O rebranding da antiga Via Varejo (VVAR3), hoje Via, mostra mais do que apenas uma mudança de nome. A retirada do “varejo” da alcunha busca simbolizar os novos planos estratégicos da companhia, focada, principalmente, no marketplace e em dados da tecnologia, segundo executivos que falaram durante o “Via Investor Day” realizado na tarde desta segunda-feira (26).
“Estamos reescrevendo a nossa história. Crescemos muito, ganhamos mercado e estamos com apetite para muito mais. Vamos ser a plataforma de relacionamento e consumo do brasileiro. Somos uma empresa centrada no cliente e esse mindset se espalha por toda a organização”, disse Roberto Fulcherberguer, diretor-presidente (CEO) da empresa.
“O [nome] varejo era um limitador para nós e agora tiramos ele para podermos atuar em todas as frentes dentro do nosso ecossistema. Também rompemos coma Via Varejo e os problemas do passado, é uma companhia nova, não tem controlador, tem mais de 500 mil acionistas, e achamos que a Via conversa com o futuro que estamos desenhando”, completou Fulcherberguer.
A antiga Via Varejo deve, portanto, focar no desempenho do varejo online, vendendo qualquer coisa que o consumidor quiser por meio dos chamados sellers, ofertando tecnologia de ponta a eles. Dessa forma, ela espera dobrar o número de clientes na base, passando de 22 milhões para 44 milhões em 2025.
“No mês de março, colocamos dez mil sellers para dentro da nossa plataforma. Já vemos uma recorrência começar a se escalar, vendo ótimos sinais e, nesse ritmo ,de dez mil novos sellers, não temos dúvida que mais um trimestre estaremos rampando muito a penetração do marketplace. Grande parte ou uma parte relevante que teremos no online, virá do marketplace e do sortimento infinito que teremos lá”, disse o CEO.
A companhia espera que, até 2025, consiga conquistar no mínimo 20% do market share entre os e-commerces no País. Por isso, o Gross Merchandise Volume (GMV), que significa volume bruto de mercadorias deve ficar em dois terços dos canais digitais e um terço do online.
Mas, mesmo com a alta projetada do e-commerce e do marketplace, a varejista promete atuar cada vez mais ominichannel. A companhia irá abrir uma loja de cerca de 18 mil metros quadrados na Marginal Tietê, em São Paulo, até o fim deste ano e outras 120 unidades no País, sendo metade no Norte e Nordeste.
Para Fulcherberguer, um dos diferenciais da Via é a atuação no chamado o 1P (first party), onde as empresas compram dos atacadistas e vendem diretamente para os clientes.
“Conseguimos fazer um forte e relevante ganho de marketshare não abrimos mão de rentabilidade. Temos 1P que ninguém tem. Nossa venda de móveis é relevante, sendo rentável e carrega o crediário, vamos adicionar novas funcionalidades no marketplace também. Isso nos leva a crer que será pouco relevante a taxa de risco de perder para o online”, disse.
A Via também anunciou que a compra da fintech Celer anunciada no último domingo, deve servir para a varejista trazer vendedores de lojas físicas para o marketplace, além de ampliar de crediário -já tradicional da companhia.
Ex-Via Varejo vai investir R$ 200 mi em startups
Outro anúncio realizado durante o “Via Investor Day”, foi que a Via deve investir cerca de R$ 200 milhões nos próximos cinco anos em startups. O investimento será em parceria com a Distrito, que foi adquirida pela varejista em novembro do ano passado.
“Agora, vamos replicar nossa trajetória com a seller. É um plano inicial de R$ 200 milhões nos próximos cinco anos, com recursos próprios, gerenciado com a Distrito, que investimos em novembro, buscando essencialmente empresas e startups”, disse o diretor executivo da Via, Andre Calabro.
Outro ponto de destaque da Via foi o desempenho do Banqi, o banco digital do grupo. De acordo com Fulcherberguer, a companhia deve aumentar em 20 vezes o volume de transações no ano e atingir, em breve, o breakeven. “Nossa estimativa é um breakeven do Banqi já em 2022”, disse o CEO.
Já sobre possíveis fusões e aquisições, a antiga Via Varejo afirma que está de olho em empresas menores, pontuais, mas que possam agregar a nova plataforma. “Não fazemos M&A por fazer. Estamos olhando várias oportunidades, mas uma coisa é importante: não faremos M&A por M&A”, disse Fulcherberguer.
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