Após divulgar seu balanço trimestral na noite de quinta-feira (10), a Via (VIIA3) fechou em alta de 1,09% na bolsa de valores nesta sexta (11). Chegou a subir 8% no intradia.
A companhia reportou um prejuízo acima do esperado de R$ 492 milhões, ao passo que o consenso Bloomberg projetava R$ 260 milhões de prejuízo da Via.
Individualmente, analistas estimavam mais de R$ 400 milhões de prejuízo, caso do BTG Pactual, que projetou R$ 469 milhões para a última linha do balanço.
Contudo, mesmo com um resultado final pior do que o esperado, o plano anunciado pela companhia despertou otimismo nos analistas.
Juntamente com seu balanço financeiro, a empresa comunicou ao mercado por meio de fato relevante que descontinuou as projeções futuras para 2025, apresentadas em abril de 2021, deixando de lado metas que envolviam a base de clientes ativos, ganho de fatia de mercado online, break-even (empate entre perdas e ganhos) e outras questões.
Além disso, divulgou um plano de transformações. O documento, que ‘substitui’ o guidance antigo, prevê a redução de Gross Merchandise Value (volume bruto de mercadorias, GMV) entre 2% e 3%, com impacto potencial positivo no Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) entre R$ 80 milhões e R$ 150 milhões anuais, por exemplo.
Além disso, há projeção de potencial redução de estoques entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões até 2025.
Dentro dos planos da Via, também figura a estratégia de fechar de 50 a 100 lojas que não têm apresentados bom resultados, e migrar categorias de produtos que não geravam vendas rentáveis para o meio digital da empresa.
“Apesar do débil resultado, a divulgação de um plano de transformação de 2 anos tendo como prioridades a geração de caixa e melhoria da rentabilidade pode ser um catalisador de resultados já nos próximos trimestres”, destacam os especialistas da área de research do Banco do Brasil sobre o plano apresentado pela companhia.
Segundo a casa, as medidas a serem tomadas no âmbito do plano de transformação “têm potencial para destravar valor da companhia”.
Com juros menores e ‘ventos favoráveis’, o plano então deve melhorar os números futuros da companhia.
“Nesse sentido, elevamos nossa recomendação para Compra, enquanto mantemos o preço-alvo para o final de 2023 em R$ 2,30, até incorporarmos em nosso modelo premissas que contemplem as iniciativas inseridas no plano de transformação divulgado”, diz a casa.
Heitor De Nicola, especialista de renda variável e sócio da Acqua Vero, destaca que o trimestre “apertado” reportado pela empresa já estava dentro das expectativas do mercado.
O especialista ainda analisa que o movimento de fechamento de lojas feito pela empresa é análogo ao feito pela Marisa (AMAR3), “para dar uma enxugada no custo e otimizar a operação para recuperação de margem”.
“Já era um pouco esperado esse resultado apertado, como das demais varejistas, uma vez que o ciclo de queda de juros começou agora. Então a gente deve começar a ver uma melhora gradual, em geral, principalmente para essas de e-commerce que sofreram bastante. Mas, no caso de Via, a gente tem que acompanhar de fato esse novo plano estratégico que a empresa anunciou”, observa.
BTG segue com recomendação neutra para Via
Os analistas do BTG Pactual, em seu parecer, mantiveram recomendação neutra para VIIA3, com preço-alvo de R$ 3.
Sobre os números do 2T23, a casa destacou que o GMV ficou estável em um cenário desafiador para o cenário atual.
“A Via mostrou GMV consolidado de R$ 11 bilhões, em linha com nossas projeções e mal ‘movendo o ponteiro’ em relação a igual período do ano anterior”, dizem os analistas.
Além disso, os especialistas destacaram que a empresa fechou o trimestre com:
- Caixa de R$ 874 milhões (vs. R$ 1,2 bilhão no 2T22)
- Dívida bruta de R$ 3,6 bilhões (vs. R$ 3,8 bilhões no 2T22)
- R$ 1 bilhão em recebíveis de cartão de crédito (vs. R$ 2,4 bilhões no 2T22)
- Dívida líquida de R$ 2,4 bilhões considerando recebíveis (vs. R$ 1,9 bilhão em 2T22)
“O trimestre ainda mostrou um GMV fraco, enquanto a desalavancagem operacional chamou a atenção, reforçando o perspectiva desafiadora para a Via. A nova administração revelou uma série de iniciativas para lidar com a pressão de margem e melhorar o fluxo de caixa, que também deve fazer a Via realizar operações de downsizing enquanto se concentra em categorias mais rentáveis”, dizem os especialistas.
“Nós permanecemos cautelosos devido à perspectiva de comércio eletrônico competitivo, altos custos de financiamento e incerteza quanto à monetização dos créditos tributários, o que pode prejudicar sua capacidade não só de investir no crescimento de suas operações, mas também afetam sua estrutura de capital“, conclui o BTG, sobre a Via.
Desempenho de VIIA3
Cotação VIIA3