Seguindo o ciclo de dividendos polpudos de 2021, quando a Petrobras (PETR4) e a Vale (VALE3) distribuíram sozinhas mais proventos do que todo o restante da Bolsa, o ano de 2022 tem mantido o caixa das companhias abertas na mão dos acionistas, com diversas empresas pagando altos proventos em relação às suas cotações.
Levantamos cinco pagadoras de dividendos que possuem os maiores dividend yields (DY) da Bolsa brasileira durante os últimos 12 meses. Os dados são da plataforma do Status Invest, atualizados no início deste mês de outubro.
O yield, ou DY, é o indicador que mostra quanto um ativo pagou em proventos nos últimos 12 meses em relação às suas cotações atuais.
Ou seja, é a proporção da remuneração por ação ante o preço que é pago por ela, medindo assim o retorno real para o acionista simplesmente por manter a empresa em sua carteira.
Nesse ranking, desconsideramos empresas que estejam com alguma sazonalidade ou ajuste societário que ocasione um DY muito além do normal.
Como exemplo, empresas como a Companhia Energética de Brasília, a CEB (CEBR6), e a Syn Prop e Tech (SYNE3) pagam 150% e 174% de DY.
Após um ano de 2021 com retornos altos em ações pagadoras de dividendos, analistas da XP Investimentos apontam que o momento atual ainda é propício para esse tipo de ativo.
“Acreditamos que investimentos em Bolsa continuam oferecendo boas oportunidades no cenário atual. Em particular, ações pagadoras de dividendos seguem sendo atrativas olhando para seus ganhos acumulados ao longo do tempo”, dizem os especialistas Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig.
As 5 empresas que mais pagaram dividendos até então
- Petrobras (PETR4): 51,7% de DY
- Braskem (BRKM5): 33,1% de DY
- Bradespar (BRAP4): 30,8% de DY
- Marfrig (MRFG3): 25,3% de DY
- Gerdau Metalúrgica (GOAU4): 25,3% de DY
Petrobras segue no topo
A empresa foi considerada a maior pagadora de dividendos do mundo pela Janus Henderson, gestora britânica. Com melhora da saúde financeira, desinvestimentos e alta do petróleo, a estatal conseguiu bater metas e pagou R$ 16,6682 por ação preferencial nos últimos 12 meses.
Com isso, o payout é de praticamente todo o lucro líquido.
A companhia segue, ainda, com valorização de 81,4% nas suas ações na mesma janela.
Considerando a rentabilidade das ações e os proventos, o retorno total dos papéis PETR4 nos últimos cinco anos foi de 286%.
Braskem segue com yield alto após ‘2021 áureo’
A companhia teve o maior retorno em termos de rentabilidade na Bolsa no acumulado de 2021. Com a melhora da saúde financeira e uma geração de caixa, a petroquímica distribuiu R$ 9,2354 por ação preferencial nos últimos 12 meses.
Contudo, vale lembrar que estimativas de margens mais apertadas em diversos polímeros reduzem as expectativas futuras para a empresa.
Além de diversos analistas terem cortado o preço-alvo para os papéis, o mercado precificou uma possível redução na dinâmica financeira da empresa, ocasionando uma baixa de 45% nos papéis nos últimos 12 meses.
Bradespar mantém yield acima de 30%
A empresa ostentava o maior yield da B3 até pouco tempo, mas segue sustentando um dividend yield ainda acima de 30%.
Apesar de algumas casas projetarem uma elevação do indicador, a desaceleração na China – e, por consequência, a queda do minério de ferro – prejudicou a companhia.
Isso porque a Bradespar é o braço de participações do Bradesco e praticamente replica o desempenho da Vale, já que tem boa parte do seu portfólio aplicado na mineradora.
Apesar de fora da lista, a Vale (VALE3) paga cerca de 10% em DY, em uma média de R$ 7,2913 por ação nos últimos 12 meses. A sua distribuição mais relevante ocorreu em setembro de 2021, com R$ 8,19 distribuídos por ação em somente uma remessa.
Marfrig se mantém no ranking em meio à quedas
Destaque em 2021, com boa rentabilidade nas operações na América do Norte, a empresa sofre com 53% de queda nos papéis em seis meses.
Apesar disso, o caixa gerado e o lucro de R$ 18 bilhões nos três últimos resultados acumulados elevaram o pagamento de dividendos.
Gerdau Metalúrgica destoa em meio ao setor
Com retração generalizada em empresas de mineração e siderurgia, a Gerdau Metalúrgica se mantém no ranking com R$ 2,3 pagos por ação nos últimos 12 meses.
São, ainda, 8% de alta nos papéis na mesma janela de tempo – ante uma queda dos seus pares.
No acumulado de 2021, a empresa pagou pouco mais de 50% do seu lucro em dividendos aos seus acionistas e, em 2022, até então, foram quase 30% de payout.
Nos seus últimos três resultados trimestrais a empresa acumulou R$ 24 bilhões de Ebitda e R$ 86,1 bilhões de receita líquida.
Outras boas pagadoras de dividendos
Outras pagadoras de dividendos que seguem yield elevado são: Cosern (CSRN6 ), com 21,6%, a Sondotecnica (SOND5) e a Unipar (UNIP3), com 20% e 17%, respectivamente, e a CSN Mineração (CMIN3), com quase 14,8% de DY.