Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3)? Veja que empresas do varejo serão mais afetadas pelos juros altos nos EUA e Brasil
Parte das empresas de varejo podem enfrentar mais dificuldades que outras a partir do próximo semestre. É o que afirma o especialista em renda variável e sócio da The Hill Capital, Christian Iarussi. Para ele, companhias que vendem bens duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos, devem enfrentar desafios devido ao alto nível de endividamento das famílias brasileiras.
A perspectiva surge após divulgação da última pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor, que mostra que 68,7% das famílias estão endividadas, o que dificulta a compra de bens não essenciais e de maior valor. Empresas como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), segundo o especialista, podem ser mais afetadas por essa situação.
Por outro lado, Iarussi diz que as varejistas que oferecem produtos com preços mais baixos, como Lojas Renner (LREN3), itens essenciais como alimentos, exemplificados pelo Assaí (ASAI3), e aqueles voltados para consumidores de alta renda, como Vivara (VIVA3), têm perspectivas mais favoráveis. “Esses, de fato, devem se recuperar mais rapidamente em um cenário de menor sensibilidade às taxas de juros”, diz Iarussi.
O especialista aponta que dois fatores devem impedir o crescimento do varejo: a redução da taxa básica de juros, a Selic, e a decisão dos Estados Unidos de adiar os cortes de juros. “De um lado, a queda dos juros abre um raio de esperança, pois pode baratear o crédito e impulsionar o consumo, especialmente de produtos duráveis como eletrodomésticos e móveis, geralmente adquiridos por meio de financiamentos. Isso poderia levar a um aumento nas vendas do varejo, aquecendo a economia como um todo”, afirma.
No entanto, na visão dele, a inflação contínua e a prudência do Banco Central em reduzir a Selic rapidamente limitam o otimismo. “A corrosão do poder de compra das famílias devido ao aumento dos preços pode desestimular o consumo, especialmente de itens não essenciais”, pontua.
Outro vilão é a decisão dos Estados Unidos de adiar os cortes de juros, já que essa medida também afeta o mercado brasileiro. A expectativa de que os juros americanos devem cair menos do que o previsto, com apenas dois cortes previstos para este ano, diz Iarussi, fez o Banco Central adotar uma abordagem mais conservadora. Isso levou a uma redução no corte da Selic de 0,50 para 0,25 pontos percentuais em 8 de maio, prolongando a vulnerabilidade do setor devido aos juros altos e à inflação.
Ainda vale investir em empresas do varejo?
Nesse cenário, Iarussi acredita que todos os investimentos devem ser definidos de acordo com o perfil do investidor, especialmente quando se trata de ativos mais voláteis. Ele menciona Assaí, Vivara e Lojas Renner como empresas do varejo com boas perspectivas para investir.
Assaí (ASAI3) deve se beneficiar no segundo semestre devido à recuperação da inflação no setor alimentício, já observada nos últimos meses no grupo de alimentos e bebidas. “Além disso, a empresa apresenta perspectivas promissoras de desalavancagem e o ciclo de reduções na taxa Selic pode favorecer os resultados líquidos”, observa o especialista.
Já a Vivara (VIVA3), segundo ele, é uma marca consolidada que oferece produtos voltados para um público que busca sofisticação e elegância a preços moderados. A linha Life, inaugurada em 2011, foca em um público mais jovem e facilita o acesso ao mercado de joias. “A empresa continua a executar com eficácia seu plano de expansão de lojas e penetração da marca Life. Além disso, demonstra resistência caso o cenário de aversão ao risco volte a ser predominante no mercado”, afirma Iarussi.
Quanto à Lojas Renner, apesar de uma queda nas vendas nos trimestres anteriores, apresentou uma recuperação no segundo trimestre do ano passado. Para o especialista, vale a pena investir na varejista de moda porque a empresa registrou um lucro líquido de R$ 139,3 milhões no primeiro trimestre deste ano (1T24), um aumento de 198% em relação ao mesmo período do ano anterior (1T23), superando a estimativa de R$ 38,8 milhões. “A Renner tem uma posição favorável para aumentar sua participação de mercado no fragmentado setor de varejo de vestuário brasileiro”, finaliza.