Em um cenário de deflação nas últimas leituras do IPCA, investidores têm questionado a viabilidade de um aporte em Fundos Imobiliários (FIIs) de papel em virtude do risco de uma rentabilidade reduzida.
Para o CEO da Valora Investimentos, Daniel Pegorini, o movimento de retirar fundos imobiliários de papel da carteira, no momento, não é correto. O especialista concedeu entrevista ao Almoço com Gestor, quadro semanal do YouTube do Suno Notícias.
“Eu acho equivocada a decisão do investidor de vender as cotas dos fundos imobiliários com as rentabilidades mensais derivadas do IPCA negativa. No final das contas significa apenas manter o fundo na carteira com uma rentabilidade relativamente menor em um período”, analisa.
Segundo o gestor, utilizando um FII da Valora para exemplificar, há uma perda de retorno no longo prazo e um movimento que pode causar danos à carteira.
“O VGIP11 chegou a negociar a R$ 86, na época que o CDI estava a 2%, e agora ele voltou a R$ 100. O investidor não deveria, neste momento, para não ter uma rentabilidade menor de 0,3% ao mês, aceitar vender o fundo em um patamar cerca de 5% ou 6% abaixo no patrimônio. No médio e longo prazo [a deflação] não tem impacto nenhum”, afirma.
Segundo o gestor, aliás, o VGIP11 tem uma carteira atrelada à inflação, com um conjunto com CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) com proteção contra a alta de preços.
“Alguma coisa como 90% das posições do fundo são CRIs originados e estruturados por nós que o IPCA negativo não conta. Quando ele é positivo, a rentabilidade se soma ao cupom. Quando tem IPCA negativo, é considerado zero”, explica.
“Os 12 meses de 2022 devem dar um IPCA de 6%, supondo. Como excluímos os negativos, se os meses deflacionários somados derem 1,5%, o fundo pagará 7,5%”, adiciona.
Queda de rendimentos dos fundos imobiliários é pontual, diz analista
Segundo Rodrigo Medeiros, analista CNPI e fundador do DesmistificandoFII, em uma estratégia de proteção de portfólio, não é necessário rotacionar a carteira por causa da deflação.
“Para que sair vendendo os fundos, em função de uma queda pontual nos rendimentos?”, questiona.
Além disso, ele lembra que a utilização de fundos imobiliários atrelados ao CDI pode prejudicar a dinâmica da carteira. “Os FIIs com ativos atrelados aos CDI têm função de proteger a carteira da alta de juros”, lembra.
“Quando a inflação entra em rota de queda, a Selic geralmente cai. Então, esses fundos podem entregar menos rendimentos”.
A entrevista de Medeiros foi concedida em matéria da semana dos fundos imobiliários do Suno Notícias, que ocorre desta segunda (26) a sexta-feira (30).