O Papai Noel não animou o varejo no final de 2022! Segundo informações divulgadas nesta quinta (9), as vendas no comércio varejista recuaram 2,6% em dezembro. Em novembro, a queda havia sido de 0,9%.
De acordo com os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo com as quedas no fim do ano, o varejo fechou 2022 com um crescimento de 1% – o menor desde 2016.
“Esse resultado acumulado no ano está muito próximo ao dos anos anteriores. Em 2021, houve ganho acumulado de 1,4%. Então em 2022 há um crescimento similar, mas ainda mais tímido. Além disso, é muito concentrado, em termos de variação, no setor de combustíveis e lubrificantes, que acumulou alta de 16,6% no ano, uma distância grande para o acumulado dessa atividade em 2021 (0,3%)”, explicou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
A queda do varejo em dezembro de 2022 é a maior desde agosto de 2021 (-4,8%). “Esse resultado de -2,6% acentua a queda do mês anterior (-0,9%). Em agosto de 2021, a retração de 4,8% havia sido precedida por um crescimento, ou seja, era um rebatimento, o que não é o caso do resultado de dezembro. Nesse indicador não há aumento faz três meses e esse cenário é ligado a um Natal mais fraco e a uma Black Friday menos consistente”, apontou.
Na pesquisa, o setor de supermercados é o de maior peso. Esse ramo está no campo negativo há dois meses, mas conseguiu fechar o ano com um ganho acumulado de 1,4%. Na visão do pesquisador, uma das explicações para o resultado positivo no acumulado anual foi a queda de 2,6% registrada em 2021.
“Em 2022, tivemos o efeito da inflação elevada sobretudo em alimentos, o que favorece mais esse setor que outros, já que muitos deixam de consumir outro tipo de produto para continuar comprando esses itens básicos, ainda que reduzam o dispêndio de forma geral”, analisou.
Varejo apresenta queda em dezembro de 2022: análises
Na visão de Rafael Perez, economista da Suno Research, essa tendência de queda dos últimos meses é um sinal de que as altas taxas de juros já começaram a influenciar o setor. Além disso, o especialista disse que o aumento da inadimplência e do endividamento das famílias também impactou o varejo.
Por isso, dado o cenário doméstico ainda desafiador, acreditamos que nos próximos meses deve se manter essa tendência de desaceleração do segmento de varejo.
“O fraco desempenho das vendas do varejo em dezembro já reflete o desaquecimento da economia, efeito defasado do longo processo de aperto monetário recente. Além disto, repercute a exaustão do efeito dos benefícios sociais – como a expansão do Auxílio Brasil – como sugere a queda generalizada do varejo no mês”, destacou João Maurício Lemos Rosal, economista-chefe da Terra Investimentos.
Com informações da Agência IBGE