Vale (VALE3): produção e vendas do 1T23 decepcionam analistas e ações afundam no Ibovespa
A Vale (VALE3) divulgou na noite de ontem (18) os resultados de produção e vendas do 1° trimestre do ano (1T23). Com números que não agradaram o mercado, junto a uma nova queda do minério de ferro no mercado internacional, as ações da companhia cedem 3,9%, a R$ 75,49, no Ibovespa de hoje.
Entre os destaques do relatório, a Vale teve uma alta de 5,8% na produção de minério de ferro na comparação anual, embora o total 66,774 milhões de toneladas do período tenha sido 17,4% menor que o último trimestre de 2022.
Mais: o volume de vendas da Vale de finos e pelotas de minério cedeu, com uma baixa de 10,6% ante o mesmo período de 2022 e queda de 43,5% em relação ao 4T22, com o total de 45,861 milhões de toneladas comercializadas.
Guilherme Nippes, analista da XP Investimentos, destaca que “a estação chuvosa impulsionou vendas mais fracas de finos de minério de ferro”. Por isso, segundo ele, a diferença entre produção e vendas foi explicada, principalmente, por:
- (i) restrições de carregamento no terminal de Ponta da Madeira devido ao impacto da estação chuvosa na formação de pilha de estoques;
- (ii) parada não programada para manutenção em equipamentos portuários;
- (iii) reequilíbrio da cadeia de suprimentos (a Vale mencionou que espera vender o volume excedente produzido no 2S23, sem impacto nos planos de vendas para 2023).
Já para os analistas do BTG Pactual (BPAC11), o relatório de produção e vendas do 1T23 foi “um tanto decepcionante”, embora tenha sido poluído por efeitos de transição. Eles destacam que os embarques de minério de ferro e do metais básicos ficaram -4% e -16%, respectivamente, abaixo das projeções casa.
“No entanto, ficamos um pouco aliviados ao ver que a empresa manterá sua orientação de produção de minério de ferro para 2023 em torno de 310 a 320 milhões de toneladas”, escrevem Leonardo Correa e Caio Greiner.
Para os analistas, o mercado levará algum tempo para precificar as possíveis melhorias operacionais que virão. Porém, o banco permanece construtivo em relação à recuperação chinesa em andamento e os reflexos sobre a mineradora. A recomendação do BTG para as ações da Vale é de compra.
Vale: mais analistas apontam pontos negativos no relatório
Os analistas do Goldman Sachs, por outro lado, não estão confiantes sobre a demanda chinesa. O banco acredita que os preços do minério de ferro foram sustentados por uma combinação de sentimento positivo em relação à reabertura do país, sazonalidade positiva e reabastecimento após o Ano Novo Chinês.
Além disso, os analistas do banco acreditam que a fraca demanda, como resultado de lançamentos imobiliários mais fracos em 2022, também se tornará mais evidente nos próximos meses.
“Esperamos que a atual força da oferta/demanda seja seguida por uma fraqueza no segundo semestre, uma vez que o aumento da oferta é atendido pelo enfraquecimento da demanda da China. Mantemos nossa classificação neutra para a Vale”, escrevem Marcio Farid, Gabriel Simoes e Henrique Marques.
Já os analistas do Santander (SANB11), que na véspera declaram preferência por outra mineradora na América Latina, destacam que embora o resultado da produção do 1T23 da Vale esteja em linha com as projeções do banco (68 Mt x 66Mt), o volume de vendas ficou 9% abaixo das estimativas.
Rafael Barcellos e Arthur Biscuola, analistas do banco, apontam também que os preços realizados ficaram abaixo das estimativas. Fato que, combinado com o menor volume de vendas, pode representar uma queda na estimativa do Santander de Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 4,5 bilhões no 1T23.
“Com isso, esperamos uma reação um pouco negativa do mercado a esses resultados. Nós mantemos nossa classificação outperform na Vale, mas destacamos que a empresa não é mais nossa Top Pick”, afirmam.