Venda da Oi (OIBR3) deve passar pelo Cade sem desafios, diz BBI
A venda dos ativos móveis da Oi (OIBR3) para Tim (TIMS3), Vivo (VIVT3) e Claro não deve enfrentar “desafios relevantes” para ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) porque as empresas estruturaram a operação de modo a manter a competição entre elas.
Esta é a avaliação do Bradesco BBI sobre a operação, divulgada por meio de um relatório. Segundo o banco, as empresas respeitarão um market share de cerca de 33% em cada região.
“Em termos operacionais, as empresas terão que manter as condições dos planos da Oi, ao menos nos primeiros estágios da transação, para preservar as ofertas atuais aos clientes”, afirmou o BBI.
Segundo os analistas Fred Mendes, Cristian Faria e Gustavo Tiseo, que assinam o relatório, a operação móvel da Oi possui mais de 800 planos, mas 80% dos clientes estão incluídos em 5% das ofertas.
“Então acreditamos que ocorrerá alguma racionalização destas ofertas para simplificar o processo”, afirmaram.
Além disso, o BBI prevê que a operação será concluída até o final de 2021, após a aprovação do Cade.
Venda da Oi vai beneficiar o setor, avalia o banco
De acordo com a instituição financeira, a operação vai trazer os seguintes impactos positivos para o setor:
- Competição “mais racional” em um mercado com três players.
- Maior eficiência na alocação de capex com um espectro de frequência mais amplo.
- Oi poderá usar o recurso para desalavancagem e desenvolvimento em FTTH (fibra para casa).
BBI prevê impacto de R$ 1,1 por ação da Tim
De acordo com o banco, o impacto das sinergias será de R$ 1,1 por ação (alta de 7,8%) para a Tim.
Já para a Vivo, a alta pode ser de R$ 0,9 por ação (alta de 2%). As estimativas incluem ganhos em investimentos e operacionais, mas podem ter ganhos de eficiência adicionais com o aumento do espectro.
Na visão dos analistas, a compra das redes móveis da Oi é uma operação positiva para todo o setor, “considerando que Tim, Vivo e Claro conseguiram um acordo com riscos limitados de aprovação, ao deixar o mercado mais racional e equilibrado.”
O banco acrescentou que a Tim e Vivo operam com valuations descontadas atualmente, de 4,9 vezes e 4,6 vezes EV (Valor da empresa)/Ebitda 2021. Ambos abaixo da média histórica, o que ainda não precifica a melhora estrutural do setor, segundo o BBI.
Tim ficará com maior parte dos ativos da Oi
Conforme divulgado, a Tim vai pagar a maior parte do valor da compra, com R$ 7,8 bilhões, ou 45% do total. A Tim espera obter os recursos com dívida e também com geração própria de caixa.
A Tim vai receber 54% do espectro e 40% da base de clientes da Oi.
A Vivo vai pagar R$ 5,7 bilhões (33% do total) e vai receber 46% do espectro e 29% da base de clientes.
Já a Claro/AMX vai pagar R$ 3,8 bilhões (22% do total) e vai receber 32% da base de clientes, mas nenhum espectro, pois ela já tem ativos nesta área desde a compra da Nextel.
Segundo o BBI, a principal diferença em relação às suas expectativas foi que a Tim e Vivo ficaram com 54% e 46% do espectro da Oi, enquanto o banco previa 50% e 40%, respectivamente.