Por que a Via (VIIA3) liderou altas no Ibovespa, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) amargou queda?
As ações da Via (VIIA3) lideraram altas no Ibovespa nesta quarta (9), enquanto as do Magazine Luiza (MGLU3) ficaram no terreno negativo – assim como a de outras varejistas, entre as quais Lojas Renner (LREN3) e Petz (PETZ3).
No fechamento os papéis da Via subiram 3,28%, cotados a R$ 1,90, enquanto os ativos do Magazine Luiza (MGLU3) recuaram 0,67%. Petz teve baixa de 6,97% e Renner desceu 4,44%.
Cotação VIIA3
Os dados do varejo, divulgados nesta quarta, impactaram as ações do setor.
As vendas no comércio varejista recuaram 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre de 2023. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, houve um avanço de 0,2% no volume vendido no segundo trimestre de 2023.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio e foram divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício, as vendas cresceram 1,7% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre de 2023.
Em relação ao segundo trimestre de 2022, as vendas do varejo ampliado aumentaram 4,6% no segundo trimestre de 2023.
Mas e as ações da Via, por que não foram afetadas? Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT CAPITAL, explica: “A Via se destaca no dia entre os papeis que mais sobem. As vendas de varejo ficaram estáveis e a redução da taxa Selic favorece o aumento do consumo, beneficiando a empresa. O mercado aguarda pelo resultado do 2T23 da Via, que será divulgado nesta quinta (10). Estamos aguardando os resultados da empresa”
Para IBGE, leitura é de estabilidade no varejo; juros e crédito seguram vendas
A perda de fôlego mostrada pelo comércio varejista no segundo trimestre já vinha de meses anteriores, uma vez que o bom resultado do primeiro trimestre deste ano estava calcado no resultado de janeiro, último mês em que mostrou avanço expressivo, alta de 4,1% nas vendas, avaliou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre do ano. O setor, porém, tinha registrado uma expansão de 1,9% no primeiro trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. Para Santos, a leitura para o desempenho do segundo trimestre é de estabilidade.
“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Santos.
O pesquisador diz que a principal explicação para a perda de fôlego continua sendo o acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou.
Outro fator que tem prejudicado o desempenho do comércio é o fechamento de lojas de grandes redes varejistas, que afetam, sobretudo, o segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. No entanto, o fenômeno também impactou as vendas das atividades de vestuário e calçados de móveis e eletrodomésticos.
“São grandes cadeias que tiveram fechamento de lojas físicas por conta de questões contábeis que têm ocorrido”, justificou Santos.
Na direção oposta, o setor de supermercados foi beneficiado pela deflação de alimentos e pelo pagamento da antecipação do 13º salário.
Via: previsão é de prejuízo, mas um dado pode melhorar as margens da empresa
O resultado do segundo trimestre da Via (VIIA3) deve apresentar retração em seus principais indicadores, em linha com um cenário macroeconômico ainda adverso, segundo analistas.
Em relatório, analistas do BTG Pactual pontuaram que entre as varejistas, como a Via, o segundo trimestre deve ser parecido com os anteriores, mas com números piores, já que o mercado espera (e precifica parcialmente) melhorias somente no segundo semestre.
Segundo o banco, a Via deve apresentar um prejuízo líquido de R$ 469 milhões no segundo trimestre, acima do consenso Bloomberg de perdas de R$ 260 milhões. No mesmo período de 2022, a empresa havia apresentado um lucro contábil de R$ 6 milhões. E, no 1T23, a “mãe” da Casas Bahia havia apurado prejuízo de R$ 297 milhões.
Além disso, para o segundo trimestre deste ano, o BTG projeta que a receita líquida da Via caia 2% na base anual, para R$ 7,481 bilhões, abaixo do consenso de receita de R$ 7,726 bilhões. No mesmo período do ano passado, a varejista havia registrado R$ 7,646 bilhões no indicador.
Já em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda da Via, o BTG espera que o indicador chegue a R$ 443 milhões, abaixo do consenso de R$ 596 milhões. No mesmo período de 2022, o Ebitda da Via havia chegado a R$ 690 milhões.
Ainda no relatório, o BTG chamou a atenção, ainda, para o comércio eletrônico das varejistas e enxerga um crescimento mais fraco do volume geral de vendas (GMV na sigla em inglês), refletindo menor renda disponível e restrições de capital, além de foco em rentabilidade e preservação de caixa.
Além disso, informa o banco, altos custos de captação continuarão pressionando os resultados, mas com possíveis cortes de juros favorecendo as ações da Via. A desaceleração da inflação, prevista para os próximos meses, também deve aumentar as margens.
Com Estadão Conteúdo