A Via (VIIA3) deve iniciar processo de negociação de dívidas de R$ 1,5 bilhão com vencimento em 2023, segundo reportou o Broadcast nesta quarta-feira (27).
A varejista já havia conseguido equalizar uma dívida de R$ 875 milhões vencidas no final do 2T22, que correspondiam a diversas debêntures.
Para começar a negociar a dívida bilionária que vence no próximo ano, a companhia decidiu emitir Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) no valor de R$ 400 milhões, cujos recursos serão utilizados para o alongamento de saldo do mesmo montante de debêntures.
De acordo com o Broadcast, o total de recursos levantados com a emissão dos CRI não foi satisfatório para a Via, que buscava arrecadar ao menos R$ 500 milhões — contudo, a demanda de mercado foi fraca e não atingiu as expectativas.
Cerca de R$ 134 milhões correspondentes ao montante total levantado foram distribuídos a investidores e os bancos coordenadores da operação. O restante foi para o BTG Pactual e UBS-BB.
Complexo cenário econômico
Nos últimos meses, a Via tem enfrentado dificuldades no mercado, vendo seus papéis cair, no acumulado de 12 meses, cerca de 88%, em meio a um cenário de inflação e juros altos que prejudicam as vendas do varejo.
O fato de carregar uma dívida maior que seus concorrentes é também um fator que pesa na queda dos papéis da companhia, cujos investidores estão agora mais atentos que nunca tanto às negociações para o alongamento da dívida de 2023, como também de 2024, que somam outros R$ 1,2 bilhão.
A maior preocupação, segundo o Broadcast, era de que uma elevação nos prêmios pagos pela companhia em novos financiamentos elevasse muito o custo do passivo da Via em tempos de juros altos.
Polêmica remuneração de executivos
Duas semanas atrás, a Via foi criticada duramente por aumentar em 64% a remuneração dos diretores da companhia em relação ao que foi pago em 2021. Em documento anexo à Ata da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), Michael Klein, acionista do grupo e filho do fundador da Casas Bahia, afirmou que a companhia, com a remuneração que totaliza R$ 105 milhões, “distribui os montantes entre seus membros e diretores a seu bel-prazer e segundo os seus próprios critérios, em inobservância do disposto no artigo 152 da Lei das S.A”.
Como reação às afirmações do investidor, a Via ameaçou com tomar “medidas legais cabíveis” contra Klein, que detém 10% das ações da VIIA3.
Nessa mesma semana, a Via havia publicado o documento referente à remuneração, aprovando um pagamento de R$ 105 milhões aos seus diretores. Os valores seriam de R$ 96,9 milhões aos diretores e R$ 8,1 milhões para remuneração do conselho de administração da Via.