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Após ano turbulento, vale a pena investir nas varejistas em 2024?

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Varejistas. Foto: Pixabay.

Em 2023 o varejo sofreu inúmeros reveses, de resultados ruins a escândalos, passando por fechamento de lojas e pedidos de recuperação judicial. Os juros começaram a cair, mas as empresas do setor ainda sofrem com as taxas altas e com o impacto da pandemia. Contabilizam os danos, enquanto o mercado já se pergunta: vale a pena investir em varejistas no ano que vem? 

Para Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, 2023 trouxe vários aprendizados para o setor – o principal deles foi entender que uma boa análise envolve fatores macro e microeconômicos e que é preciso separar muito bem as varejistas que se destacam em cada cenário. 

“Vimos, por exemplo, no varejo de moda, um ano de ambiente macroeconômico complexo. Alguns players tiveram mais dificuldades para navegar ao longo do ano, como a Lojas Renner (LREN3), cujas ações recuam mais de 16% no acumulado do ano. Porém, alguns fatores micro foram determinantes para alguns papéis, a exemplo da C&A (CEAB3), que realizou diversos avanços operacionais e cujas ações sobem mais de 260% no ano”, pontua.

Vitorio Galindo, analista da Quantzed, avalia que além desses fatores macro e microeconômicos, algumas varejistas acabaram tomando decisões erradas no período. “Muitas se alavancaram demais, queimaram margem. Outras compraram estoques errados e aí, para liquidar esses estoques, tiveram grandes prejuízos. Teve até caso até de empresa com margem bruta negativa para liquidar estoque”, explica Galindo.

Em contrapartida, aquelas que estavam com uma estrutura financeira correta e pouco alavancadas tomaram boas decisões de alocação de capital nos anos anteriores, quando os juros estavam baixos. “Essas continuaram com um bom resultado, desempenho acima do esperado. Agora, as que erraram estão pagando pelos erros”, completa Galindo.

Quais são os riscos que os investidores precisam ficar atentos em relação ao varejo?

Para Costa, da Toro Investimentos, em um primeiro momento, é preciso observar o andamento mundial do ciclo de juros, já que a possibilidade de queda nas taxas – em especial nos Estados Unidos – abre maior espaço para redução na taxa Selic aqui no Brasil. 

Segundo ele, caso as taxas permaneçam mais altas no exterior, ainda que observada uma desaceleração da inflação no Brasil, dificilmente a Selic chegará a patamares muito baixos, dado o impacto que essa decisão traria para o câmbio. 

O Comitê de Política Monetária (Copom), inclusive, deve confirmar amanhã (13) mais um corte de 0,5 ponto percentual da taxa de juros, passando dos atuais 12,25% ao ano para 11,75%. 

“Além disso, no ambiente local, é preciso monitorar o consumo das famílias e o nível de endividamento da população, porque essas características são fundamentais para o setor”, completa Costa.

Já Vitorio Galindo, da Quantzed, aconselha ao investidor ficar atento não apenas a indicadores como inflação, taxa de juros e medidas do governo que possam impactar a meta fiscal do Brasil, mas também em dados de desemprego e endividamento dos consumidores, mais sensíveis às varejistas.

“Tudo isso é bem relevante para o varejo. Para quem nunca tinha visto um ciclo de alta de juros, inflação, empresas altamente endividadas sofrendo, 2023 talvez tenha sido um aprendizado, mas era algo que, na minha visão, já era esperado”, acrescenta Galindo.

Varejo em 2024: cenário, em geral, é de otimismo para o setor

Entre os analistas, é consenso que após um 2023 desafiador para as empresas do segmento varejista como um todo, para 2024, a expectativa é de um cenário mais favorável. 

“O corte de juros, por exemplo, é fundamental para o setor, porque possibilita melhora para o crédito das famílias e também contribui para queda das despesas financeiras das companhias mais alavancadas”, diz Gabriel Costa, da Toro Investimentos.

Neste sentido, Galindo, da Quantzed, acredita que algumas empresas devem se beneficiar da queda dos juros em 2024, com o consumidor conseguindo ter um poder de crédito maior para comprar. Entretanto, alerta o analista, isso pode não valer para todas as varejistas.

“Aquelas que estão estranguladas e com a estrutura de capital totalmente errada pode apresentar grande alavancagem, com despesa financeira e com a própria despesa geral das companhias lá em cima. Não estão conseguindo ter margem na venda dos produtos. Nem o macro vai resolver o problema. Não dá para generalizar totalmente e falar que todas as empresas do setor vão ter um bom desempenho”, destaca.

Quais são as melhores empresas de varejo da Bolsa para investir em 2024? 

Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, fez uma indicação especial de algumas das melhores empresas de varejo para investir em 2024 – duas voltadas para o público de maior renda, que são menos sensíveis ao ambiente macroeconômico adverso, e uma companhia que se beneficia de uma renda média mais baixa da população. São elas:

Assaí (ASAI3)

Para os analistas, o Assaí (ASAI3), em expansão como atacado de autosserviço, concentra-se em escolher estrategicamente suas localizações e tem aprimorado a experiência de compra com a introdução de novas seções nas lojas e ofertas exclusivas por meio do aplicativo. 

“A conversão dos hipermercados Extra tem apresentado bom desempenho, com uma margem Ebitda saudável. Embora a empresa tenha enfrentado um ambiente desafiador em 2023 devido à deflação no setor alimentício, a expectativa para 2024 é de uma normalização dos preços, combinada com a redução do endividamento da empresa, o que pode resultar em melhores resultados”, diz.

Vivara (VIVA3)

Costa ressalta que a Vivara (VIVA3) mantém sua posição de liderança no mercado brasileiro de joias, detendo uma participação superior a 18% e atendendo a diversos perfis socioeconômicos. Para ele, a empresa é destaque no comércio digital e na integração de canais de vendas. 

“A expansão da linha Life, que oferece produtos acessíveis em prata, desempenha um papel significativo no aumento da receita. Observamos melhorias no mix de produtos e na alocação eficiente de capital, respaldando estratégias positivas e sustentáveis, incluindo a abertura de novas lojas para aproveitar as altas margens operacionais e líquidas”, destaca.

Arezzo&Co (ARZZ3)

Com uma ampla distribuição, abrangendo lojas próprias, franquias, e-commerce e outlets, Gabriel Costa lembra que a Arezzo&Co (ARZZ3) possui know-how em gestão multicanal e que sua cadeia de valor completa envolve pesquisa, desenvolvimento, merchandising, produção e logística, respaldada por um corpo executivo com histórico de sucesso. A empresa é, portanto, uma boa opção para o investidor ficar de olho.

“Apesar dos desafios macroeconômicos, a Arezzo&Co mantém resultados consistentes, especialmente no mercado de roupas voltado para públicos de alta renda. A ênfase no web commerce contribui para avanços significativos, destacando eficiência logística e otimização do mix de produtos, sugerindo estratégias positivas e sustentáveis a longo prazo”, finaliza Costa sobre as melhores ações de varejistas para ficar de olho em 2024.

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