Via (VIIA3) derrapa, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) tem ganhos no Ibovespa; veja motivos
As ações de Via (VIIA3) oscilaram entre perdas e ganhos, e acabaram fechando em queda – enquanto as de Magazine Luiza (MGLU3) tiveram dia positivo no Ibovespa, em linha com a queda na curva de juros futuros após a divulgação dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pela manhã, principal termômetro da inflação oficial no Brasil – o que tende a mexer com empresas do setor de varejo.
No fechamento, as ações ordinárias de Via (VIIA3) caíram 1,69%, cotadas a R$ 1,16,. Já os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 2,65%, a R$ 2,61.
Cotação VIIA3
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal termômetro da inflação oficial no Brasil, registrou 0,23% em agosto, abaixo do consenso de mercado, que era de aumento de 0,28%. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 12 meses, a inflação acumulada no país é de 4,61%, também abaixo das expectativas do mercado, que era de +4,67%. Levando em consideração apenas os meses de 2023, a alta é de 3,23%.
“Com os dados do IPCA vindo menores do que o esperado e a curva de juros inteira caindo, principalmente na parte do meio, que mostra mais ou menos uma expectativa de taxa final menor, incentiva bastante essas empresas mais endividadas. A parte de serviços vindo mais baixa, permitindo pensar em uma taxa final de Selic menor no ano que vem, estimula olhar empresas que terão um alívio maior”, diz Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.
Sobre as empresas em específico, Cruz acredita em um impacto maior em relação à Via, diante de toda a desconfiança de sua reestruturação, anunciada recentemente, ao contrário de uma de suas principais concorrentes.
“A Magazine Luiza já consegue ter uma alta mais considerável. Acho até que ainda seja considerada pelos gestores uma empresa bem promissora e que, embora tenha um ambiente de concorrência bem mais difícil do que nos últimos anos, ela deve ter um momento mais promissor no próximo ano”, acrescentou.
Via (VIIA3): S&P rebaixa ratings de crédito, com alavancagem acima do esperado
Na última sexta-feira (8), a agência de classificação de risco S&P Global rebaixou os ratings de crédito de emissor e emissão da Via de ‘brAA-‘ para ‘brA-‘ na Escala Nacional Brasil, com perspectiva da classificação de emissor como negativa, em linha com um cenário desafiador para o setor de varejo e com a alavancagem da companhia ainda acima do esperado.
“A perspectiva negativa indica uma chance em três de rebaixamento dos ratings e reflete os riscos da indústria de varejo discricionário brasileira, como a queda da renda disponível da população, taxas de juros ainda em patamares elevados e o alto grau de competição, que podem continuar afetando os resultados da Via e a redução da alavancagem que esperamos para 2024 e 2025”, disse a S&P.
A agência atualizou as projeções para a Via após a varejista divulgar os resultados do primeiro semestre de 2023, indicando que a empresa não atingirá as metas de crédito esperadas em sua análise mais recente.
“Os resultados apresentados pela Via no primeiro semestre de 2023 refletem os efeitos do ambiente macroeconômico e os desafios estruturais pelos quais o setor de varejo vem passando, após alguns anos com foco em crescimento de vendas e ampliação da participação do e-commerce nas receitas da empresa”, pontuou a S&P.
Ainda de acordo com a agência, o plano de transformação da Via apresentado ao mercado pode trazer significativa melhora no desempenho operacional e estrutura de capital nos próximos anos.
“Em nossa visão, o plano de transformação impulsiona atributos da empresa, como sua marca reconhecida e com forte apelo emocional, além de suas vantagens competitivas na venda de produtos de ticket médio mais elevado, como uma rede de lojas físicas extensa e linhas de financiamento ao consumidor, que servem como importante alavanca de vendas, fidelização e rentabilidade”.
Entretanto, diz a agência, a desalavancagem da Via deve ser postergada em pelo menos mais um ano em razão do ambiente macroeconômico.
Assim, a S&P disse que ainda pode rebaixar os ratings da Via nos próximos 6 a 12 meses, caso a empresa não seja bem-sucedida na implementação de seu plano de transformação, enfrente concorrência acirrada no varejo, ou, ainda, se a melhora esperada nas condições macroeconômicas demorar mais para se materializar, impactando os gastos discricionários do consumidor.
No mesmo período, a agência informou que também pode alterar a perspectiva para ‘estável’, caso a Via apresente recuperação consistente das margens nos próximos trimestres, levando à desalavancagem esperada.
Via (VIIA3) lança oferta de ações avaliada em quase R$ 1 bilhão
No início da semana passada, a Via anunciou que vai emitir 778.649.283 ações ordinárias por meio de uma oferta pública primária de ações, o que corresponde a R$ 981 milhões com base no preço de fechamento de R$ 1,26 da véspera.
Adicionalmente, segundo a Via, serão entregues até 622.919.426 bônus de subscrição aos subscritores das ações, que serão ofertados e alocados aos subscritores em lotes de 5 ações.
A fixação do preço por ação será realizada em 13 de setembro, com o início de negociação das ações e dos bônus de subscrição no dia 15. A liquidação ocorre no dia 18 e o crédito dos bônus de subscrição, no dia 19.
“A companhia pretende utilizar a totalidade dos recursos líquidos provenientes da oferta para promover a melhora da estrutura de capital, incluindo o investimento nas cotas subordinadas da operação de FIDC da carteira de crediário“, disse a Via.
Ainda de acordo com a varejista, as ações da oferta primária serão destinadas exclusivamente à colocação perante os acionistas e as ações remanescentes da oferta prioritária (se houver) serão destinadas à colocação perante investidores profissionais.
“Não será admitida distribuição parcial no âmbito da oferta. Assim, caso não haja demanda para a subscrição das ações inicialmente ofertadas por parte dos acionistas e/ou dos investidores profissionais até a data da conclusão do procedimento de bookbuilding, nos termos do contrato de colocação, a oferta será cancelada”, acrescentou.
A oferta da Via terá coordenação do UBS Brasil (coordenador líder), do Bradesco BBI, BTG Pactual (BPAC11), Itaú BBA e Santander Brasil (SANB11).