Apesar do acirramento da disputa pelo mercado de varejo no Brasil, a Via (VVAR3) — novo nome da Via Varejo — deve seguir conquistando market share, sem reduzir as margens. Essa foi a mensagem do diretor-presidente (CEO) da empresa, Roberto Fulcherberguer, nesta quinta-feira (13) em teleconferência com analistas do mercado para apresentar os resultados do primeiro trimestre deste ano.
“Nós crescemos acima do mercado pelo sexto trimestre consecutivo. Então é um crescimento consistente, com uma competição extremamente acirrada. Estamos nela desde o terceiro trimestre de 2019 e podem observar que, além do crescimento acima do mercado, continuamos a ser rentáveis”, disse Roberto Fulcherberguer.
O crescimento do e-commerce nos últimos seis trimestres relembrado pelo CEO garantiu à Via mais 8,9 pontos percentuais de market share apenas nesta vertical, quando comparado com o quarto trimestre de 2019, data da posse da atual diretoria. Atualmente, a varejista possui cerca de 16,7% do mercado, segundo dados divulgados pela companhia, que ainda conta com Amazon, Magazine Luiza (MGLU3), Mercado Livre (MELI34) e Lojas Americanas (LAME4).
O ganho de mercado tem reflexo direto no lucro. Neste trimestre, a Via apresentou um aumento ano a ano de 1.284,6% no lucro líquido, com grande participação das vendas realizadas de forma online. A empresa teve resultado de R$ 180 milhões, superando com sobra a fraca base de R$ 13 milhões registrados no mesmo período do ano passado.
O volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) no primeiro trimestre foi de R$ 10,33 bilhões, alta de 27% na comparação ano a ano, sendo que as vendas digitais contribuíram com mais da metade desse valor. O GMV de lojas físicas, por sua vez, caiu 9,6%, de R$ 5,89 bilhões para R$ 5,32 bilhões.
Já as margens bruta e líquida também cresceram, para 31,4% e 2,4%, respectivamente -percentual de alta que precisa ser mantido, segundo Fulcherberguer. Para o CEO da Via, uma alavanca importante desse crescimento foram os vendedores online.
“Eles foram os responsáveis, neste trimestre, pelo mesmo desempenho de venda do quarto trimestre, mesmo com Natal e Black Friday naquela época”, disse.
De acordo com Fulcherberguer, a Via deve, agora, focar em aumentar o marketplace da companhia como forma de gerar recorrência e, assim, GMV.
“Para gerar recorrência na Via, estamos focados em oferecer o marketplace, com sortimento, consumo em categorias, e para isso é preciso ter um marketplace forte. A gente vem com uma forte e acelerada evolução de sellers e estamos alinhados com a meta de ter de 70 a 90 mil sellers neste ano”, afirmou.
“Não temos dúvida que não basta adicionar sellers, mas sim fazer esses sellers transacionar GMV na nossa plataforma”, completou.
Via tem planos para BanQi e fusões
Seguindo o racional de gerar valor ao BanQi, a companhia ainda deve oferecer novos serviços e produtos no banco digital. De acordo com o CEO da Via, a plataforma deve oferecer produtos para Pessoas Jurídicas (PJ) em breve e aumentar o marketplace financeiro.
“Vamos ampliar o BanQishop, o marketplace do nosso superapp bank. Teremos um marketplace bastante robusto e um cartão de crédito aos clientes. Além disso, também passaremos a oferecer conta e crédito para PJ”, afirmou.
Além disso, o CEO da Via disse ainda que a empresa está em processo final de aquisição da fintech Celer, de soluções de pagamentos.
“Estamos em processo de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) da Celer, que deverá oferecer uma vertical de soluções para operações financeiras”, completou.
Sobre fusões e aquisições, Fulcherberguer disse que a Via deve focar em empresas tecnológicas de quatro setores: fintechs, logtechs, retailtechs e marktechs.
“Temos estratégias em M&A no curto prazo. Achamos que há outras possibilidades e olhamos de maneira contínua, para que acelerem bastante e rápido e também nossa evolução de longo prazo”, disse.
“Nossa cabeça está focada nesses quatro setores e nosso foco total está no LTV [Life Time Value] e na experiência do cliente no sistema”, concluiu o CEO da Via.