A Via (VIIA3) e a Locaweb (LWSA3) tiveram os piores desempenho do Ibovespa no mês de abril, janela de tempo em que o índice da bolsa brasileira sofreu uma retração de 11,2%.
No caso da Via, a companhia entoou a queda dos últimos meses e seguiu a tendência de baixa do varejo – que apesar da recuperação recente com um IPCA-15 acima das projeções, segue sendo um dos segmentos mais penalizados da bolsa.
Nesse contexto, a Magazine Luiza (MGLU3) também aparece dentre as maiores queda do mês.
Do primeiro ao último pregão de abril, o Ibovespa saiu de 121.570 pontos para atuais 107,876 pontos. Assim como os mercados internacionais, a bolsa brasileira sofreu com um tom mais hawkish das autoridades monetárias por conta de uma inflação ainda acima do esperado – e de mais de 11% no Brasil.
Dito isso, as principais quedas da bolsa neste mês chegaram a ultrapassar os 25% de desvalorização. Além disso, tanto a Via quanto a Locaweb caem mais de 40% no acumulado de 2022
Maiores quedas do Ibovespa em abril
- Locaweb (LWSA3): -29%
- Via (VIIA3): -28%
- Natura (NTCO3): -28%
- Magazine Luiza (MGLU3): -28%
- Banco Inter (BIDI11): -28%
Locaweb despenca com juros altos
Em suma, a companhia de tecnologia amplia as suas quedas com o cenário de juros altos. De um modo geral, o ciclo altista da Selic penaliza companhias de tecnologia, que tendem a se endividar mais para financiar seu crescimento.
No acumulado de março a empresa já via problemas, com queda de mais de 50% das suas ações em uma janela de doze meses, ‘sangrando’ junto com outras startups e companhias de tecnologia.
Magalu e Via caem com inflação e seguem ‘derrocada do varejo’
As duas companhias viram ‘tempos áureos’ na bolsa, mas ambas tem somado desempenhos cada vez piores em termos de rentabilidade de ações.
Neste mês de abril, ambas sofreram mais no início e tiveram uma redução de danos no fim do mês. Somente em um pregão, do dia 8, após divulgação do índice de inflação para março, o maior do mês desde 1994, aa ações das varejistas caíram cerca de 8%.
Segundo o IPCA, os preços subiram em média 1,62% em março e acumulam alta de 11,30% nos últimos 12 meses, uma aceleração em relação ao acumulado de dezembro de 2021, em 10,06%.
“Hoje a queda é generalizada no segmento. Com os juros altos, a população destina seus recursos para itens básicos, deixando de lado, no momento, outros produtos”, disse Fabiano Braun, sócio da Matriz Capital, à época.
Além disso, a expectativa do mercado não é positiva para o segmento.
“Nossa expectativa é de que o segmento 1P das varejistas mais expostas a bens duráveis continue pressionado, enquanto o 3P deve seguir crescendo na comparação anual”, disseram Lívia Rodrigues e Gustavo Costa, do time de análise da Ativa Investimentos.
A corretora mira uma queda de 4,5% nas Vendas Mesmas Lojas da Magalu apesar da alta de 18% no GMV (volume bruto de mercadorias) das operações digitais.
“Na rentabilidade, projetamos uma margem bruta 1,1 p.p superior na comparação anual devido a uma base mais fraca no primeiro trimestre de 2021. Já a margem Ebitda deve ser pressionada em 80 bps com o efeito da inflação sobre as despesas operacionais e a maior quantidade de lojas na fase inicial da curva de maturação”, dizem os analistas.
Atrás da Via, Natura cai com balanço vazado
Apesar de o balanço da companhia estar oficialmente previsto para ser divulgado no dia 5 de maio, um documento referente aos resultados do 1T22 circulou no mercado, com rumores de ter sido vazado pela gestão da companhia para o sell side do mercado.
Investidores e operadores venderam ações por esse motivo. Mais: fontes da própria companhia teriam apoiado a informação de que o próximo balanço vai conter resultados que não agradarão investidores.
O que diziam esses boatos? Apontavam que a empresa teria um 1T22 ruim agravado pelo desempenho negativo da Avon Internacional, Avon da América Latina e da The Body Shop.
Nesta quarta pela manhã XP e Bradesco BBI publicaram relatórios, à época, dizendo que a empresa brasileira iria sofrer com os resultados de sua operações internacionais, que iriam apontar queda brutal da receita.
Banco Inter cai apesar de ‘ida aos EUA’
Em abril, a fintech teve duas novidades.
No início do mês, teve a divulgação da sua prévia operacional, considerada ‘preocupante’ para os analistas do BTG Pactual (BPAC11).
Segundo a casa, os pontos negativos da prévia operacional pesaram mais na repercussão do mercado.
Os analistas do BTG acreditam que, apesar de KPIs (Indicador-chave de desempenho) encorajadores, o nível de inadimplência do Banco Inter aumentou mais do que o esperado. Outro ponto de preocupação para o BTG foi a originação de empréstimos, que mostrou grande desaceleração contra mesmo período em 2021.
“Dada a combinação de NIM de crédito pressionado e maior provisões e despesas com pessoal, esperamos que o ROE recorrente permaneça próximo de zero no 1º semestre de 2022, o que não deve ajudar a ação em um ambiente onde os investidores cada vez mais exigente quando se trata de entender como o Inter entregar uma linha de fundo mais forte”, diz o relatório. O BTG espera que a ponte para construir um ROE mais alto seja realizada e explicada em detalhes.
Posteriormente, o Inter divulgou novamente que tem planos de listar-se na Nasdaq.
Segundo os analistas da Genial Investimentos, o novo formato proposto pelo banco digital tem mais chances de conclusão da operação.
Eduardo Nishio e Bruno Bandiera explicam que a conclusão da reorganização societária do Banco Inter nesta nova proposta só depende do aval da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) e da aprovação em Assembleia.
“A proposta de reorganização anterior foi aprovada em assembleia, o que esperamos que se repita”, escreveram os analistas em relatório.
Mesmo sendo considerado um ponto positivo, os papéis do banco tiveram uma retração 19% desde a novidade, em meados do dia 20.
Da baixa da Via e da Magalu ao Inter, essas foram as maiores quedas do Ibovespa em abril.