A Vale (VALE3) reportou nesta quarta (26) um lucro líquido atribuível aos acionistas de US$ 1,837 bilhão no primeiro trimestre deste ano (1T23), queda de 58,8% sobre igual período de 2022, quando obteve US$ 4,458 bilhões.
Diante dos números reportados, as ações da Vale negociadas nos Estados Unidos tiveram uma reação imediata de queda. Na bolsa de Nova York, por volta das 20h, os papéis da mineradora recuavam 1,86%, a US$ 13,65 o ADR.
O lucro de US$ 1,8 bilhão registrado pela Vale no primeiro trimestre de 2023 ficou 10% abaixo do previsto no Prévias Broadcast, que apontava para um valor de US$ 2,0 bilhões, de acordo com a média das estimativas de quatro casas consultadas (JP Morgan, Itaú BBA, Bank of América e Genial Investimentos).
Não foi apenas o lucro da mineradora que caiu. O Ebtida ajustado da Vale (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) marcou US$ 3,576 bilhões, recuo de 43,5% em relação aos US$ 6,214 bilhões obtidos no mesmo intervalo de 2022.
O Ebitda de US$ 3,5 bilhões ficou em linha com o esperado, que era de US$ 3,4 bilhões.
Segundo a companhia, os resultados desse indicador se devem, principalmente:
- os menores preços realizados de finos de minério de ferro e pelotas;
- as menores vendas de finos de minério de ferro;
- maiores custos.
A tendência de retração nos resultados já era esperada porque as chuvas no Terminal Ponta da Madeira, no Maranhão e manutenções não programadas no porto resultaram em embarques (45,86 Mt de finos) significativamente menores que a produção (66,77 Mt). Além disso, com restrições nos embarques, os mixes embarcados tiveram menor teor de ferro e, portanto, produziram prêmios menores.
Já a receita líquida da Vale no 1T23 foi de US$ 8,434 bilhões, menor que os US$ 10,812 bilhões do primeiro trimestre de 2022. Enquanto isso, a a margem Ebitda no período atingiu 42%, abaixo dos 57% de um ano antes. A estimativa dos analistas para a receita da Vale era de US$ 8,7 bilhões.
“Apesar das restrições climáticas para o embarque que impactaram nossas vendas, permanecemos confiante em nossa habilidade para alcançar nossas metas para 2023. […] Enquanto a indústria de mineração enfrenta constantes pressões inflacionárias, continuamos focados em eficiência de custos e ganhos de produtividade”, comentou Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale, no relatório do balanço financeiro.
Mais números da Vale
O fluxo de caixa livre, de US$ 4,280 bilhões do 1T23, representou um pequeno recuo ante aos US$ 5,531 bilhões do ano anterior.
A dívida bruta da Vale no 1T23 saiu de US$ 12,349 bilhões no 1T22 para US$ 11,464 bilhões no primeiro trimestre de 2023. No entanto, a dívida líquida subiu de US$ 4,911 bilhões para US$ 8,226 bilhões na comparação anual.
As despesas operacionais somaram US$ 600 milhões, leve queda frente aos US$ 662 milhões do 1T22.
Ainda segundo reportado no balanço da Vale do 1T23, foram destinados US$ 6,822 bilhões em indenizações e outros gastos ligados à tragédia de Brumadinho (MG). Desse montante, foram US$ 3,464 bilhões de custos de descaracterização e mais US$ 3,358 bilhões em acordos e doações.
Produção e vendas do 1T23 decepcionam
Os indicadores financeiros reportados pela Vale foram abaixo das projeções do mercado (que já não eram altas). Na terça passada, a mineradora divulgou o seu relatório de produção e vendas do 1T23 e acendeu um alerta para os analistas.
Isso porque, embora a Vale tenha apresentado uma alta de 5,8% na produção de minério de ferro na comparação anual, o montante de 66,774 milhões de toneladas do período foi 17,4% menor que o do último trimestre de 2022.
Mais: o volume de vendas da Vale de finos e pelotas de minério cedeu no 1T23, com uma baixa de 10,6% ante ao mesmo período de 2022 e queda de 43,5% em relação ao 4T22, com o total de 45,861 milhões de toneladas comercializadas.
Com informações do Estadão Conteúdo