As ações de Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) despencaram no Ibovespa nesta quinta-feira (6), com o varejo sendo penalizado após a última reunião do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos. O banco central dos EUA enxergam um aumento de juros nos próximos encontros, aumentando as preocupações em relação aos juros aqui no Brasil.
No fechamento, os papéis da Via recuaram 6,76%, cotados a R$ 2,07, enquanto os ativos do Magazine Luiza também caíam 7,62%, a R$ 3,15. Foi um dia de queda no Ibovespa, que fechou em queda de 1,78%, aos 117.425 pontos.
Cotação VIIA3
“A ata do Fed indicando alta de juros nos EUA respingou no Brasil, fazendo com que aumentasse a preocupação em relação aos juros não caírem no país. Com isso, temos papéis ligados a juros, como as varejistas, caindo hoje, já que são empresas que se prejudicam com a taxa de juros de 13,75% mantida no Brasil”, aponta Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed.
Segundo a ata da última reunião monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), divulgada na quarta-feira (5), os dirigentes do Federal Reserve (Fed) concordaram que permaneceram extremamente atentos aos riscos de inflação nos Estados Unidos, que se manteve elevada.
Os participantes do encontro do Fed ressaltaram que, com o fortalecimento apropriado da política monetária, expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas apoiariam um retorno da inflação à meta de 2% de longo prazo do Comitê ao longo do tempo.
Os integrantes do comitê veem aumento de juros nas próximas reuniões.
Aqui no Brasil, o Banco Central manteve no último encontro a taxa de juros em 13,75%, segundo a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento do Banco Central (BC) justificou a manutenção da taxa no patamar atual “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Além disso, o colegiado mostrou divergências sobre os próximos passos da política monetária do Brasil, destacando que já há consenso para “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”. O mercado está dividido sobre as apostas para o corte da Selic – se será feito em agosto ou setembro.
Magazine Luiza (MGLU3): Luiza Trajano faz abaixo-assinado para pressionar BC pelo corte da Selic
Na segunda-feira (3), a atual presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, ligou diretamente para integrantes do “Conselhão” de Lula em busca de apoio para um abaixo-assinado para pressionar o BC, segundo apuração do colunista Lauro Jardim, do O Globo.
Trajano tem feito cobranças contínuas a Campos Neto sobre uma sinalização de corte na taxa de juros, mantida na última reunião do Copom em junho a 13,75% ao ano.
“Eu estou lutando para abaixar os juros. Espero [que venha na próxima reunião] pelo menos um sinal. Se não vier, vai ser muito triste. O pequeno e o médio estão sofrendo muito”, comentou com jornalistas após participar de um seminário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em maio.
Possível follow-on da Via
Segundo informações do Estadão/Broadcast divulgadas no último dia 23 de junho, com a mudança recente de comando na Via e a saída de executivos no alto escalão, a nova gestão agora volta o foco para o corte de despesas, o esforço para gerar caixa e resultados.
É dentro dessa equação que entrou no radar da companhia a possibilidade de ir ao mercado com uma oferta subsequente da Via, como uma forma de ajudar a reequilibrar as contas do negócio até o fim do ano.
Em maio, segundo a reportagem, a Via concluiu a rolagem de R$ 1,1 bilhão em debêntures por dois anos, ou seja, junho de 2025. “Tirou a pressão de curto prazo”, disse uma fonte próxima às negociações. As novas debêntures pagam juro de 4,1% somado à remuneração do CDI. No fim do ano passado, a companhia já recebeu uma “ajuda” (termo usado por partes envolvidas na negociação) do Bradesco para equilibrar o orçamento.
Com uma renovação de parceria com o banco por mais 15 anos para os cartões co-branded na Casas Bahia, a companhia recebeu, em novembro de 2022, R$ 1,75 bilhão de “signing bônus” e antecipação de parte das comissões. Todos os movimentos acontecem em meio à revelação de uma fraude contábil na Americanas (AMER3), que deixou um buraco de cerca de R$ 15 bilhões nos cinco maiores bancos do País e todas as varejistas fragilizadas.
A Via, como um dos maiores nomes do setor de bens duráveis brasileiras, seria, portanto, grande demais para entrar em uma lista de problemas para essas instituições. Ao contrário de alguns dos concorrentes, a Via não tem problemas operacionais, mas sim de endividamento – por isso a necessidade de reequilibrar as contas, argumenta uma fonte.
Nessa estratégia da Via, a prioridade é reduzir gastos, incluindo investimentos, e focar na melhorar a eficiência e em negócios que dão dinheiro. Desde fevereiro, a empresa passa por uma reformulação completa de sua diretoria, substituindo executivos com foco em crescimento por nomes que o novo chefe do Conselho de Administração, Renato Carvalho, vê como profissionais com foco em contenção de despesas.
Ao todo, seis altos executivos deixaram seus cargos na Via: o CEO, Roberto Fulcherberguer; o CFO, Orivaldo Padilha; Helisson Lemos, responsável pela área de marketplace; Andre Calabro, chefe do banQi; Helio Muniz, chefe de comunicação e ESG; e Ilca Sierra, chefe de marketing.
Ainda dentro da perspectiva de cortes, a companhia tem feito outras demissões – as mais recentes envolveram diretores do banQi, que nessa reformulação devem perder relevância na estratégia da varejista. A área, que já havia perdido seu CEO, Calabro, agora deve deixar de fornecer empréstimo pessoal.
Com informações de Estadão Conteúdo