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Via (VIIA3) reverte lucro e tem prejuízo de R$ 163 milhões no 4T22

Via (VIIA3) sobe na Bolsa. Foto: Divulgação

Via (VIIA3). Foto: Divulgação

A Via (VIIA3), dona da Casas Bahia e do Ponto, reportou um prejuízo de R$ 163 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22) após ter alcançado um lucro de R$ 29 milhões no mesmo período do ano anterior. No acumulado dos 12 meses também houve prejuízo, saindo do lucro de R$ 538 milhões em 2021 para o negativo de R$ 98 milhões em 2022.

Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortizaçãoajustado da Via no 4T22 foi de R$ 629 milhões, queda de 1,9% em relação aos R$ 641 milhões contabilizados no 4T21. Apesar disso, no acumulado de 2022 o indicador registrou R$ 2,382 bilhões, avanço de 74,1% ante aos R$ 1,368 bilhão de um ano antes.

Enquanto isso, a receita líquida da Via no 4T22 alcançou o montante de R$ 8,845 bilhões, avanço de 8,8% na comparação com o mesmo período de 2021, que contabilizou R$ 8,127 bilhões. No acumulado do ano houve estabilidade, com R$ 30,898 bilhões em 2022 — um ano antes foram R$ 30,899 bilhões.

Já a receita bruta consolidada (considerando as lojas físicas e online) da Via no 4T22 contabilizou R$ 10,4 bilhões, ganho de 9% no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Segundo a empresa, o resultado foi impulsionado pela receita das lojas físicas, que tiveram alta 18,2%.

“As despesas com vendas, gerais e administrativas no 4T22 apresentaram aumento de 23,4% anual, aumento de 2,9p.p. para 24,9% da ROL (Return on Learning). O resultado é explicado pela desalavancagem operacional, apesar do crescimento de 9% da receita bruta. O nível de despesas do 4T21 foi menor em função de recuperações de créditos fiscais relacionados a despesas que se concentraram no período”, explica a Via no relatório.

Via: impacto dos juros e despesas trabalhistas

Sobre a queda na última linha do balanço, o CEO da Via, Roberto Fulcherberguer, destaca o impacto dos juros no custo financeiro da empresa. “Prefiro olhar para a oportunidade que essa empresa terá quando os juros caírem. No ano, tivemos R$ 1 bilhão de impacto nas despesas financeiras. Se os juros caírem, é lucro na veia”, afirmou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A empresa destaca em seu release de resultados a geração de caixa operacional de R$ 3,4 bilhões no quarto trimestre e o fato de ter desembolsado apenas R$ 1,2 bilhão ao longo do ano com despesas trabalhistas. A companhia havia dito ao mercado que poderia ter de desembolsar de R$ 1,5 bilhão até R$ 2 bilhões, mas viu sair de seu caixa um total 20% menor do que o valor mais baixo que havia sinalizado. Assim, o impacto de R$ 900 milhões a R$ 1 bilhão no resultado que a Via havia previsto no ano foi, na verdade, de R$ 700 milhões.

A companhia havia se proposto a monetizar R$ 1,8 bilhões para amenizar o impacto dos processos trabalhistas no caixa, mas conseguiu monetizar R$ 2,4 bilhões. Para este item em 2023, a companhia reafirma perspectiva de R$ 600 milhões a 700 milhões de impacto no caixa e de R$ 500 milhões a 600 milhões no resultado. Por outro lado, a previsão é de R$ 2,5 bilhões de monetização de créditos fiscais.

“Conseguimos ser mais assertivos tanto do lado trabalhista, quanto do lado da monetização dos créditos e geramos, portanto, uma abertura de caixa para a companhia”, diz Fulcherberguer. A empresa ainda reduziu seus estoques de 120 para 95 dias, com a normalização de parte das cadeias produtivas e investimentos em tecnologia.

