Via (VIIA3): melhora operacional poderá ser sentida apenas em 2025, diz analista. E o Magazine Luiza (MGLU3)?

A redução nas taxas de juros, prevista para os próximos meses, pode ser favorável tanto para Via (VIIA3) quanto para Magazine Luiza (MGLU3). Entretanto, fatores microeconômicos fornecem uma visão mais neutra para as companhias, com um viés mais positivo no longo prazo para a dona das Casas Bahia. A Via pode sentir os efeitos de uma melhora operacional apenas em 2025, segundo o analista Gabriel Costa, da Toro Investimentos.

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Do ponto de vista macroeconômico, tanto para a Via quanto para o Magazine Luiza, o cenário para o restante do ano é favorável, com as reduções de juros podendo beneficiar ambas as empresas, seja pela redução do custo da dívida ou pela melhora do consumo das famílias, disse o analista da Toro Investimentos.

Porém, quando considerados fatores microeconômicos dos negócios, as perspectivas já não são tão positivas.

“Do lado do Magazine Luiza, observamos uma piora significativa dos resultados operacionais e aumento no prejuízo líquido ano a ano. Difícil precisar quando virá uma melhora expressiva. A Via, por sua vez, também reportou resultados fracos, mas o mercado está atento à possibilidade de aumento de capital robusto proposta pela companhia, juntamente com um plano de transformação do negócio. Ainda assim, os efeitos de uma melhora operacional da Via podem ser sentidos somente a partir de 2025″, destacou Costa.

Diante deste cenário, um estudo da Quantum Axis mostrou o comportamento das ações das principais varejistas do país no acumulado do ano, compreendendo o intervalo entre os dias 2/1/2023 e 14/08/2023.

Para o levantamento, a empresa de inteligência de mercado selecionou as varejistas com maior repercussão na imprensa nos últimos tempos, especialmente durante a última temporada de balanços. Nesse período, a taxa de retorno da Magazine Luiza foi de +3,65%, enquanto a da Via ficou em -28,33%.

No levantamento, ainda há outras janelas de tempo, como 12, 24 e 36 meses, que calculam a diferença entre o preço de fechamento atual no Ibovespa e a quantidade de meses para trás. Confira:

  • Magazine Luiza (MGLU3): -6,58% (entre 12/08/22 e 14/08/2023); -86,42% (entre 12/08/2021 e 14/08/2023) e -86,11% (entre 11/08/2020 e 14/08/2023);
  • Via (VIIA3): -38,35% (entre 12/08/22 e 14/08/2023); -86,79% (entre 12/08/2021 e 14/08/2023) e -91,03% (entre 11/08/2020 e 14/08/2023).

“Não há relação direta entre o método de cálculo desses retornos e o Ibovespa, visto que é dado apenas entre as diferenças de preços das próprias ações”, reforça o analista da Toro Investimentos.

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Americanas: cenário obscuro

Uma outra empresa que chamou a atenção na pesquisa da Quantum foi a Americanas (AMER3), cuja taxa de retorno no acumulado do ano está em -88,91%. Em 12 meses, o número chega a -91,94%; em 24 meses, -97,60% e em 36 meses, -99,10%.

Na visão de Gabriel Costa, da Toro Investimentos, a Americanas ainda está em meio a um cenário complexo, sendo necessários muitos anos para recuperação da credibilidade no negócio e ajustes operacionais. Para ele, ainda pairam muitas dúvidas sobre a fraude contábil e a empresa sequer divulgou as informações contábeis do fechamento de 2022, o que deixa o cenário ainda mais obscuro.

“Vimos que as quedas expressivas das cotações são reflexos diretos da fraude contábil, com quedas acima de 99% quando analisamos o horizonte de 36 meses. Dado o cenário, ainda que as cotações estejam em grande queda, acreditamos que não há oportunidade para o investidor, visto que o processo de recuperação judicial e turnaround da companhia deverá levar muito tempo”, destacou.

