A Vale (VALE3) informou, na última quarta-feira (20), que dará o primeiro passo para o desinvestimento em negócios de carvão. Segundo a empresa, a decisão vai de encontro com o objetivo em priorizar suas principais operações e sua agenda ESG. A XP Investimentos viu o movimento com bons olhos.
Segundo os analistas Yuri Pereira e Thales Carmo, a decisão por sair do negócio é positivo para a Vale, pois a empresa passará a concentrar seus esforços na operação principal, que é o minério de ferro. Além disso, o desinvestimento poderá alavancar a geração de caixa da companhia no longo prazo.
A corretora mantém a recomendação de compra para os papéis da Vale, com um preço-alvo de R$ 86. Embora o risco de investir na companhia, na concepção da XP, seja alto, o papel é um dos favoritos da casa. Com base no preço atual das cotações, de R$ 92,32, contudo, o downside é de 6,85%.
De acordo com a XP Investimentos, os principais gatilhos para a Vale continuam sendo:
- A forte geração de caixa, mesmo considerando uma queda no preço do minério de ferro até o fim do ano;
- Prêmio de qualidade do minério e retomada da produção (350 milhões de toneladas em 2021);
- Ações descontadas frente aos pares, negociando a um EV/Ebitda abaixo da média histórica.
A maior ameaça a esse cenário positivo é o fechamento das operações em caso de maior contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19), o que impactaria os volumes de vendas. Os riscos relacionados a barragens de rejeitos também fazem parte do panorama a ser monitorado.
Planner: Vale sairá de negócio que trouxe prejuízo
A corretora Planner também enxergou de forma positiva o anúncio. Segundo os analistas da casa, apesar do aumento do endividamento consolidado, “pode significar um passo importante para a Vale sair deste negócio que trouxe tanto prejuízo”.
No terceiro trimestre de 2020, o negócio de carvão apresentou uma receita de US$ 103 milhões, ao passo que o custo de produção atingiu US$ 321 milhões. Os resultados perfazem um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo em US$ 213 milhões.
Em relatório, o BTG Pactual (BPAC11) também reiterou a recomendação de compra das ações da Vale, com preço-alvo de US$ 21 (enquanto a ADR negocia a aproximadamente US$ 17,45). O banco de investimento, ainda, salientou que os papéis da mineradora continuam baratos “sob qualquer métrica”, mas que o risco inerente às operações da empresa serão diluídos de forma gradual.
As ações da Vale fecharam o pregão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) na última quarta com uma baixa de 1,85%. O resultado no mês, contudo, é positivo em 5,57%. Nos últimos 12 meses, as ações se valorizaram 67,23%, acompanhando a disparada do preço do minério de ferro na China.