Vibra (VBBR3): fusão com a Eneva (ENEV3) pode trazer riscos para acionistas minoritários, alertam analistas
O BB Investimentos avalia que a fusão da Vibra (VBBR3) com a Eneva (ENEV3) traz valor potencial, mas é necessário ficar atento aos riscos e ao valuation da operação para os minoritários da Vibra.
Segundo o BB, a fusão proposta é uma troca de ações de partes iguais em 50%, mas a Vibra tem um valor de mercado 23% superior ao da Eneva.
“Em nossos cálculos, para manter a proporção atual dos minoritários da Vibra na nova empresa, que tem market cap R$ 4,7 bilhões superior ao da Eneva, deveria haver diferença positiva de R$ 2,01 por cada ação da Vibra, para que fosse mantido um valor de mercado proporcional”, dizem os analistas.
No entanto, a projeção de crescimento do Ebitda da Eneva é superior à projeção de crescimento do Ebitda da Vibra.
A equipe do BB Investimentos têm recomendação de compra para as ações da Vibra, com preço-alvo de R$ 27,50, um potencial de valorização de 23,7%. Nesta segunda (27) os papéis estão cotados a R$ 21,76.
Vibra: nova companhia seria expressiva, apontam analistas
Em relatório, o BB Investimentos elencou alguns aspectos positivos da transação. Um deles é o tamanho expressivo da nova companhia que surgiria após fusão, com liquidez estimada de R$ 300 milhões e receita acima de R$ 170 bilhões em 2024.
Outro ponto é que a alocação de capital poderia favorecer a elevada geração de caixa da Vibra com a necessidade de capex para expansão por parte da Eneva, ampliando a carteira de projetos e oferecendo maiores retornos.
O BB também destaca um potencial de diversificação de receitas e redução de volatilidade nos resultados de ambas companhias. Além disso, haveria uma grande sinergia comercial, visto que a Vibra possui 30 milhões de consumidores finais.
“A Vibra é uma companhia que tem certa volatilidade nos resultados trimestrais, mas, quando observamos períodos mais longos, o que vemos é uma consistente geração de caixa, com risco relativamente baixo. Além disso, a companhia investiu recentemente em novos negócios que já trouxeram diversificação nas receitas”, afirma o BB Investimentos.
Como riscos, os analistas citam a elevada alavancagem da Eneva e o valuation menos favorável aos minoritários da Vibra. Por fim, a adição de novas capacidades no mercado de gás natural nos próximos anos, dados os projetos em implantação pela Petrobras (PETR4), como o Rota 3, pode reduzir os custos do mercado e afetar os projetos da Eneva.
“Assim, dados tais riscos e a discrepância no valuation, entendemos que a transação deve ser analisada com cautela pelos acionistas minoritários da Vibra”, conclui o BB Investimentos.
Entenda a proposta da Eneva
Em fato relevante divulgado no domingo (26), a Eneva (ENEV3) informou que submeteu uma proposta não-vinculante de combinação de negócios ao conselho de administração da Vibra Energia.
A proposta contempla a incorporação de ações da sociedade Eneva pela Vibra Energia ou outra estrutura a ser estabelecida de comum acordo pelas companhias, de forma que o conjunto de acionistas de cada companhia, ao término do processo, passe a deter 50% do total das ações da companhia combinada.
“Conforme detalhado na proposta, a Eneva entende que uma fusão de iguais com Vibra representa uma oportunidade ímpar para as empresas e seus acionistas, tendo um sólido racional estratégico considerando, inclusive, a complementaridade dos negócios das companhias e, se efetivada, poderá implicar em ganhos significativos de eficiência e de alocação de capital”, disse a Eneva.
Ainda de acordo com a Eneva, “será proposta uma estrutura de governança robusta e equilibrada, com contribuições de lado a lado, de forma que a estrutura corporativa e administrativa da companhia combinada garanta a adequada integração das atividades da Eneva e da Vibra, a maximização das sinergias, a valorização dos colaboradores e o melhor aproveitamento das forças e dos talentos das companhias, resultando em uma empresa vitoriosa”, complementou a empresa.
A Eneva ressaltou que, até o momento, não há qualquer acordo assinado relativo à operação proposta, e que a potencial operação com a Vibra não implicará em direito de recesso para os acionistas da Eneva, caso seja implementada nos termos da proposta.
Citi diz que fusão de Eneva com Vibra pode acelerar crescimento de ambas
Em relatório, o Citi disse que a fusão da Eneva com a Vibra pode reduzir a alavancagem e acelerar o crescimento das duas empresas para além do benefício de sinergia.
Ainda de acordo com o banco, a Eneva possivelmente enxerga a Vibra como forma de atrair clientes para reservas de gás. O Citi pontuou, também, que uma “eventual fusão significaria trocar conforto dos dividendos de curto prazo pelas oportunidades e riscos de alocação de capital”.
Cotação
Nesta segunda-feira (27), as ações da Eneva (ENEV3) apresentaram queda de 1,6%, enquanto a Vibra também cai 2,11%.