Nesta terça-feira (22), o ex-CEO da varejista, Sergio Rial, e a ex-superintendente de controladoria da empresa, Flavia Carneiro, vão participar, às 15h, de audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades na contabilidade da companhia.

Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3): banco prefere (e indica) outra empresa do varejo

Os analistas do BTG Pactual estão de olho em outra empresa do varejo – e destacam em relatório mais duas companhias do setor. 

O setor de varejo está fortemente ligado ao cenário macroeconômico, e há perspectivas favoráveis à frente, segundo o BTG Pactual. O relatório sobre as varejistas elaborado pelo banco destaca a performance da Via e do Magazine Luiza no 2T23, detalha o quadro de dificuldades para as companhias – e aponta outra empresa que pode brilhar ainda em 2023.

De acordo com a equipe do BTG, além dos desafios macroeconômicos, varejistas como a Magazine Luiza e a Via estão lidando com alavancagem financeira, pressões na margem de lucro e desaceleração na demanda, ocorrida desde o quatro trimestre de 2022. “Isso piorou a alavancagem operacional e a dinâmica de capital de giro, uma tendência comum no primeiro semestre de 2023.”

O Magazine Luiza reportou na última segunda um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre de 2023, valor 77,3% maior do que o prejuízo anotado um ano atrás. A companhia citou maiores despesas financeiras com os juros altos e disse que cada ponto percentual da taxa Selic representa uma economia anual de R$ 150 milhões.

Fatores como taxas de juros mais altas e risco país impactaram o custo de capital próprio e levaram as ações da Via e do Magalu a terem um desempenho inferior em 2022 e início de 2023.

Já a Via, dona da Casas Bahia e do Ponto, divulgou no último dia 10, o seus resultados do segundo trimestre de 2023. A varejista apurou um prejuízo líquido de R$ 492 milhões. O resultado da Via no 2T23 reverte o lucro de R$ 6 milhões apresentado no mesmo período de 2022. A empresa garante, porém, que um novo ciclo está por vir e aproveitou o momento para divulgar o plano de ação da nova gestão da companhia.

Por outro lado, houve mudanças nos últimos meses, aponta o BTG. “Embora o beta do setor varejista já seja baixo, algumas empresas ainda apresentam potencial para uma queda no beta (e no custo de capital próprio), principalmente se as taxas de juros caírem mais rapidamente, o que poderia gerar uma reação positiva de curto prazo”, dizem os analistas.

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Magazine Luiza, Via e outras bateram R$ 1 trilhão em vendas em 2022

Cinco empresas dominaram as vendas online no Brasil em 2022: Amazon (AMZO34), Americanas, Magazine Luiza, Mercado Livre (MELI34) e Via (VIIA3). Em 2022, o faturamento delas somou R$ 203,4 bilhões, considerando vendas de produtos de estoque próprio e de terceiros. A quantia representou no ano passado 78% do e-commerce nacional.

Os dados são da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), que ranqueou as 300 maiores varejistas em faturamento, avaliando a participação e vendas totais dos marketplaces segundo apuração da consultoria NielsenIQ.

A maior fatia do faturamento foi para o Mercado Livre (MELI34), com R$ 80,5 bilhões em 2022. A seguir é possível conferir a parcela de cada um dos markeplaces:

  • Mercado Livre (MELI34): R$ 80,5 bilhões;
  • Americanas (AMER3): R$ 44,3 bilhões (número anteriores à crise de inconsistências contábeis);
  • Magazine Luiza (MGLU3): R$ 43,3 bilhões;
  • Via (VIIA3): R$ 20,5 bilhões;
  • Amazon (AMZO34): R$ 14,6 bilhões.

Desempenho das ações da Via e do Magalu

Cotação VIIA3

Gráfico gerado em: 22/08/2023
1 Ano

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Giovanni Porfírio Jacomino

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