O que derrubou as ações da Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) no Ibovespa hoje?

As ações de Via (VIIA3) despencaram nesta quinta-feira (31) no Ibovespa, com o mercado repercutindo o anúncio feito pela dona das Casas Bahia de uma potencial oferta pública de distribuição primária de ações. Foi o segundo dia de queda da Via. Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) também cederam, após a S&P Global Ratings cortar a nota de crédito nacional da varejista.

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No fechamento, as ações ordinárias de Via (VIIA3) caíram 4,51%, a R$ 1,27, enquanto os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) caíam 5,48%, a R$ 2,76.

Cotação VIIA3

Gráfico gerado em: 31/08/2023
1 Dia

“Via caiu com a proposta de aumento de capital, para captar dinheiro e melhorar a estrutura de capital. Com um maior número de ações disponíveis no mercado, o preço do papel recuou. Já Magazine Luiza cedeu com o corte da nota de crédito nacional pelo S&P Global. Papéis também sofrem com alta dos juros futuros hoje”, disse Fabio Louzada, economista e fundador da Eu me banco.

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Via engaja bancos para potencial oferta de ações avaliada em R$ 1 bilhão

A Via comunicou nesta quinta-feira (31) que engajou o Bradesco BBI, BTG Pactual (BPAC11), UBS Brasil, Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11), bem como suas respectivas afiliadas, para a coordenação de uma potencial oferta pública de distribuição primária de ações. A varejista espera captar R$ 1 bilhão com a operação, que poderá ser acrescida de lote de ações adicionais.

“A potencial oferta terá como objetivo captar recursos para promover a melhora da estrutura de capital da companhia, incluindo o reforço do capital de giro e o investimento em cotas subordinadas da operação de FIDC da carteira de crediário”, disse a Via em fato relevante.

Ainda segundo a empresa, os acionistas de referência Goldentree Fundo de Investimento em AçõesMichael Klein e Twinsf Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado – Investimento no Exterior manifestaram a intenção de exercer os respectivos direitos de prioridade na potencial oferta.

No comunicado, a varejista informou também que a efetiva realização da potencial oferta, bem como a definição de seus termos e condições, está sujeita, entre outros fatores, à obtenção das aprovações necessárias, incluindo as respectivas aprovações societárias aplicáveis, bem como às condições políticas e macroeconômicas nacionais e internacionais e ao interesse dos investidores, dentre outros fatores alheios à vontade da companhia.

“Portanto, nesta data, não está sendo realizada qualquer oferta pública de distribuição de ações e/ou de quaisquer outros valores mobiliários de emissão da companhia em qualquer jurisdição. Caso efetivada, a potencial oferta será conduzida em conformidade com a legislação e regulamentação aplicáveis”, destacou a Via.

S&P Global corta nota de crédito do Magazine Luiza

A S&P Global rebaixou na noite de quarta-feira (30) os ratings de crédito do Magazine Luiza de brAA+ para brAA-, com perspectiva negativa, citando a alta alavancagem da varejista. No relatório, a agência expõe que a empresa deixou claro em seu último balanço que não atingirá as métricas de crédito projetadas anteriormente pela casa.

“Apesar do crescimento de vendas e das medidas que vêm sendo tomadas pela empresa para recuperar a rentabilidade, o ambiente macroeconômico ainda desafiador para o setor de varejo, bem como o impacto da maior carga tributária nas margens, deverão atrasar a desalavancagem em mais um ano”, destacou a S&P Global.

Na análise de crédito mais recente da empresa, a S&P Global projetou para 2023 uma margem Ebitda em torno de 7,0% e dívida ajustada sobre Ebitda [múltiplo de alavancagem] abaixo de 4,5x. No entanto, diz a agência, a empresa apresentou margem de 5,4% e dívida ajustada sobre Ebitda em torno de 7,1x para os últimos 12 meses.

Agora, a agência vê o Magazine Luiza fechando 2023 com uma margem de 6% e com uma alavancagem de 6,5 vezes. Para o ano que vem, a margem da varejista deve saltar para 7% e a alavancagem cair para 4,5x.

