No fim desta segunda-feira (26) a Vale (VALE3), enfim, anunciou o nome do seu novo CEO: Gustavo Pimenta assumirá o comando da empresa no ano de 2025 após uma decisão unânime do Conselho de Administração da empresa.
Com a decisão sobre o CEO da Vale, se encerra uma novela extensa, dado que os últimos meses foram marcados por especulações sobre o nome que substituiria Eduardo Bartolomeo no próximo ano.
Isso, dado que algumas especulações citavam pressão de Brasília dentro da companhia. Apesar de ser uma empresa privada e uma corporation – empresa com controle diluído – a mineradora tem como seu maior acionista individual a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), por quem o governo exerce pressão.
Contudo, a escolha de Gustavo Pimenta foi relativamente bem vista pelo mercado, dado que o executivo já estava na Vale e é um executivo; um nome vinculado ao mercado, acalmando os ânimos sobre uma possível ‘influência política’, como foi citado por um dos conselheiros que renunciou há alguns meses.
A resposta de imediato, no preço das ações da Vale, é positiva – os papéis VALE3 sobem cerca de 3% nesta terça (27) com o mercado digerindo o novo nome para comandar a companhia.
Além disso, analistas teceram elogios ao nome de Pimenta. A troca é vista com bons olhos e, nesse sentido, a expectativa é de que a estratégia e as diretrizes da atual gestão sejam mantidas.
“A saída do Sr. Bartolomeo era esperada, e acreditamos que uma substituição interna reduz a probabilidade de mudanças significativas na estratégia da empresa e acelera as negociações em andamento com o governo (por exemplo, Mariana, concessões ferroviárias e licenças). Abordar essas questões provavelmente estará entre as principais prioridades do Sr. Pimenta”, diz o Itaú BBA.
Segundo o BBA, a companhia atingiu “marcos importantes” durante o mandato do atual CEO, incluindo o reforço das linhas de defesa em seu modelo de gerenciamento de risco e a criação da função de “Engenheiro de Registro”.
“Mais recentemente, a Vale estabilizou seus sistemas de produção e provavelmente entregará o limite superior de sua orientação de produção de volume para 2024. Em termos de alocação de capital, a Vale distribuiu consistentemente a maior parte do caixa gerado nos últimos anos por meio de dividendos/recompras”, completa a casa.
Segundo o BTG Pactual, Pimenta “construiu uma sólida reputação com investidores e dentro da comunidade de mineração”.
“Embora não seja uma surpresa completa — vários meios de comunicação já haviam relatado que um candidato interno estava na vanguarda para o cargo — acreditamos que o momento da nomeação é uma grande surpresa. Esperávamos uma resolução para esse “problema” apenas em dezembro, o que significa que o processo foi significativamente acelerado como um meio de reduzir o risco da história do patrimônio (em nossa opinião)”, diz a casa.
Segundo os especialistas o fato de o processo ter se desenrolado de acordo com os mais altos padrões de governança é “uma vitória para a empresa”.
“Mais uma vez, a governança da Vale prevaleceu em meio a tentativas de interferência política (conforme relatos da mídia), o que acreditamos ser reconfortante. Olhando para o futuro, o único obstáculo relevante para a Vale deve permanecer a renegociação dos passivos da Samarco, para o qual esperamos uma resolução nas próximas semanas (outro evento de redução de risco)”.
Currículo do novo CEO da Vale
Desde meados de 2021 o executivo atua como vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da empresa.
Além disso, é responsável também pelos temas de suprimentos e energia e descarbonização.
Conforme o fato relevante da empresa, Pimenta é “um executivo com experiência global nos setores financeiro, de energia e mineração, e com uma carreira desenvolvida ao longo de mais de 20 anos no Brasil, Estados Unidos e Europa”.
Antes de juntar-se à Vale, Pimenta foi executivo da AES por 12 anos, acumulando ampla experiência como CFO Global, diretor de Planejamento e Estratégia e Vice-presidente de Performance e Serviços da empresa.
Também atuou como Vice-presidente de Estratégia e M&A no Citigroup em Nova Iorque.
O novo CEO da Vale é formado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em Finanças e Economia pela Fundação Getúlio Vargas.
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