante do diesel importado da Rússia, que aumentou a concorrência no Brasil.
O volume de diesel importado no Brasil no trimestre foi de cerca de 3,5 bilhões de litros – e o produto russo representou cerca de 55%.
A receita líquida ajustada da Vibra totalizou 37,36 bilhões no período, uma queda de 21% na comparação com os R$ 47 bilhões anotados um ano antes. O volume total vendido no período, no entanto, foi apenas 2% abaixo do volume de um ano atrás, totalizando 9,03 bilhões de litros de combustíveis.
O Ebitda da Vibra em base ajustada somou R$ 910 milhões, queda anual de 43,1%.
“O principal motivo do aumento da alavancagem foi o resultado Ebitda ajustado do período que foi impactado por uma grande perda de estoque no segundo trimestre de 2023 em oposição a um ganho de estoque no segundo trimestre de 2022”, informou a companhia no release.
A dívida líquida da companhia somou R$ 12,197 bilhões no primeiro semestre, valor 8,3% menor ao apurado nos seis primeiros meses de 2022. Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, foi de 3,0 vezes no primeiro semestre deste ano, valor maior ante o apurado em igual período do ano anterior, em 2,8 vezes.
Segundo o comunicado, o 2T23 da Vibra foi bastante desafiador pois houve intensificação da entrada de diesel de origem russa, praticamente substituindo esse hidrocarboneto originado no golfo americano, Com o forte desconto de preço do produto russo, o diesel da Rússia tornou-se o principal origem de produto importado no mercado brasileiro.
“A Vibra optou por não importar o produto ao longo do trimestre, pois focamos em reforçar nosso posicionamento de sourcing na molécula nacional e, com isso, priorizamos nossa rede embandeirada, nossos clientes contratados e operações que melhoram a rentabilidade da companhia”, apontou o comunicado.
Desempenho anual das ações da Vibra
Cotação VBBR3
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