“Entro em 2023 melhor do que entrei em 2022, com menos saída de caixa por demanda trabalhista, com monetização de créditos e com mais eficiência operacional, em virtude dos investimentos que fizemos nos últimos dois anos. Já começo a ter receita de logística, por exemplo, e não depender somente de venda de produtos”, afirmou o executivo.

Marketplace: alta na receita

No comércio eletrônico de estoque próprio, porém, houve queda de 6%. Fulcherberguer acredita que esses números mostram que a companhia está pronta para atender ao consumidor onde ele quiser comprar e ressalta que a queda no digital já é menor do que o que foi visto no terceiro trimestre do ano.

No marketplace da Via, a empresa viu equilíbrio na receita bruta vinda dos lojistas virtuais (GMV), mas a receita, que é o dinheiro que realmente fica na companhia, cresceu 41,5%, isso porque a Via tomou medidas para tornar essa divisão de negócios mais rentável, com taxas maiores e sem grandes incentivos e descontos. Além disso, a Via tem buscado priorizar as vendas de produtos de menor valor agregado e que geram mais frequência de compra, o que explica o GMV do marketplace não subir, enquanto o número de pedidos subiu 79% nos produtos de cauda longa.

“Nossa estratégia de aumentar a frequência do cliente está dando certo. O GMV registrou alta em dezembro de 20% e, no começo do ano, a tendência se mantém. Vamos começar a capturar não só aumento de receita, mas também de GMV no marketplace”, diz Fulcherberguer.

Crédito e dívida

O braço financeiro da Via terminou o ano com uma carteira de crédito de R$ 5,5 bilhões. A companhia considera seus índices de inadimplência controlados, com 4,6% de perda líquida sobre a carteira e 9,5% de pagamentos em atraso por mais de 90 dias.

Um ano atrás, esses índices eram de 4% para perdas e 8,7% para atrasos superiores a 90 dias. “Não é uma alta de inadimplência, é uma flutuação. Na curva, ao longo dos anos, às vezes um trimestre tem índice um pouco maior ou menor. Temos a expertise de conseguir fazer parcelas que caibam no bolso do consumidor, por isso nossos índices são controlados”, diz Fulcherberguer.

A empresa tem cerca de R$ 1,6 bilhão em vencimentos de sua dívida para os próximos trimestres, mas afirma que as conversas com bancos têm evoluído bem e que há sinalização de rolagem desses vencimentos.

“Geramos caixa suficiente para pagar investimentos, serviço da dívida e reduzir dívidas, tanto no trimestre, quanto no ano de 2022. Dívidas fazem parte de um processo de financiamento da operação da companhia e a renovação dessas fontes é sempre positiva”, afirmou o vice-presidente de finanças da Via, Orivaldo Padilha.

Via: expectativas para o 4T22

Antes da divulgação do balanço, os analistas do mercado financeiro projetavam um prejuízo entre R$ 113 milhões a R$ 202 milhões para a Via no 4T22.

VIAA3 – PRÉVIAS 4T22BTG PactualXP InvestimentosGenial InvestimentosInter Research
Faturamento/
Receita líquida
R$ 8,343 bilhõesR$ 8,414 bilhõesR$ 8,654 bilhõesR$ 8,664 bilhões
EbitdaR$ 482 milhõesR$ 576 milhõesR$ 647 milhõesR$ 594 milhões
Lucro líquido-R$ 113 milhões-R$202 milhões– R$ 125 milhões– R$ 163 milhões

Com esse cenário negativo à vista, a Genial Investimentos cortou o preço-alvo das ações da Via de R$ 4,80 para R$ 3. “Apesar de mostrar uma racionalidade no controle de custos e despesas ao longo de 2022, acreditamos que a companhia precisará rolar grande parte da dívida para o longo prazo, mantendo um nível de caixa líquido confortável para sustentar as operações no ano”, detalharam os analistas da Genial Igor Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon.

Com a colaboração de Erick Matheus Nery

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