O anúncio do lucro líquido de R$ 65 milhões da Via Varejo (VVAR3) no segundo trimestre de 2020 chamou a atenção após a controladora das Casas Bahia e do Ponto Frio reverter prejuízo de R$ 162 milhões no mesmo período do ano passado. O valor, contudo, foi influenciado por uma alternativa tributária excepcional, o que não diminuiu o ânimo dos investidores. Próximo das 13h (de Brasília), os papéis tinham alta de 8,37%, a R$ 19,68.
A Via Varejo incluiu cerca de R$ 364 milhões no balanço como ajuste não recorrente referente a crédito transitado em julgado de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na base PIS/Cofins. O valor ajudou a companhia a apresentar lucro ao mercado. Para além da operação, contudo, a varejista registrou prejuízo operacional de R$ 176 milhões no mesmo período.
De acordo com um analista ouvido pelo SUNO Notícias, a excepcionalidade da inclusão da revisão tributária ajuda a Via Varejo a demonstrar melhores resultados aos investidores.
“É um valor excepcional que não será incluído mais. Ou seja, a operação da empresa em si, que continua a registrar prejuízos.”, afirmou, em condição de anonimato.
Para Fernando Bresciani, analista da Mirae, o prejuízo, contudo, foi oriundo das implicações da crise causada pelo coronavírus (covid-19), e fica em segundo plano. O importante, segundo Bresciani, foi o aumento relevante na base de clientes online da companhia.
“Isso tudo é secundário. O mais importante é que a empresa tinha 1,5 milhão de clientes cadastrados on-line e passou para 15 milhões. A Magazine Luíza tinha, a efeito de comparação, 19 milhões. Então, a Via Varejo conseguiu fazer o dever de casa porque o problema dela era o site e o app. Isso entrou nos eixos e isso recuperou um atraso gigantesco”, disse.
“O prejuízo extra é por causa do Covid-19, fechamento de loja e demissão. Tudo isso foi fato passado, agora as lojas estão abertas, vendas físicas devem crescer e o online também. Isso deve jogar o múltiplo dela mais para perto do da Magazine Luíza”, afirmou o analista.
Via Varejo exalta e-commerce
Mesmo com o prejuízo na operação, a Via Varejo exaltou a transformação que vem passando para uma empresa mais digital.
Em relatório enviado ao mercado, a companhia informou que o resultado “reflete o desempenho da operação com excelente performance do e-commerce, mas desalavancagem operacional por conta da queda de receita, custos fixos vinculados ao fechamento de lojas na pandemia e aumento da despesa financeira”.
A companhia também destacou o desempenho de seu ambiente digital.
“Nesta jornada de transformação, sem dúvida, o 2T20 foi o período mais desafiador. Também foi o período de mais amadurecimento da cultura digital da nossa Companhia. Situações inéditas como a COVID-19 nos deixaram mais resilientes, ágeis e convictos da direção que estamos”.
“ Passamos a explorar ao máximo o e-commerce, com muito sucesso, atingindo resultados expressivos. Terminamos o trimestre com 70% de participação no canal online apresentando excepcional crescimento sem baixar nossas margens comerciais”, informou a companhia.
A Via Varejo registrou um volume bruto vendido nas operações de e-commerce de R$ 5,081 bilhões, no segundo trimestre. O montante representa uma alta de 280% na comparação ano a ano. Segundo a companhia, a receita bruta do canal online apresentou crescimento aproximado de 300% no 2T20 em relação ao 2T19.
A receita líquida da Via Varejo no segundo trimestre caiu 12,4%, em relação a que foi registrada no mesmo período do ano passado, passando de R$ 6 bilhões para R$ 5,3 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia somou R$ 532 milhões no segundo trimestre deste ano. O valor representa uma alta de 71,7% em relação ao apresentado no mesmo período do ano passado, de R$ 310 milhões.
O lucro operacional da Via Varejo ficou em R$ 305 milhões no trimestre encerrado em junho deste ano, o que equivale a mais de três vezes o valor registrado no ano anterior, de R$ 96 milhões.