A Via (VIIA3) está fazendo uma mudança no seu método de pagamento aos lojistas. A partir da próxima sexta-feira (8), a varejista deixará de antecipar o pagamento, a fim de usar menos o seu fluxo de caixa. As informações são do jornal Valor Econômico.
Agora, os lojistas da Casas Bahia e do Ponto (ex-Ponto Frio) passarão a receber seus pagamentos dentro do fluxo normal de prazos definidos na venda ao cliente.
Atualmente, a maioria dos marketplaces oferece ao lojista duas opções: receber em período anterior aos prazos das compras parceladas ou dentro do fluxo normal.
Junto com esse ‘corte’ da antecipação, a Via pagará com maior velocidade os lojistas que usam seus serviços de logística (fulfillment).
No fim das contas, a companhia prevê que o volume de caixa que a companhia usaria para antecipar pagamentos no curto prazo pode ser mais relevante do que aquele a ser liberado às lojas do fulfillment – que, vale lembrar, está fase inicial de operações.
Além disso, há cobrança de taxas sobre a operação a depender se o lojista escolhe o fluxo de pagamento normal ou parcelado.
Já na sexta (8), com a nova mudança, uma compra feita em 10 parcelas terá o repasse de recursos também parcelado em 10 vezes.
Essa medida deve envolver lojistas maiores, que normalmente têm acesso a linhas mais competitivas no varejo.
Essa medida, vale lembrar, também ocorre após a varejista aumentar as taxas de comissão do seu marketplace no fim do ano passado.
Entenda o porquê da mudança da Via
Em meio ao aumento de juros, que tem penalizado companhias de varejo, a mudança no pagamento deve vir como forma de ‘contenção’.
Uma fonte não identificada disse ao Valor que “o mercado todo está se ajustando por causa da Selic” e a Via foi a que teve coragem de se antecipar.
A fala vai de encontro com a medida tomada pelo concorrente, o Magazine Luiza (MGLU3), que também fará alteração na suas comissões de markeplace.
A varejista alega ‘oscilações na economia’ e deve implementar as alterações a partir do dia 15 de julho, aumentando a taxa de 16% para 18% ao passo que o recebimento dos recursos a prazo continua com taxa em 12,8%.
Desempenho de VIIA3 e MGLU3
Em um cenário considerado desafiador para o segmento, segundo a maioria dos analistas, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) caíram quase 70% nos primeiros seis meses de 2022, sendo negociadas a R$ 2,20.
Os papéis VIIA3 caem 62% no ano, a atuais R$ 1,89.
Os analistas citam a Selic e a inflação com os principais drivers para esse cenário. Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, da XP, apontam que “a inflação tem se mostrado mais persistente do que originalmente imaginávamos”.
“Dessa forma, temos visto uma forte redução do poder de compra do brasileiro o que, aliado a um cenário de forte alta de juros, se traduz em uma demanda altamente fragilizada para bens de consumo, especialmente os discricionários e de preço médio mais alto. Nesse sentido, bens duráveis acabam sendo fortemente penalizados, sendo essa categoria uma das mais relevantes para todos os players de ecommerce, principalmente Magalu e Via”, diz o parecer da corretora.