A S&P relembrou, ainda, que a empresa foi pressionada pelo aumento da carga tributária interestadual (Difal), com impacto de 3,2 pontos percentuais no primeiro trimestre e de 1,7 ponto no segundo, bem como gastos extraordinários com mudanças operacionais, principalmente em relação à incorporação da sua subsidiária de logística.

Também no relatório, a S&P alertou que o Magazine Luiza possui R$ 2,8 bilhões em dívidas com vencimento nos próximos 12 meses, e uma posição de caixa de R$ 2,5 bilhões.

“Não esperamos, entretanto, que a empresa tenha problemas para refinanciar ou pagar parte dos vencimentos de curto prazo, dado seu histórico no mercado de capitais e o bom relacionamento de longo prazo com as principais instituições financeiras, além da posição de cerca de R$ 5,7 bilhões em recebíveis que poderiam ser descontados”, destacou.

Para a S&P, a perspectiva negativa indica uma chance em três de um rebaixamento dos ratings do Magazine Luiza e reflete os riscos da indústria do varejo discricionário do Brasil. Além disso, fatores como a queda da renda disponível da população, taxas de juros ainda em patamares elevados e a alta competição podem continuar afetando os resultados da empresa e, consequentemente, a visão da casa sobre o Magazine Luiza.

Via (VIIA3): melhora operacional poderá ser sentida apenas em 2025, diz analista. E o Magazine Luiza (MGLU3)?

A redução nas taxas de juros, prevista para os próximos meses, pode ser favorável tanto para Via quanto para Magazine Luiza. Entretanto, fatores microeconômicos fornecem uma visão mais neutra para as companhias, com um viés mais positivo no longo prazo para a dona das Casas Bahia. A Via pode sentir os efeitos de uma melhora operacional apenas em 2025, segundo o analista Gabriel Costa, da Toro Investimentos.

Do ponto de vista macroeconômico, tanto para a Via quanto para o Magazine Luiza, o cenário para o restante do ano é favorável, com as reduções de juros podendo beneficiar ambas as empresas, seja pela redução do custo da dívida ou pela melhora do consumo das famílias, disse o analista da Toro Investimentos.

Porém, quando considerados fatores microeconômicos dos negócios, as perspectivas já não são tão positivas.

“Do lado do Magazine Luiza, observamos uma piora significativa dos resultados operacionais e aumento no prejuízo líquido ano a ano. Difícil precisar quando virá uma melhora expressiva. A Via, por sua vez, também reportou resultados fracos, mas o mercado está atento à possibilidade de aumento de capital robusto proposta pela companhia, juntamente com um plano de transformação do negócio. Ainda assim, os efeitos de uma melhora operacional da Via podem ser sentidos somente a partir de 2025″, destacou Costa.

Diante deste cenário, um estudo da Quantum Axis mostrou o comportamento das ações das principais varejistas do país no acumulado do ano, compreendendo o intervalo entre os dias 2/1/2023 e 14/08/2023.

Para o levantamento, a empresa de inteligência de mercado selecionou as varejistas com maior repercussão na imprensa nos últimos tempos, especialmente durante a última temporada de balanços. Nesse período, a taxa de retorno da Magazine Luiza foi de +3,65%, enquanto a da Via ficou em -28,33%.

No levantamento, ainda há outras janelas de tempo, como 12, 24 e 36 meses, que calculam a diferença entre o preço de fechamento atual no Ibovespa e a quantidade de meses para trás. Confira:

  • Magazine Luiza (MGLU3): -6,58% (entre 12/08/22 e 14/08/2023); -86,42% (entre 12/08/2021 e 14/08/2023) e -86,11% (entre 11/08/2020 e 14/08/2023);
  • Via (VIIA3): -38,35% (entre 12/08/22 e 14/08/2023); -86,79% (entre 12/08/2021 e 14/08/2023) e -91,03% (entre 11/08/2020 e 14/08/2023).

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Giovanni Porfírio Jacomino

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