Com Ibovespa na máxima histórica, chegou a vez do varejo?
Nesta segunda-feira (19), dia que o Ibovespa fechou em nova máxima histórica aos 135.778 mil pontos, o setor de varejo chamou a atenção. Isso porque o Magazine Luiza (MGLU3) saltou 10,65%, enquanto a Casas Bahia (BHIA3), fora do índice, disparou 15,61%.
Dado o cenário de juros ainda altos e as incertezas em relação à trajetória da inflação, o setor de varejo vem ficando para trás na Bolsa. Enquanto o Ibovespa sobe cerca de 1,30% em 2024, o índice de consumo (ICON) cai por volta de 4%.
Nesta segunda-feira, um dos principais motivos para as disparadas de Magazine Luiza e Casas Bahia foi o fato da gestora Squadra ter encerrado a posição vendida nos papéis. Contudo, Luiz Fernando Grubert, consultor na Suno Consultoria, ainda evita adotar um tom otimista em relação aos ativos.
“Apesar do varejo ampliado apresentar alta no acumulado do ano, ainda nos mantemos cautelosos. Especialmente porque o segmento ‘linha-branca’, que é um dos mais competitivos, está operando com margens baixas e em alguns momentos até negativas. Isso gera uma incerteza grande quanto ao futuro dessas empresas”, diz.
Nos Estados Unidos, boa parte do mercado aposta em uma queda nos juros em setembro. A concretização desse cenário tende a ser positiva para o Brasil, diz Grubert, ainda que isso não seja suficiente para mudar o cenário do varejo no Ibovespa.
“A queda de juros nos EUA aumenta o nosso diferencial de juros, mas ainda é necessário analisar outras variáveis. Hoje, temos um nível de endividamento recorde no Brasil, o que também impacta na propensão ao consumo. Assim, temos preferido outros setores com oportunidades mais claras e menos riscos potenciais”, afirma o consultor.
Grubert destaca que o varejo é um setor muito amplo e diversificado, que depende de variáveis macroeconômicas e, por isso, acaba sendo mais volátil. Além disso, a alta competitividade reflete em margens menores para as companhias do segmento.
Como cases positivos, o consultor destaca ações do varejo alimentício, como Grupo Mateus (GMAT3), e teses que apresentam poder de marca e precificação, como Track and Field (TFCO4) e Vivara (VIVA3).
Essas, segundo ele, são opções mais resilientes mesmo em momentos nos quais a economia está enfraquecida.
“Grupo Mateus faz parte de um setor essencial, e Track and Field e Vivara têm públicos fiéis e com maior poder aquisitivo, que tendem a sofrer menos o impacto de variáveis macroeconômicas”, explica.
Apesar de ver esses papéis do varejo com bons olhos, Grubert ressalta que, neste momento, prefere se posicionar em outros setores da Bolsa.