O CEO da Via (VIIA3) Roberto Fulcherberguer disse que a principal aposta da varejista para crescer em 2022 é sair da zona de conforto. Para isso, a companhia quer investir no marketplace para itens pesados, como geladeiras e móveis, independente se forem próprios ou dos rivais.
Em entrevista ao jornal O Globo, Fulcherberguer disse que, quando o assunto é a entrega de compras online, a dona de lojas como Casas Bahia e Ponto Frio não está interessada em olhar muito “quem é e quem não é concorrente”.
“O seller não quer fazer fullfilment com muita gente porque envolve capital de giro. O meu cliente ali é o seller, e a solução logística é para ele, não importa onde vendeu”, disse.
Segundo o executivo, além dos centros de distribuição, a Via transformou os 1.100 endereços de lojas em hubs logísticos, com metade das entregas online partindo das lojas físicas. “Economizamos frete, sendo mais competitivos para o consumidor, mais rentáveis para o acionista e emitindo menos CO2”, avalia.
“Somos a solução de logística, independentemente de onde ele tenha vendido. É ‘agnóstico’ o negócio”, completou. “Só que nós somos uma companhia que veio lá do outro lado, movimentamos geladeira, cama e guarda-roupa a vida inteira. […] Aqui é vender e entregar, mesmo, do alfinete ao foguete.”
Sobre a rivalidade no País, Fulcherberguer avalia que muito pouco mudou na concorrência da Via com os outros players brasileiros, como Magazine Luiza (MGLU3) ou Lojas Americanas (AMER3). Entretanto, o executivo reclama de rivais fora do cenário brasileiro.
“Com toda competição leal e legal, a gente lida bem. Agora, competir com quem não paga imposto ou distribui item falsificado é fora do eixo normal da concorrência. Tem muito player crescendo mas numa base de não tributação e de vender itens de origem questionável”, disse.
Via também aposta em crescimento no crédito digital
Além da expansão do marketplace, o executivo também destacou que a companhia tem planos de crescer na oferta de crédito aos consumidores. Fulcherberguer informou que, apesar do aumento das taxa básicas de juros, não houve piora dos indicadores de inadimplência desde o início da pandemia de covid-19.
“Não basta conceder o crédito, é preciso adaptar o tamanho da parcela ao bolso do consumidor. A companhia faz isso há mais de 50 anos e digitalizamos essa inteligência”, disse.
Entre as opções, ele destaca a adaptação do crediário ao meio digital, por meio dos cartões de crédito, assim como a oferta de empréstimos pessoais desatrelados da compra de produtos, inclusive a pessoas negativadas.
“Uma parte relevante da nossa concessão é de consumidores que são excelentes pagadores aqui na Via, mas que estão com algum problema no mercado, e seguimos fazendo a concessão porque, para nós, é um excelente cliente”, disse o CEO da Via.