Se no primeiro trimestre, tradicionalmente fraco para a mineração por conta do período de chuvas, a Vale (VALE3) viu seu lucro líquido disparar 2200% e a produção subir 14% em 2021 frente a igual período de 2020, no segundo trimestre deste ano as perspectivas são de números ainda mais consistentes. É o que sinalizam diretores da empresa, que participaram de conferência realizada nesta terça-feira (27) para comentar os resultados divulgados no dia anterior.
O desempenho da companhia no primeiro trimestre foi impulsionado principalmente pela valorização do minério de ferro no mercado internacional.
No balanço divulgado na segunda-feira, a Vale reportou lucro líquido de US$ 5,546 bilhões e a receita alcançou US$ 12,645 bilhões, incremento de 81% frente aos três primeiros meses do ano passado. O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado chegou a US$ 8,35 bilhões, avanço de 190%.
“Começamos 2021 com desempenho dentro do esperado, com boa melhora em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Tivemos o maior Ebitda de nossa história e avançamos na estabilização da produção”, sintetizou Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale.
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Pires, explica que parte do efeito dessa valorização das cotações das commodities no mercado internacional no primeiro trimestre ainda deverá respingar nos resultados do segundo trimestre. Isso porque a companhia previa preço de cerca de US$ 150 por tonelada do minério, quando a cotação já atinge a casa dos US$ 190. “Vamos ter uns US$ 300 milhões de Ebitda (referentes à produção do primeiro semestre que só serão registrados no segundo trimestre)”, ressaltou.
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Com o dólar alto, o câmbio trouxe impacto ainda maior nos números convertidos em reais. O lucro líquido atingiu R$ 30,564 bilhões no primeiro trimestre, salto de 3006% frente igual período de 2020. Já a receita líquida totalizou R$ 69,301 bilhões, expansão de 122%.
Vale espera volume maior de produção no segundo trimestre
O vice-presidente executivo de ferrosos da Vale, Marcello Spinelli, destacou que a empresa conseguiu adicionar em torno de 8 milhões de toneladas de minério de ferro na produção em comparação com o primeiro trimestre de 2020. O volume total alcançou 68 milhões de toneladas.
“No primeiro trimestre de 2021 fizemos exatamente o volume do segundo trimestre de 2020. O segundo trimestre é sazonalmente melhor, pela redução das chuvas. Confiamos que que trimestre corrente será (de produção) maior que no primeiro trimestre”, sinalizou Spinelli. Ao longo do ano, Spinelli reforçou que a produção deverá estar alinhada com o guidance da companhia, que prevê volume entre 315 e 335 milhões de toneladas de minério de ferro.
Empresa quer barragens em nível de segurança máximo
O presidente da companhia salientou que a empresa segue “determinada a reparar integralmente os danos da tragédia de Brumadinho”. Bartolomeo destacou que, até o momento, em torno de 10 mil acordos para indenização cível ou trabalhista foram realizados para compensar os danos, totalizando aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
O dirigente salientou ainda que a empresa está “atuando forte para tornar as operações mais estáveis” e até 2025 pretende o nível de segurança máximo em todas as barragens. Atualmente, há 29 barragens em nível de emergência. Ao final do ano passado, eram 35.
O presidente da Vale também comentou o programa de recompra de ações. Bartolomeo afirmou a iniciativa poderá maximizar o retorno aos acionistas e não comprometerá a continuidade do pagamento de dividendos na atual formatação.