Nesta quarta-feira (3) o Banco Central (BC) reajustou a Selic para 13,75%, conforme esperado pelo consenso de mercado. Ainda que a taxa básica de juros esteja em um patamar relativamente elevado – ante 2% no primeiro ano da pandemia, em agosto -, algumas empresas do Ibovespa ainda mantêm um fluxo de dividendos acima da taxa básica de juros.
Levantamos cinco pagadoras de dividendos da bolsa que possuem um dividend yield acima dos 13,75% da Selic, considerando os proventos distribuídos pelas companhias nos últimos meses. Os dados são compilados pela plataforma do Status Invest.
O yield é o indicador que mensura quanto um ativo pagou em proventos nos últimos 12 meses em relação às suas cotações atuais.
Ou seja, a proporção da remuneração de dividendos por ação ante o preço que é pago por ela.
Além disso, especialistas reforçam que pagadoras de dividendos e companhias mais sólidas tendem a ser mais ‘recomendáveis’ em contexto de alta da Selic, considerando que empresas que tomam dinheiro emprestado para crescer são mais penalizadas.
A alta da Selic deve seguir, e o mercado projeta uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em 21 de setembro.
“O BC aumentou a taxa de juros em 50 pontos na última reunião, em linha com o que o mercado vinha esperando. Nesse encontro, o principal ponto de atenção estava direcionado à sinalização de medidas futuras”, afirma o head de gestão de investimentos da Warren, Igor Cavaca.
“Diferente do que vínhamos esperado, o Copom sinalizou que seguirá com ciclo de aperto monetário “avançando significativamente em território ainda mais contracionista”. Também sinalizou um aumento de menor magnitude na próxima reunião, que deve ser de 25bps”, acrescenta.
Cinco empresas que pagam dividendos acima da Selic:
- Bradespar (BRAP4) – DY de 34,5%
- Petrobras (PETR4) – DY de 33,7%
- Braskem (BRKM5) – DY de 27,1%
- Gerdau Metalúrgica (GOAU4) – DY de 25,2%
- Marfrig (MRFG3) – DY de 24%
Empresa com maior yield da bolsa atualmente, o braço de investimentos do Bradesco soma 34,41% no indicador nos últimos doze meses, pagando R$ 7,6 por ação, na média.
Segundo levantamento da Economatica, o yield deve aumentar neste ano, podendo chegar a 44,5% no caso das ações ordinárias.
Vale frisar que a Bradespar praticamente replica o desempenho da Vale por ter boa parte do seu portfólio aplicado na mineradora.
Já a Petrobras tem sido considerada uma das favoritas em carteiras de dividendos, com pagamentos robustos de dividendos.
Foram R$ 13,41 por ação pagos neste ano de 2021, ante R$ 5,6 vistos em 2021 – quando a companhia já era classificada como ‘galinha dos ovos de ouro’ por analistas, justamente por conta dos proventos acima da média.
A Vale, que costumava ser um destaque por causa dos proventos, ficou de fora do Top 5 e tem seu cenário revisado por analistas. A empresa pagou um yield de 17,75% nos últimos 12 meses, e casas como o Bank of America (BofA) mantém cautela com os papéis vendo o preço das commodities.
Em revisão recente, BTG Pactual (BPAC11) trocou as ações da Vale por papéis PETR4 na sua carteira de dividendos.
“Optamos por retirar Vale devido a receios com retomada da atividade na China (mercado imobiliário segue fraco). A entrada de Petrobras é justificada pela nossa visão mais benéfica para Petróleo e momento positivo de dividendos da companhias”, dizem os analistas.