Em evento realizado na quinta-feira (07), o presidente-executivo da Vale (VALE3) disse que a empresa não está cogitando uma cisão de curto prazo para sua unidade de metal básico. Segundo o executivo, a unidade precisa de uma “transformação” antes que esse plano seja colocado em prática.
“Ainda não estamos falando de um spin-off. O problema aqui é o tamanho do negócio”, disse Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale, durante o Financial Times Mining Summit.
A venda da unidade de metais básicos é uma plano antigo da mineradora que, segundo a Reuters, ainda era cogitado até abril deste ano. A primeira notícia sobre esse spin off é de 2014, sendo postergado para 2015 e depois temporariamente abandonado.
Bartolomeo disse que parte do problema é o valor do negócio. A unidade de metais básicos gera US$ 3,5 bilhões em receita por ano para a Vale, o que resultaria em um valor de venda de “mais ou menos US$ 25 bilhões”.
Para chegar a um spin-off desse tamanho, “o negócio ainda precisa ser ajustado, transformado e passar por uma transformação interna”, diz a mineradora.
Problemas internos
Desde 2014, quando a Vale cogitou o spin off de metais básicos, a companhia já passou pelas tragédias de Mariana (MG) – em novembro de 2015 – e Brumadinho (MG) – janeiro de 2019.
Além das vidas perdidas (19 em Mariana e 270 em Brumadinho), dos danos ambientais, multas e longos processos judiciais, ambos os incidentes também deprimiram o valor da empresa.
“Somos vistos como uma ação arriscada”, disse Bartolometo, acrescentando, entretanto, que “a Vale fez o dever de casa. Agora não é uma empresa arriscada”.
Recentemente, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) determinou que a Samarco Mineração e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, paguem R$ 2,5 bilhões para reparação aos atingidos pelo acidente em Mariana. Segundo a Promotoria, o processo pode beneficiar 1.300 famílias.
Sobre Brumadinho, um estudo feito pela Universitat Politécnica de Catalunya, acompanhado pela Polícia Federal do Brasil, indicou que a possível causa do rompimento da barragem foi uma perfuração determinada pela Vale em local sensível e sujeito a liquefação (processo em que uma massa de solo passa a se comportar como um líquido, conforme o observado no rompimento da barragem).
A Vale é uma das maiores mineradoras de minério de ferro do mundo. Atualmente a empresa tem um patrimônio líquido de R$ 211,93 bilhões e seu valor de mercado está avaliado em R$ 407,31 billhões.