Os surtos da variante Delta não devem impedir o controle do coronavírus (covid-19), explica o Itaú Unibanco (ITUB4) em relatório sobre a economia global, nesta quinta-feira (8), justificando que as vacinas parecem eficazes contra casos graves.
De acordo com o Itaú, países com elevada porcentagem da população completamente vacinada, sobretudo mercados desenvolvidos, devem enfrentar situação semelhante à que se observa atualmente no Reino Unido, onde os casos estão
aumentando, mas as taxas de hospitalizações permanecem baixas e os surtos não estão levando a novas restrições econômicas ou inviabilizando o processo de reabertura.
“Os países emergentes avançarão no controle da pandemia durante o segundo semestre de 2021, mas ainda haverá ondas letais em regiões onde o ritmo de vacinação segue lento. Esperamos um cenário positivo para os emergentes no período à medida que a imunização progride, mas esperamos trajetórias distintas de um país para outro”.
As populações de Chile, Uruguai e Hungria já estão quase totalmente vacinadas, lembra o documento, no entanto, outros países, principalmente na Ásia, vão demorar alguns meses para apresentar uma aceleração significativa.
Apesar da incerteza sobre a eficácia das vacinas contra a variante Delta em países emergentes que dependem dos imunizantes com vírus inativo, o maior risco por enquanto parece envolver baixas taxas de vacinação, e não a eficácia deles. Regiões com uma pequena porcentagem da população imunizada, como Rússia, África do Sul e sul da Ásia, enfrentam aumentos de casos e mortes devido à variante Delta, completa o relatório.
América Latina
Na América Latina, aparentemente outras variantes se sobrepõem à Delta, pelo menos no curto prazo. A região continua tendo maior mortalidade por covid-19. “A experiência passada mostra que é difícil uma variante se disseminar onde outras já são dominantes e as taxas de infecção são altas”.
Diante disso, o Itaú vê menos risco de avanço repentino da Delta na América Latina no curto prazo. A vacinação acelerada pode evitar uma onda mortal devido à variante Delta mais adiante.
O risco de inflação nos EUA
Em relação aos Estados Unidos, a inflação e o ritmo de crescimento dos salários seguem elevados, mas ainda são impulsionados por pressões transitórias. O núcleo do CPI subiu 3,8% nos 12 meses até maio, enquanto o núcleo do PCE avançou 3,4%, lembra o documento.
A aceleração da inflação ainda é impulsionada principalmente por preços mais altos para itens mais voláteis sujeitos a problemas de abastecimento tanto por questões que envolvem estoques reduzidos (carros usados, locação de automóveis) quanto pela reabertura econômica (vestuário, passagens aéreas, hospedagem).
Por outro lado, itens menos voláteis do núcleo de inflação, como os preços de habitação, tiveram pequena elevação até o momento, o equivalente de aluguel para o proprietário no CPI subiu 2,1% nos 12 meses até maio e 2,0% em abril, e “esperamos normalização gradual para o ritmo pré-crise (3,3%). Os salários (segundo o ganho médio por hora) também permaneceram pressionados pela escassez temporária de mão de obra, mas mostrou sinais de desaceleração em junho (chegando a 0,3% na comparação mensal, vindo de 0,4% em maio e 0,7% em abril) que devem se manter nos próximos meses”, informou o relatório.